sobre grupos e sobre doenças

Nas relações humanas, dois aspectos vêm chamando muito a minha atenção nos últimos dias: relacionamentos em grupo e doenças ocupacionais. As duas coisas parecem distantes entre si, mas estão diretamente vinculadas à minha rotina de trabalho, aos projetos em que estou envolvido, enfim, à vida produtiva.

Na semana passada, uma colega de trabalho passou mal durante uma defesa de dissertação. Sua pressão explodiu, pensou que estava enfartando. Suava e sentia fortes dores no peito. Não porque o trabalho em si era ruim, mas por cansaço extremo e grande sobrecarga de trabalho. Mal terminou a defesa, ela correu ao hospital. Não. Ela não enfartou, mas também não foi afastada para se tratar.

Dias depois, outra colega passou mal. Nervosismo agravado pelo terrorismo do cumprimento de metas e por sucessivos cortes de verbas em seu departamento. Esta também permanece no batente.

Ontem, conversando virtualmente com uma colega de outro estado, ouvia queixas semelhantes de exaustão, desânimo e desesperança no ambiente do trabalho.

Hoje, durante uma reunião, outra amiga passou mal. Teve uma crise de hipoclicemia, somatizada por dissabores diversos.

Todas as colegas citadas acima andam bem nervosas, e todas são professoras.

Não sou médico nem nada, mas na pele do doutor Gregory House eu arriscaria um diagnóstico: Síndrome de Burnout, cada vez mais frequente em profissionais dessa área.

***

Ao mesmo tempo em que assisto a colegas adoecer, vejo projetos em grupo naufragar por dois sintomas: falta de senso coletivo e incapacidade no gerenciamento do próprio tempo. Isso sim vem me deixando doente.

O que percebo ao meu redor é o total egocentrismo, a falta de um compromisso maior com conquistas grupais, a mesquinhez de sempre. Tenho me sentido um idiota em insistir em tantas frentes.

Qual o remédio para isso?

5 comentários em “sobre grupos e sobre doenças

  1. É por isso que eu insisto, area espiritual descoberta. O povo estuda demais, acumulam certificados, reuniões,livros, aulas,congressos…mas aplicam pouco ou quase nada a respeito da sabedoria do espírito e nao tem tempo para refletir e colocar em prática algumas atitudes que verdadeiramente tem o poder de transformar seja o que for. Por favor que ninguem pense que estou falando de religião. Desta todos já estão fartos. Precisamos ser melhores como pessoa primeiro, ai o grupo todo se beneficia. Esse tem sido o meu remédio (para todas as áreas e já não é de hj). Que experiência linda.Tem funcionado, e se dá certo p/ mim …creio que eu não sou melhor que os demais leitores!!!
    Obrigada Rogério

  2. O que dizer da vida na redação, com TVs ligadas na sessão da Câmara, radinho pro jogo de futebol, ar condicionado que não gela, faz um barulhão danado e deve tar com o filtro entupido de caca, cadeiras com encosto quebrado, mesas sem ergonomia… Cobrança em cima de cobrança. O relógio, implacável. Pautas que às vezes emendam jornadas de 9, 10 horas, até 12 em alguns casos, de trabalho continuo, sem nem dar tempo para pegar, correndo, um pão de queijo mixuruca. (É triste, mas chega a extremo de cobrir evento em lugar silencioso tendo de contrair a barriga pra não roncar).

    Se a gente for parar pra pensar no que faz com a vida, né? Pior é que no tempo livre, a gente assiste TV, fica blogando, lendo. Sedentarismo total, além de não descansar a cuca. Precisaria caminhar ao ar livre, espairecer, ter contato com a natureza (um jardim bem bonito, pelo menos). Mas como, se só tem trânsito, cimento, muvuca, barulho, trânsito e ap para morar?

    Minha pressão já veio desregulada de fábrica. Mais de um médico já perguntou se não pensei em mudar de profissão. A gente sabe que correria, essa alimentação porca que a gente come, às pressas, cansaço, falta de habito saudável vai dar merda no futuro. Mas vai fazer o que, sobreviver como? Fazendo pulseira de hippie? Aí é capaz de morrer de tédio. Se pelo menos a gente tivesse um mínimo de decência no trabalho, respeito à carga horária, refeições, etc., e um pouquinho mais (mai$$$$) como aproveitar, espairecer, já tava de bom tamanho. O foda é que não fazemos nada para melhorar isso também e vamos deixando a rotina nos consumir.

    Boa reflexão essa. Abraço

  3. Coloca mais um aí: acadêmica que precisa de umas 15 horas a mais por dia para cumprir todas as 897 coisas do trabalho maluco-casa bagunçada-ônibus lotados-blog abandonado-faculdade bombando-projeto de extensão e pesquisa sufocados!

    Mais de 24 horas sem comer. Quase morri ontem, ok?

    E o ano mal começou…

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