o fim do ancapital

Depois de comprar o concorrente A Notícia, o Grupo RBS – do Diário Catarinense e do Jornal de Santa Catarina – decidiu agora fechar o ANCapital, suplemento de A Notícia que circulava na Grande Florianópolis. O jornal deixa de circular amanhã, dia 1º de fevereiro.

Trabalhei em A Notícia entre 1998 e 1999. Em 1997, frilei por lá. Na época, o ANCapital não era um encarte, mas um “excarte”. O suplemento trazia o AN. Era importante para a região, o único que tratava de assuntos locais mesmo. Depois, a própria empresa medrou e jogou o jornal para dentro. Mais ainda: encurtou o AN, e tornou-o um tablóide.

Aí, veio a RBS e arrematou o concorrente, domesticando o mercado. (Para saber da história toda, siga o Jacques Mick)

A história do ANCapital termina amanhã. O sindicato e a Fenaj se apressaram a emitir nota. Veja:

Contra o desemprego, contra o fechamento do AN Capital, contra o monopólio!

A Direção do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e a Direção da Federação Nacional dos Jornalistas repudiam o fim do AN Capital, segmento do jornal impresso A Notícia que deixa de circular nesta sexta-feira na Grande Florianópolis, assim como repudia a demissão de experientes profissionais do jornalismo catarinense. Desde a aquisição do A Notícia pela RBS, no final de 2006, o monopólio da comunicação em Santa Catarina estabeleceu o rumo do AN Capital: na época da transação, a redação contava com cerca de 30 jornalistas e, nesta quinta-feira, ao anunciar a última edição, alegando questões financeiras, havia apenas 12. O Sindicato e a Federação reiteram sua posição em defesa da diversidade de olhares, para uma informação plural e democrática – sem o AN Capital, a comunidade perde uma possibilidade de visão diferenciada sobre os fatos -, assim como exigem da RBS a manutenção de todos os postos de trabalho dos jornalistas cujas demissões foram anunciadas. Florianópolis, SC, 31 de janeiro de 2008.  Direção do SJSCDireção da FENAJ”

2 comentários em “o fim do ancapital

  1. Apesar de freelar no AN Joinville, no momento, não dá pra fechar os olhos e calar a boca. O que mais ouço aqui em Joinville, desde o ano passado, é que o jornal perdeu a identidade. Se mais de um diz isso, é porque tem alguma coisa errada, infelizmente. Um concorrente mais popularesco consegue com um décimo da redação do AN estar mais presente na vida da comunidade. Basta andar na rua, nas bancas, no comércio, na pastelaria da esquina ou no sorveteiro perto do terminal para ver – coisa que, infelizmente, muito jornalista não faz. A única coisa que sobra para quem é repórter e tenta sentir a cidade mais de perto é o amadurecimento do senso crítico sobre a profissão, pelo menos. Espero não ter de deixar de expressá-lo por isto ou aquilo. No fundo, bate tristeza e um sentimento de impotência diante desta dicotomia entre quem faz a profissão ser/estar do jeito que é/está e quem precisa, pede que ela exista. Por estas e outras, quando dizem que a grande mídia vem perdendo credibilidade diante da Web e outras iniciativas, não nos resta muito mais do que consentir. Abraço xará

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