10 coisas que aprendi numa viagem a Angola

Passei uma semana em Luanda e região, e como informação nunca é demais quando se vai para um destino desconhecido, lá vão alguns conselhos que ninguém pediu, mas que podem ser úteis…

  1. Abandone a ideia de encontrar algum guia de viagem: varri livrarias, bibliotecas públicas e lojas online e não encontrei um título sequer sobre Angola. Fiquei meses procurando e nada. Um absurdo já que existem editoras internacionais especializadas nesse tipo de livro e que Angola é um importante país no sul da África. É sempre muito bom levar um guia numa viagem porque facilita a vida, mas desta vez, fiquei sem. Esse vácuo pode desencorajar o viajante, mas insisto: vá a Angola! Conheça o país e faça também o seu manual de sobrevivência a partir disso…
  2. Não se assuste com as filas da imigração: elas são longas e você vai conhecê-las logo que sair do avião, pois o serviço de imigração está ao lado da pista do aeroporto. Mas calma. Os agentes costumam ser rápidos, e se você tem passaporte brasileiro, nem precisa de visto.
  3. Não esqueça da vacina e dos remedinhos anti-malária: brasileiro não precisa de visto para entrar em Angola, mas tem que apresentar comprovação de que tomou vacina de febre amarela, e é muito recomendável que – antes de viajar – comece a tomar remédio para evitar malária. Ninguém quer ficar doente fora do país, certo? Então, também não facilite. Procure o serviço médico ou posto de saúde para cuidar dessas providências antes de fazer as malas.
  4. Resolva câmbio e internet já na chegada: há várias operadoras de telecomunicações no país e a oferta de internet tem sinal estável e funcional. Você pode comprar um chip no aeroporto e pode fazer recarga de créditos, conforme o uso e o período em que ficará por lá. Aproveite e faça troca de moeda, pois é importante ter dinheiro em espécie pois nem sempre se aceita cartão de crédito. Quando estive em Luanda – em meados de maio de 2025 -, 1 dólar equivalia a mil kwanzas. Prepare-se para carregar maços de dinheiro, a depender do seu padrão de gastos.
  5. Esqueça o busão: na região metropolitana da capital angolana, não se pode dizer que haja um sistema convencional de ônibus, como se encontra em outras cidades pelo mundo. Também não tem metrô. Então, você tem algumas opções: a) aventurar-se nas milhares e nem sempre seguras vans brancas e azuis (os candongueiros); b) apelar para o transporte local por aplicativo (que nem sempre aceita sua corrida); c) contratar um taxista para te atender por alguns dias. Optei por este último e foi ótimo: o motorista conhece todos os caminhos e atalhos, dirige com segurança no trânsito peculiar, te dá dicas locais e pode ser uma boa companhia para quem viaja sozinho.
  6. Abuse do filtro solar: Pedro Bial nunca esteve tão certo. Use filtro solar sem economia, mesmo nos dias nublados, e opte por fator 50 ou mais alto. Se encontrar opções com repelente de insetos, melhor ainda.
  7. Preste atenção no trânsito: esta dica vale para todos os lugares do planeta, mas Luanda tem suas particularidades. Quando estive por lá, não vi semáforos funcionando, e nem guardas orientando o fluxo. É bom guardar fôlego para atravessar as ruas e olhar muitas vezes antes disso. Filas duplas e triplas são comuns nas avenidas mais largas, e a sensação de que se está num caos é permanente. Se você for dirigir, deus te ajude. Se não for, aproveite para observar dois fatores muito interessantes: a cidade é a mais democrática do mundo quando o assunto é preferencial. Todas as pessoas e veículos parecem ter direito a preferencial e eles fazem uso desse direito. É um milagre que o tráfego funcione. Mas ele funciona. Segunda coisa interessante: em uma semana de observação, não vi nenhum acidente de trânsito e nenhuma briga. Os angolanos usam pouco a buzina – se comparados aos brasileiros – e nunca parecem se estressar com a demora, com os fura-filas e com gente que esquece de dar a seta. É uma experiência antropológica de civilidade em meio a um aparente inferno…
  8. Esteja preparado para o número 2: Por mais que a gente evite comer coisas suspeitas de fornecedores desconhecidos, é possível que seu organismo estranhe algum alimento ou bebida. O calor é implacável e ele atua sobre nós… Cuidar de higiene e limpeza é necessário até mesmo nos mais sofisticados destinos turísticos. Mas não se admire se o chamado da natureza se impuser e ameaçar a tranquilidade da sua viagem. Carregue consigo água mineral e álcool em gel, e sempre leve um pouco de papel higiênico ou toalhinhas umedecidas. Não encontrei banheiros públicos em Luanda, mas mesmo banheiros em restaurantes e bares podem não estar preparados para te receber, se é que você me entende…
  9. Guarde dinheiro para os achaques no aeroporto: não é incomum que pessoas te abordem oferecendo para carregar malas, facilitar entradas em locais ou atendimentos personalizados. Essas pessoas geralmente parecem funcionárias do aeroporto ou de serviços turísticos. Às vezes, até são, e vão te pedir para “deixar um cafezinho” ou “um agrado”, depois de tanta cortesia. Vi, pelo menos, quatro abordagens do tipo em poucas horas antes de retornar.  Esteja preparado para deixar alguns kwanzas pelo caminho.
  10. Prepare-se para um banho de simpatia: de maneira geral, os angolanos são simpáticos e bem humorados, afáveis e corteses, prestativos e muito respeitosos. São também acolhedores. Brasileiros costumam se sentir em casa no país por se identificarem com personalidades tão humanas e cordiais. Conversar com os locais e escutá-los com genuína curiosidade são as melhores experiências que se pode trazer de uma viagem por lá. Há muito o que aprender com eles…

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