Aqui em Salvador prosseguem os trabalhos do Fórum Internacional Mídia, Poder e Democracia. Na manhã de hoje, debatemos o papel dos observatórios de imprensa em meio à democracia. Pincei algumas frases do debate.
(Evidentemente, não citarei as minhas frases na mesa. A apresentação que preparei pode ser acessada aqui (forum_midia_poder_democracia.ppt)
Bernardo Kucinsky, professor da USP: “Acho um equívoco grave, por exemplo, o governo acabar com o sistema de comunicação estatal – como a Radiobras – antes de colocar em funcionamento a rede de TV pública que está anunciando. Vamos torcer para que a rede não seja um apêndice do governo; que seja plural, republicana e radicalmente jornalística”.
Clóvis de Barros Filho, professor da USP e ESPM: “Essa história do saber prático que se dissemina no mercado jornalístico faz do professor de ética um ser bizarro. O que ele diz parece coisa de outro mundo!”
Ignácio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique e do Media Watch Global: “A mídia é, hoje, um dos principais problemas da democracia. Eu sei, isso é paradoxal. Mas é verdade. E por isso precisamos de observatórios de meios”.
Bernardo Kucinsky: “Temos um código de ética que não é do jornalismo, é do jornalista. Então, não é um código negociado com as empresas. O empresariado não segue esse código. Então, fica um código meramente simbólico”.
Clóvis de Barros Filho: “Para o mercado, esse tal saber prático funciona como condição de existência no campo jornalístico. Mas funciona também para ter trânsito nele e a ele pertencer. E se é assim, o saber prático também está a serviço dos dominantes do campo”.
Ignácio Ramonet: “Os observatórios devem ir além de publicar estudos. Devem se organizar de forma completa e atuar junto à sociedade”.
Bernardo Kucinsky: “Sugeri lá na Secom (Secretaria de Comunicação do governo federal) que se criassem linhas de crédito para pequenos órgãos impressos, por exemplo, para incentivar o setor, a exemplo do apoio dado pelo Ministério da Cultura a produções independentes no cinema”.
Luiz Lasserre, jornalista de A Tarde: “Não podemos colocar os observadores num pedestal. Aliás, eu provoco: por que não termos um observatório dos observatórios de mídia? Por que não realizarmos um estudo deontológico dos observadores?”
Ignácio Ramonet: “Uma pergunta se coloca: quem irá observar os observadores?”