Ontem, um colorido passarinho nos visitou. Ele ficava cantando no alto de um dos muros do quintal, depois descia até uma das bicicletas estacionadas, e depois descia um pouco mais. Parecia estar sacaneando os nossos gatos, com aquela curiosa coreografia. Isso chamou a atenção da esposa que fez o vídeo abaixo:
Hoje cedo, o passarinho voltou a fazer os mesmos movimentos, o que nos intrigou. Cheguei perto do muro e percebi outro canto, além do primeiro. Percebemos que um segundo passarinho estava ali, no vão entre o muro de madeira e o de tijolos. Rapidamente, percebemos que ele havia caído ali. Por sorte, as tábuas são parafusadas, e em minutos, conseguimos soltar a mais baixa, o que permitiu o resgate do passarinho.
Pensávamos que era o filhote ou a companhia amorosa do passarinho colorido, mas… surpresa! Era um bicho mais jovem e de outra espécie. Fraco, dava pequenos voos, mas não conseguia subir até o muro ou ganhar liberdade total. O passarinho colorido, que tinha desaparecido, voltou e os dois trocaram bicadinhas, como se estivessem se cumprimentando. Achamos aquilo maravilhoso: eram amigos, e o colorido estava nos alertando há um dia do cativeiro involuntário do jovem passarinho.
A esposa conseguiu apanhar o resgatado, e o colocou na grelha da churrasqueira, onde estava protegido do vento, poderia beber água, comer migalhas de pão, se comunicar com o amigo colorido, enfim…
Achamos maravilhoso o ato de amizade. Mas foi além: achamos simbólico começar o dia com um resgate daqueles. Quais as chances de um pequeno passarinho cair no estreito vão entre dois muros, ter um amigo leal que nos avisasse daquilo, e ser resgatado com vida? Quais as chances de haver gente em casa e sermos capazes de salvá-lo? Aliás, quem mais poderia salvar aquela vidinha?
Demos um sentido àquilo tudo: era a vida nos dando a chance de entender que, em certos momentos, só a gente pode ajudar alguém, e quando isso acontece, precisamos ajudar.
ATUALIZAÇÃO, das 16h38: O leitor Mauro Demarchi informa que o passarinho colorido é um canário da terra e que, muito provavelmente, o segundo é seu filhote. O detalhe muda um pouco a história acima, mas não reduz em nada o amor nela embutido, não é mesmo? Na verdade, só amplia.
Christofoletti, ví seu vídeo e a foto… com certeza são pai e filho. O colorido, como você chama é um canário da terra, e o cinza, seu filho. Ao crescer, ou ficará parecido com o pai, se for macho, ou com a mãe, se for fêmea, neste caso ele não perde a cor cinza, mas a mantem. Se ele não for alimentado pelos pais, com certeza não resistirá… ou será pego pelo gato que está de tocaia…
Christofoletti, desculpe, é o filhote do canário. Desculpe-me pelo erro crasso: “e cinza, seu filho.”
Puxa, Mauro! Obrigado pela informação. abraço
Moro no campo e convivo com esse, e outros, tipo de pássaro. Se quiser um dia visitar a bela Capital das Nascentes, você verá uma quantidade inacreditável de pássaros de todas as espécies.