notícia das alagoas

Minha amiga Rossana Gaia é quem manda…

“Conselho de Comunicação se autoconvoca para discutir extinção da Secom

Por solicitação do Sindicato dos Jornalistas e de outras entidades da área de comunicação, será realizada nesta quarta-feira uma reunião extraordinária do Conselho Estadual de Comunicação, para discutir entre outros assuntos a proposta de extinção da Secom, em elaboração pelo governo do Estado.


O projeto de extinção da Secretaria e sua transformação em agência encontra forte resistência não só das entidades de classe da área, mas de toda a imprensa alagoana e de representantes de outros poderes no Conselho Estadual. Um dos que já se declarou contrário foi o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Antônio Albuquerque.


“Se o governador Teotônio Vilela e o secretário Álvaro Machado (Gabinete Civil) tivessem a consideração de ouvir o Conselho, que é consultivo, saberiam que essa proposta não tem eco na sociedade e é prejudicial ao Estado”, disse o presidente do Sindjornal, Carlos Roberto Pereira.
De acordo com o jornalista, Vilela e Machado precisam encarar a Secom não apenas como um órgão administrador de verbas publicitárias e de divulgação dos atos do governo, mas como instrumento para a promoção de políticas públicas na área de comunicação. “A sociedade e a população não precisam de uma agência para fabricar release (matérias promocionais do governo). Precisam de uma Secretaria que seja forte, valorizada, dinâmica e invista em comunicação educativa, comunitária. É papel do poder público contribuir para o fortalecimento e a democratização da comunicação, não relegá-la a segundo plano ou ao papel de coadjuvante”, acrescentou. 
Para o Sindjornal, a Rádio Educativa, a TVE e a Rádio Difusora, que passaram no início do ano a fazer parte da estrutura da Secom, deveriam estar cumprindo, junto com a Secretaria, o papel de canais alternativos, públicos e democráticos de comunicação, mas também não vêm sendo valorizados e recebendo investimentos do governo. Pelo contrário, denuncia a entidade, estão passando por um processo de precarização, inclusive com a contratação de pessoal sem concurso público, quando há concursados esperando por nomeação.
“Estamos com diversos ofícios do Instituto Zumbi dos Palmares onde o órgão solicita a nomeação de concursados. Nenhum pedido, no entanto, foi atendido pelo governador ou teve prosseguimento no Gabinete Civil”, afirma o presidente do Sindjornal. A situação, segundo ele, se repete na administração direta, onde jornalistas ocupam funções técnicas através de cargos comissionados, por serviços prestados ou desviados de função.  Enquanto isso, há dezenas de profissionais aprovados em concurso público que não foram convocados. “O governo deveria dar exemplo, mas é o primeiro a descumprir a legislação”.
Essa situação também será abordada na reunião desta quarta do Conselho Estadual de Comunicação. Participam do Conselho, além do Sindicato dos Jornalistas, representantes do Sindicato dos Radialistas, da Associação Brasileira de Relações Públicas, das rádios comunitárias, dos publicitários, das empresas de comunicação, da Universidade Federal de Alagoas, da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Instituto Zumbi dos Palmares e da Secretaria de Comunicação.
Esta será a primeira vez que o Conselho Estadual de Comunicação estará se reunindo no governo Téo Vilela. Diversas entidades reclamam que o governo tem desprestigiado esse fórum de discussão do Poder Executivo, que foi criado na gestão anterior e é pioneiro no Brasil. “Infelizmente, o governo tem desprestigiado não só o Conselho, mas os jornalistas e a imprensa como um todo”, lamenta Carlos Roberto.
O secretário Álvaro Machado tem dito que a extinção da Secom e sua transformação em agência de fomento não mudarão a estrutura de comunicação do Estado. Mas as entidades de classe discordam e acreditam que haverá não só uma diminuição estrutural, mas uma redução do papel do Estado nesse setor. “Se nada muda, porque então extinguir a Secretaria?”, questiona o Sindjornal.”

o futuro dos jornais, sem papel

Ainda batendo na tecla da transição de mídias e na crise dos meios impressosHal Crowter faz um abrangente painel – com algumas comparações bem-vindas, outras forçadas – sobre as mudanças pelas quais passam as empresas e os produtos jornalísticos. Vale conferir, clique aqui. (em inglês).

crise da imprensa: novas notas sobre um velho vaticínio

O jornalista e blogueiro Ricardo Noblat esteve esta semana em Florianópolis palestrando a convite da Assembléia Legislativa. Foi enfático, conforme Galarça, e até apocalíptico com relação ao fim dos jornais. Eles vão acabar loguinho e a saída pode ser os blogs, e certamente a internet.

No início do mês, a Comissão de Negócios da Cultura do Senado Francês tornou público um relatório de análise sobre a chamada Crise da Imprensa. O relatório pode ser lido na íntegra aqui, e traça inicialmente um panorama do mercado na Europa, avalia os negócios do ramo, o papel dos sindicatos, dos jornalistas e dos editores e, por fim, faz proposições.

Em resumo, as saídas propostas pelos parlamentares franceses, são:

  • Reencontrar e fidelizar o leitor
  • Conquistar o leitor
  • Sensibilizar as novas gerações
  • Favorecer a entrada dos jornais no universo numérico (leia-se aqui: tornar o negócio dos jornais perene e estável)
  • Garantir o estatuto profissional dos jornalistas (leia-se aqui: reafirmar o ethos profissional e o papel deles na sociedade)

(O relatório tem 58 páginas, em formato PDF e está em francês)

credibilidade da mídia: novos números, velhas questões

A questão mais importante para a mídia é a da credibilidade. Tanto faz se estamos falando de jornais tradicionais ou de novos meios de comunicação. O problema da confiabilidade do veículo e das informações que transmite está intimamente ligado a aspectos como a qualidade do serviço de comunicação prestado, a penetração e manutenção em mercados, e a própria sustentabilidade dos negócios da mídia.

Neste sentido, não é exagerado dizer – como já o fez Eugenio Bucci em seu Sobre Ética e Imprensa – que a credibilidade é o maior patrimônio que um jornalista pode ter. Sem ela, não há respeito por parte dos pares e das fontes de informação, não há respeito por parte dos empregadores e consumidores de informação. Jornalista sem credibilidade é como cirurgião sem mãos. Não há saída.

 A dança dos números
Nesta semana, li duas pesquisas que me chamaram a atenção. A primeira delas foi patrocinada pela Associação dos Magistrados do Brasil sobre a imagem e a confiabilidade de instituições públicas. Com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, a pesquisa ouviu por telefone 2011 pessoas em todo o Brasil no período de 4 a 20 de agosto passado. Lanço alguns dados aleatórios:

  • 75,5% das pessoas disseram confiar na Polícia Federal
  • 74,7% disseram confiar nas Forças Armadas
  • 81,9% disseram não confiar nos políticos
  • 50% não confiam na Justiça, mas 71,8% dizem confiar nos juizados de pequenas causas
  • 84,9% dos ouvidos acreditam que a corrupção pode ser combatida
  • 59,1% confiam na imprensa enquanto que 32,4% não confiam

A segunda pesquisa a que tive acesso foi desenvolvida pelo Ibope e concentra-se em elementos para determinar sustentabilidade. Para isso, foram ouvidos 537 executivos de 361 grandes empresas brasileiras.

Lanço alguns resultados:

  • Instituições governamentais inspiram maior confiabilidade
  • No Estado, o setor que ainda se mantém bem é o Correio
  • Para 52% dos entrevistados, a Tv aberta é confiável sempre. Mas este percentual era de 61% há dois anos
  • Os índices de alta confiabilidade caíram também para os jornais (de 79 a 73%), para a TV fechada (de 74 a 67%) e para as emissoras de rádio (de 81 para 71%)
  • Os índices de “confia sempre” se mantiveram entre as revistas (87%)
  • Só na internet é que a coisa melhorou um pouquinho, de 49% passou para 50%
  • Apesar da queda da confiabilidade alta, o jornal impresso ainda é o de maior credibilidade entre os entrevistados

Quando se olha para outro aspecto, a percepção de eficiência dos meios, um aspecto chama a atenção. Internet e TV fechada são os principais meios. A internet saltou de 29% em 2005 para 75% este ano. TV fechada passou de 24% para 54%. Do outro lado da gangorra, ainda no quesito “percepção de eficiência dos meios”, os jornais despencaram de 34% para 18%, as revistas caíram de 48% para 25%, a TV aberta caiu de 65% para 49% e as emissoras de rádio de 34% para 20%.

Dos números às conclusões 
Pesquisas existem aos montes. Umas mais confiáveis, outras menos. Inclusive as pesquisas sobre confiabilidade das instituições. No caso das que acabei de citar, trata-se de estudos que, se não acertam na pinta, não ficam muito longe do alvo. As duas pesquisas convergem no sentido de que a mídia vem perdendo credibilidade como outras instituições nos últimos anos. E é possível perceber – pelo menos no estudo do Ibope – que a queda da credibilidade dos meios tradicionais pode estar diretamente ligada à queda da percepção de suas eficiências como veículos. Basta juntar os números e perceber.

Os meios tradicionais têm caído no conceito das pessoas porque não têm atendido às suas expectativas. Isto é, credibilidade rima como eficiência, com qualidade.

Na verdade, esse vínculo necessário não é nenhuma descoberta milagrosa dessas pesquisas. Os números apenas reforçam e nos lembram que não se pode fazer omeletes sem quebrar ovos. Isto é: jornalismo de qualidade/comunicação eficiente garante os corações e as mentes do público…

a crise dos jornais e o lugar certo na prateleira

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 Gente mais esperta já disse que quando o autor escreve, ele perde a obra para o leitor. Não tem mais domínio, e a leitura é uma outra forma de escritura, de colocação de sentido, de produção de entendimento. Ok, ok. Concordo, mas às vezes o autor perde o “controle da coisa” antes mesmo de o leitor folhear a obra.

Foi o que percebi dia desses lendo o imperdível “Os jornais podem desaparecer?”, de Philip Meyer.

O livro trata da já gritada crise dos jornais impressos e tenta avaliar – com base na evolução da indústria norte-americana – possíveis tendências e saídas para o mercado. Para quem não se lembra, Meyer é um dos nomes mais respeitados das escolas norte-americanas de Jornalismo e foi um experiente profissional naquelas bandas. O “pretexto” do autor para o livro é o seguinte: precisamos entender o problema para tentarmos resolvê-lo. Isto é, o autor nos convida a conhecer o que é “jornalismo enquanto negócio” para que nos mantenhamos em “nossas plataformas”. Assim, o livro tem como público os jornalistas, e tenta estimulá-los a saber um pouco mais do que as técnicas jornalísticas, e se comprometam também com a “salvação” da lavoura.

Até aí tudo bem.

Acontece que em duas livrarias que visitei o livro de Meyer não estava na estante de Jornalismo ou Comunicação. Estava na de Administração e Negócios. Numa terceira loja, o livro não estava à venda, pois a moça argumentou que eles apenas comercializavam obras de ciências humanas. Sei…

Olhei a ficha catalográfica do livro e lá consta na ordem: Jornais. Jornalismo. Jornalismo – aspectos econômicos.

Mesmo assim, quem colocou os livros na prateleira “errada”? Não foi um acidente, afinal vi isso em duas lojas diferentes e concorrentes. Quem?

Parece uma discussão boba essa, mas não. Se há uma corrida para buscar soluções para jornalismo, se as empresas jornalísticas enfrentam quedas constantes de tiragem, se os gestores tentam buscar novas receitas para uma sobrevivência dos jornais, qualquer sinalização de saída  da crise – mesmo que num modesto livro – é bem vinda e deve ser levada adiante. Colocar o livro no lugar errado é como deixar a chave do apartamento em chamas trancada do lado de fora. E com o proprietário dentro…

record news, o começo

Assisti pela TV a abertura oficial do Record News, o auto-alardeado primeiro canal 24 horas de notícias de sinal aberto. A “cerimônia” foi rapidinha, meia hora. Mas foi entre o brega e o paroquial. Explico.

  • Celso Freitas adotou um tom cerimonioso, usando formas de tratamento não usuais na TV, como “excelentíssimo senhor”, “ilustríssimo”, etc.
  • Lula, Serra, Kassab prestigiaram o evento. Ficaram sentadinhos e bonitinhos. Os dois primeiros falaram, o prefeito não. Acho que houve um certo temor de que ele enxotasse alguém aos berros…
  • Celso Freitas confidenciou que em 1989 a Record quase faliu, mas “um projeto inovador” salvou a emissora. Ele tava se referindo à Igreja Universal
  • Celso Freitas anunciou a palavra do “proprietário”, isso mesmo, proprietário da Rede Record, o bispo Macedo. E ele falou. Claro que terminou falando de deus…
  • Lula terminou seu discurso recitando versos do Hino à República: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós…”
  • Lula e Edir Macedo – no maior estilo inauguração de hidrelétrica ou início de pregão na bolsa – deram início às operações do canal, apertando o botão NO AR.
  • Fafá de Belém, isso mesmo, cantou o hino nacional.
  • Em rápidos takes na platéia, deu pra perceber que havia lugares vazios. Mas não dá pra reclamar: tinha o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e ministros como o dos Esportes (Orlando Silva) e do Turismo (Marta Suplicy)…
  • Terminou rápido porque os salgadinhos estavam esfriando.

Pode parecer brincadeira, mas foi assim mesmo que aconteceu.

Pessoalmente, torço para que o canal dê certo e que seja mesmo aberto. Eu tenho TV a cabo, mas o sinal da ex-Rede Mulher não chega aqui. Então, de 24 horas de jornalismo em sinal aberto, o “aberto” é só um adjetivo vazio pra mim.

Mas torço pra dar certo, sim. Só que eles podiam me poupar as risadas na abertura…

controle social das concessões em radiodifusão

Tem campanha nas ruas!

Entidades do movimento social, estudantil e sindical e outras organizações que lutam pelo Direito à Comunicação saem às ruas para exigir critério e transparência na renovação das concessões de rádio e TV.
Leia mais no Intervozes.

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mick conta como a rbs comprou a notícia

Jacques Mick faz um extensa e detalhada cronologia da aquisição do jornal A Notícia pelo Grupo RBS, hoje, no Observatório da Imprensa.

Quando a coisa aconteceu – em agosto do ano passado -, demos edição extra no Monitor de Mídia, dando conta do assunto que chacoalhou o mercado de impressos catarinense.

Baixada a poeira, Mick conta boa parte dos podres que cercaram o negócio. Coloca os envolvidos pra falar, dá números da compra, e os movimentos de xadrez nos bastidores da mídia local. Tudo bem contadinho, como uma crônica policial.

Os leitores de A Notícia mereciam o relato. O mercado jornalístico também.

conteúdo livre na Observatório

O conteúdo de onze edições da revista do Obercom estão disponíveis.

Para quem se interessa por comunicação e jornalismo em Portugal.

Vale a pena!

Abra o arquivo aqui!

fechamento

O jornal O Estado – o mais antigo diário em circulação em Santa Catarina – anunciou que vai deixar de ser diário e só chegará às bancas nos finais de semana. É uma pena!

Por aqui, quase ninguém deu isso. Cesar Valente deu em sua coluna no Diarinho e na transcrição para o seu blog. O Sindicato dos Jornalistas não deu uma linha sequer. O Monitor de Mídia publica um editorial sobre isso na próxima edição, que cai na rede na segunda. Mas adianto o texto por aqui.

Hora de fechamento

A imprensa catarinense sofreu novo golpe na semana que passou. O diário mais antigo de Santa Catarina – O Estado – anunciou que circulará apenas nos finais de semana por conta da gravíssima crise que o corrói há anos.

A notícia é ruim, muito ruim. Não apenas para o mercado jornalístico que vê fechar postos de trabalho, fornecedores amargarem com as dívidas e uma empresa cair de joelhos. O anúncio é ruim para a sociedade como um todo, que perde uma tribuna para manifestar sua opinião, uma alternativa informativa e um patrimônio da comunicação.

Mas o leitor deve estar pensando que este MONITOR DE MÍDIA está se antecipando ao velar o jornal, já que O Estado apenas comunicou a mudança de sua periodicidade, e que ainda manterá sua circulação. Na verdade, não. Entendemos que a decisão dos controladores da empresa tenta apenas adiar o inevitável: o fechamento do jornal. Até porque a empresa que edita O Estado vem se arrastando há anos em condição pré-falimentar, amargando dívidas, e vendo a qualidade do produto despencar vertiginosamente. Para quem chegou a tirar 20 mil exemplares por dia e cobrir todo o estado, o retrato dos últimos anos é desolador: a tiragem não passa dos 5 mil e fica restrita à Grande Florianópolis.

Sob o título “Sacrifício Inevitável”, uma nota oficial foi publicada na edição do domingo, 17 de junho, e dizia que a decisão de apenas circular aos finais de semana só foi tomada “depois de muita reflexão, angústia e sofrimento” e que isso se tornou “inadiável”. Por isso, a empresa optou por suspender “por tempo indeterminado” as edições diárias. A mesma nota tenta afastar o boato – sempre constante – de que o portal fechará as portas em seguida. Segundo o comunicado, a medida “não é definitiva” e vai durar o tempo necessário para a recuperação da empresa.

Este MONITOR DE MÍDIA vê com pesar o desfecho dessa crise na imprensa catarinense. Afinal, o fim de um jornal não é bom para ninguém, nem mesmo para a concorrência, pois ela se acomoda, perde referências e o ímpeto de competir. Alguns historiadores da imprensa local afirmam que O Estado adoeceu quando o Diário Catarinense foi lançado, em 1986. Pode ser, pois o Grupo RBS trouxe um novo jornalismo e um novo tipo de gestão de empresas no setor. O Estado, por sua vez, apegou-se a uma tradição insustentável, pois esse ramo produtivo é muito mutável. O jornal não se modernizou, perdeu mercado, definhou e agora está na UTI.

Torcemos para que ele surpreenda e se recupere, voltando às bancas com saúde suficiente para caminhar com as próprias pernas. Torcemos para que a expressão “fechamento” – que no jornalismo significa “hora de concluir a edição” – não tenha outro significado para O Estado.

RBS: atrás do din-din

Deu no Valor Econômico, ontem. Transcrevo…

RBS faz captação para investir e alongar dívida

Maior grupo de mídia da região Sul, a RBS concluiu a captação, em reais, de R$ 300 milhões em bônus de dez anos colocados no mercado internacional. Emitidos pela controlada Zero Hora Editora Jornalística, que reúne oito jornais impressos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os títulos foram tomados por investidores institucionais dos Estados Unidos, Europa e Ásia e servirão para alongar e reduzir o custo do endividamento atual, informou o diretor executivo de finanças, Eduardo Damasceno Ferreira.

Os recursos também ajudarão a financiar investimentos na área de TV digital, na modernização do parque gráfico e em projetos ligados à Internet. Hoje o grupo dispõe de dois portais na web. Segundo Ferreira, os planos prevêem o crescimento orgânico das operações e eventuais aquisições dependem do surgimento de ‘oportunidades’ de novos negócios. A última incorporação feita pela RBS foi o jornal ‘A Notícia’, de Santa Catarina.

De acordo com o executivo, a emissão concluída sexta-feira é uma operação de características inéditas para uma empresa privada não-financeira do Brasil. A demanda pelos bônus foi mais de duas vezes superior à oferta e a remuneração aos investidores ficou em 11,25% ao ano, prefixados, com desembolso semestral de juros em junho e dezembro e pagamento do principal em 15 de junho de 2017. A captação foi liderada pelo Standard Bank e os títulos receberam rating ‘BB-‘ da Standard & Poor’s (S&P).

Parte dos recursos será utilizada na liquidação antecipada de US$ 56,8 milhões em bônus externos remanescentes de uma emissão de US$ 125 milhões realizada em 1997 para financiar, na época, operações nas áreas de telecomunicações e TV a cabo. Os títulos venceriam em 2010 comjuros anuais de 11% e a quitação vai eliminar os custos com hedge atrelados ao financiamento. A RBS já abriu uma oferta pública para recompra dos papéis, válida até 29 deste mês e com pagamento de um prêmio aos credores que aderirem até o dia 22, explicou Ferreira.

O grupo também utilizará parte da captação no pagamento de dívidas bancárias domésticas com custos mais elevados do que os novos bônus, disse o executivo. A RBS tem cerca de R$ 60 milhões em vencimentos a pagar por ano até 2009 e, segundo o diretor financeiro, a operação elevou o prazo médio doendividamento financeiro de dois a três anos para oito a nove.