Promessa é dívida. Então, lá vão alguns apontamentos muito pessoais sobre o 6º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, que aconteceu na Universidade Metodista – em São Bernardo do Campo, entre 19 e 21 de novembro.
Ainda produzimos pouco
Um dos representantes da área da Comunicação no CNPq, Juremir Machado da Silva, contou um pouco dos bastidores da carnificina que é disputar e distribuir bolsas de produtividade para pesquisadores no país. Segundo ele, a comissão de área avaliou 136 processos contra mais de 600 dos cientistas da Física e Astronomia. Nas ciências duras, a demanda é maior, logo a “quota” também tende a ser mais generosa. Na Comunicação, por exemplo, a fatia das bolsas de produtividade distribuídas é de 0,89%, uma miséria, convenhamos.
Ainda conforme Juremir, a comissão de área recebe as propostas, avalia e indica prioridades de concessão. Leva-se em conta o currículo do pesquisador (70% da nota), a sua capacidade de formação de novos pesquisadores (20%) e quesitos como liderança e experiência de gestão. A nota geral é o que se convencionou chamar de IPQ, Índice Geral de Produtividade.
O trocadilho do evento
Silvio Waisbord, da George Washington University, foi o conferencista do encontro. Simpático e bem humorado, começou sua fala em tom grave. Ele teve que tomar uma decisão ao elaborar a conferência: ou destruía o português falado ou o escrito. Optou pelo segundo. “Eu sei que o poder corrompe, mas o powerpoint corrompe mais”, disse, provocando gargalhadas na platéia.
Sua apresentação em powerpoint realmente maltratava a língua daqui, mas a palestra foi inspirada e particularmente interessante para se pensar pesquisa em jornalismo e democracia.
Há que se registrar ainda que Waisbord não foi um conferencista comum, desses que cumprem o compromisso acertado, fazem suas malas e se vão. Não. O argentino radicado nos Estados Unidos há décadas participou de todas as atividades do evento nos dias seguintes, fazendo anotações, conversando com as pessoas e contribuindo com perguntas e comentários.
Novo portal e coleção de livros
Muito em breve, a SBPJor inaugura um novo site. A idéia é agora oferecer um portal de referência para a pesquisa em jornalismo no Brasil. Segundo a diretora editorial da entidade, a Tattiana Teixeira, o internauta terá acesso a todos os textos apresentados nas edições do encontro nacional e da Brazil Conference, com motor de busca próprio e outras novidades. A seção da bibliografia básica de jornalismo será reformulada, podendo ser acessada de forma exclusiva pelos associados. Fotos, vídeos e outros badulaques devem dar uma turbinada no site. A se conferir…
Outro anúncio feito por Tattiana é o lançamento breve de uma coleção de livros bem básicos de jornalismo, voltados para auxiliar a graduandos, mestrandos e doutorandos. O objetivo é editar obras curtas, que tratem de conceitos-chave da área, e que ofereçam uma revisão de literatura sobre eles, de modo a apresentar de forma panorâmica uma metodologia, um modelo ou algo semelhante. Ainda sem nome definido, a coleção terá livros assinados por renomados pesquisadores nacionais, e deve ser lançada em formato eletrônico (e-books).
Próximos encontros e BJR
As sétima e oitava edições do Encontro da SBPJor já têm locais definidos. Em 2009, ele acontece em São Paulo, na USP, e no ano seguinte, em São Luís, no Maranhão. A Brazil Conference ainda está em banho maria. A razão é simples: o evento é complicado para organizar, e a crise mundial que está elevando o dólar à estratosfera só torna a situação mais complexa (e cara) ainda.
A partir de 2009, a Brazilian Journalism Research – editada pela SBPJor – será editada apenas em versão eletrônica, mas com uma novidade: bilíngüe. Com isso, a entidade quer ampliar a leitura e o alcance da publicação. Ao torná-la eletrônica, desaparecem as fronteiras geográficas, e cai consideravelmente o custo de edição. Ao publicar em inglês e português, tanto o público brasileiro quanto o estrangeiro podem acessar e consumir os artigos.
Explico: autores brasileiros mandam seus textos em português e inglês. Os estrangeiros mandam em inglês, e a SBPJor cuida de traduzi-los. Ficou bom assim?
Homenagens merecidas
A plenária dos associados da SBPJor decidiu a concessão – em 2009 – de dois títulos especiais a pesquisadores brasileiros que merecem recebê-lo: sócia honorária: Cremilda Medina e sócio benemérito: Luiz Gonzaga Motta. Essas modalidades estão previstas no Estatuto da entidade.
Uauaua!!
Rogério, só vc mesmo para se preocupar com os sem-SBPJor presencial este ano.
Bjo