Por que a EBC não deve ser privatizada

Em carta à população, a “Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública”, que reúne dezenas de entidades da sociedade brasileira, em conjunto com as trabalhadoras e trabalhadores da EBC, manifestou-se sobre o tema.

Carta à sociedade: por que a EBC não deve ser privatizada

O Ministério das Comunicações anunciou recentemente o envio da Empresa Brasil de Comunicação ao Programa Nacional de Desestatização (PND). A decisão parece ser uma resposta a setores da imprensa ligados ao sistema financeiro, reproduzindo a lógica de dependência dos “mercados” da própria comunicação privada. Embora o movimento ainda envolva estudos sobre possíveis formas de privatização da empresa, foi um passo perigoso rumo à destruição da estatal. Neste sentido, trabalhadores que atuam nos setores da companhia vêm dialogar com a sociedade sobre sua natureza e importância.

Desde o seu nascimento, em 2007, a TV Brasil e a EBC são alvos de intensas campanhas negativas e, mais recentemente, pela sua privatização. Os argumentos vão desde um suposto déficit que a empresa daria ao governo até o valor gasto com salários e baixa audiência de seus veículos. Os trabalhadores vêm aqui trazer alguns esclarecimentos que esperamos sejam incluídos nas matérias, em geral com somente um lado.

A EBC foi criada a partir do que manda a Constituição Federal. O Artigo 223 da Carta Magna prevê a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal. A Lei que criou a estatal (11.652, de 2008) regulamenta esta diretriz, criando a empresa. Assim, a EBC não foi um feito de um governo, mas a materialização tardia do que a Constituição já determinava desde sua promulgação, no fim dos anos 1980.

A comunicação pública não é uma invenção brasileira, mas, ao contrário, é realidade na grande maioria dos países do mundo. Enquanto alguns segmentos buscam atacar a existência deste serviço, outros países com democracias consolidadas (até mesmo de caráter bastante liberal) entendem e estimulam o papel da comunicação pública para atender ao direito à informação dos cidadãos, investir em conteúdos sem apelo comercial e pautar temas de interesse público. É o caso da BBC no Reino Unido, da RTP em Portugal, da NHK no Japão ou da PBS nos Estados Unidos.

A EBC não dá “prejuízo” ou “déficit”. Ela é uma empresa pública dependente, e não autossuficiente como Correios ou Banco do Brasil. Embora ela consiga arrecadar recursos com patrocínios e prestação de serviços, suas fontes de financiamento não servem e nunca servirão para torná-la autônoma, já que ela não deve se tornar refém do próprio mercado para garantir ainda mais sua autonomia. Assim como ministérios e universidades não dão “prejuízo”, a EBC (assim como outras estatais dependentes, como Embrapa) também não dá.

Este modelo de negócio não é inovação da EBC, ele ocorre no mundo inteiro. Só conseguem autonomia financeira empresas custeadas a partir de impostos, como a BBC do Reino Unido ou a RAI na Itália. Não é o caso do Brasil. Ao contrário, a EBC tem uma fonte de receita própria complementar (a Contribuição para o Fomento à Radiodifusão Pública), que, do total arrecadado, só foi reservado R$ 2,8 bilhões em todos os anos de contribuição à EBC, mesmo que quase nada tenha sido repassado à empresa (tanto por uma contenda judicial quanto por falta de vontade política dos governos).

Matérias na imprensa reproduzem o argumento do governo, afirmando que o orçamento de R$ 550 milhões por ano é “muito”. E ressaltam sempre valores gastos com salários. Não se mantém uma empresa que tem duas TVs, oito rádios, duas agências nacionais, produz conteúdo e presta serviços ao governo federal sem recursos. Tampouco se faz comunicação sem pessoas – que devem ser contratadas conforme prevê a legislação, e não fraudando a lei com contratações por pessoa jurídica (PJ). É o que a maioria das empresas de radiodifusão o fazem, como Band, Globo e SBT, o que levou a multas milionárias da Receita Federal e problemas graves na Justiça trabalhista. É de se esperar, naturalmente, que as empresas públicas cumpram, minimamente, a lei.

Colunistas e o próprio governo reclamam do “desempenho” da EBC e falam em melhoria e “otimização” por conta da audiência. Os veículos da EBC não foram criados para disputar audiência, embora devam buscar sempre esse alcance. A TV Brasil já chegou a ser a 7ª emissora nacional e é a única aberta com programação infantil de fato. Poderia ter avançado em marcas mais efetivas, mas a falta de investimento e prioridade política dificultaram o ganho de visibilidade da empresa.

Mesmo com a falta de apoio e desmonte recente, a Agência Brasil produz conteúdos gratuitos que abastecem milhares de grandes e pequenos veículos de comunicação. A Radioagência Nacional faz o mesmo com estações de rádio. A Rádio Nacional da Amazônia serve centenas de milhares de ouvintes nos rincões do país. Além disso, a empresa tem caráter educativo, com difusão de programas e reportagens para contribuir com a formação dos cidadãos.

O questionamento da privatização da EBC vai muito além de seus empregos – embora essa preocupação seja legítima, uma vez que estamos falando de famílias que são sustentadas por esses empregos em um país com mais de 14 milhões de desempregados. Mesmo assim, é necessário restabelecer informações diante de uma campanha de ataque e que esconde a relevância social da empresa. Se é fato que o governo atual vem aparelhando editorialmente e desmontando muitos programas e serviços, a saída não pode ser extinguir ou privatizar, mas sim corrigir os erros e dar a devida estrutura para que a empresa possa, de fato, cumprir sua missão constitucional de fazer comunicação pública.

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Direito à comunicação no Brasil: um relatório

O Intervozes lançou mais uma edição de seu relatório Direito à Comunicação no Brasil. A publicação, referente a 2018, aborda temas como fake news, violações ao direito de protestar, concentração de mídia e políticas de acesso à internet, entre outros. Em PDF, 80 páginas.

Baixe aqui.

Comunicação e direitos humanos, uma cartilha

A Associação Henfil e a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais lançaram uma cartilha sobre comunicação e direitos humanos. A publicação é gratuita e pode ser baixada aqui.

Na cartilha, o leitor encontra textos sobre democracia, concentração dos meios de comunicação, fake news e a necessidade de democratização da comunicação. No final, há também um roteiro de oficinas para serem livremente replicadas e adaptadas para diversos contextos, para além dos Geraes…

EBC leva mais um golpe

Um projeto verdadeiro de comunicação pública fica muito mais distante a partir de hoje, com a publicação da Medida Provisória 744, que afeta diretamente a governança da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A MP é assinada por Rodrigo Maia, presidente em exercício, e provoca três efeitos práticos que bombardeiam a comunicação pública. Primeiro: dá amplos poderes para o presidente da República exonerar o presidente da EBC. Temer tentou isso, mas a Justiça mandou voltar atrás. Segundo: tira qualquer participação da sociedade na cúpula da empresa, pois a MP extingue com o Conselho Curador. Terceiro: Temer coloca seus tentáculos na cumbuca, ao colocar cargos estratégicos nas mãos de Mendonça Filho e Marcelo Calero, aparelhando a diretoria.
Para quem pensa numa governança de mídia mais plural, equilibrada, diversa e participativa. Para quem pensa numa comunicação pública e não estatal… Taí!

um mapa nacional da mídia digital

Mapeamento da Mídia Digital no Brasil imagesgstsAcaba de cair na rede um estudo amplo e aprofundado sobre os meios digitais no país. “Mapeamento da Mídia Digital no Brasil” é uma iniciativa da Open Society, assinado por Pedro Mizukami, Jhessica Reia e Joana Varon. Tem oito capítulos espalhados em 173 páginas que tratam de consumo, relações com a sociedade, jornalismo, tecnologia, negócios e formas de financiamento, leis, regulações e políticas. Em linguagem clara, com textos analíticos e recorrendo a diversas fontes, o estudo merece leitura atenta e muita discussão. Tem mais: está bem atualizado, já que a ele foram adicionadas informações sobre o Marco Civil da Internet, aprovado e sancionado em abril passado.

Acesse aqui. (em PDF, em português e com arquivo de 7,6 Mega)

narrativa transmídia, experiências com produtos e marcas e outros birinaites

A dica é da Sandra Montardo, que me mandou a matéria que reproduzo abaixo. Deu na versão eletrônica da Meio & Mensagem. Quem leu Henry Jenkins e o seu “Cultura da Convergência”, sabe que boa parte do futuro – talvez uma das mais divertidas – passe por essas vias…

The Alchemists nasce com bases no Brasil e nos EUA

Empresa propõe que marcas se tornem contadoras de histórias e invistam em estratégias transmídia

Alexandre Zaghi Lemos

23/04/2009 – 13:54

Transformar marcas em contadoras de histórias, cujos enredos possam se desdobrar em estratégias transmídia, parece ser uma das saídas para os anunciantes contornarem problemas como a maior dispersão da audiência dos formatos tradicionais da publicidade.

O desenvolvimento de propriedades originais para marcas, e também para distribuidores de conteúdo, é uma atividade que vem atraindo atenção crescente e acaba de ganhar mais um player. A The Alchemists nasce com bases no Rio de Janeiro e em Los Angeles, fundada pelo brasileiro Maurício Mota e o norte-americano Mark Warshaw, além de um sócio investidor.

“Um dos nossos objetivos mais importantes é o de mostrar às marcas que elas têm todos os ativos para se transformarem em estúdios. Podem desenvolver propriedades intelectuais para seus consumidores – que agora, no novo panorama midiático, são público, co-autores e até parceiros. Esta é uma boa época para contar histórias”, detalha Warshaw, que se notabilizou pelo projeto de desdobramento transmídia do seriado Heroes.

“Os ativos dos estúdios são talentos, marketing, distribuição e recursos financeiros e físicos. As marcas também dispõem de todos eles. O que nossa empresa pretende é facilitar o desenvolvimento de propriedades originais e planejar desdobramentos transmídia, aproveitando o que cada mídia tem de melhor”, acrescenta Maurício Mota. Para se dedicar à nova empreitada, ele acaba de deixar a direção de núcleo da New Content. Antes disso, passou pelas equipes da F/Nazca S&S e da Thymus.

A sociedade entre Mota e Warshaw vem sendo idealizada desde 2007, quando se conheceram em evento no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Desde então, passaram a expor suas teses sobre transmedia storytelling no blog Os Alquimistas Estão Chegando, em eventos como o MaxiMídia de 2008 e em workshops para empresas como o iG.

Mota e seu parceiro norte-americano também se empenham em esclarecer as diferenças entre branded entertainment e transmedia storytelling. Segundo eles, enquanto a primeira ferramenta cria awareness para produtos integrados a conteúdos de entretenimento, o transmedia storytelling desenvolve narrativas proprietárias para as marcas. “São histórias que só poderiam ser desenvolvidas para aquela marca e que serão disseminadas em várias plataformas, criando audiências paralelas. Além disso, podem ser atemporais”, acrescenta Mota.

“As novas ferramentas que temos para envolver o público-alvo, informar os clientes e entreter as pessoas são muito mais poderosas do que todas já usadas pela história da comunicação”, garante Warshaw.

A The Alchemists já efetivou associações estratégicas com duas empresas brasileiras: a Moonshot Pictures – que tem a Fábrica de Ideias Cinemáticas (Fics), que desenvolve roteiros e produz projetos dramáticos, realities e séries, como a 9MM São Paulo, exibida pela Fox – e a Colmeia, produtora interativa do Grupo Ink.

Entre os projetos iniciais estão uma revista em quadrinhos digital para o mercado norte-americano, a elaboração e produção dos desdobramentos transmídia para a nova versão da série Melrose Place e a criação de uma plataforma de transmedia storytelling que será usada em projeto educacional voltado para 300 mil jovens brasileiros.

Além disso, a The Alchemists passa a atuar como representante para a América Latina do Convergence Culture Consortium (C3), grupo de trabalho do MIT focado em estudar e desenvolver projetos de convergência em mídia, entretenimento, publicidade e educação, ao qual já aderiram duas empresas brasileiras: Petrobras e iG. “Teremos uma atuação muito forte no fomento e na disseminação da cultura de convergência do transmedia storytelling”, frisa Mota.

usp oferece curso de comunicação pública e de governo

A Escola de Comunicações e Artes da USP vai oferecer um curso sobre comunicação pública e de governo no próximo mês. Veja o comunicado oficial:

O professor Bernardo Kucinski vai ministrar a partir de março, na USP, um curso pioneiro sobre a comunicação pública e de governo, no qual pretende compartilhar suas experiências como assessor do presidente da república, assim como seus estudos in loco sobre comunicação da Casa Branca e de Downing Street.
O curso terá doze aulas, uma por semana, ás quintas-feiras, das 14h00 às 17h00, começando em 05 de março e terminando em 21 de maio. Abordará também os conceito de comunicação pública, sociedade da informação, e governo eletrônico; o lugar estratégico da comunicação na política e as estratégias de comunicação de políticas públicas e de propostas políticas controversas.
Entre os estudos de casos propostos estão a estratégia de comunicação da Embrapa, o episódio da expulsão do correspondente do New York Times Larry Rohter, o projeto editorial do Suplemento Agrícola do O Estado de S. Paulo, a batalha midiática em torno do projeto de captação das águas do São Francisco e a experiência das Cartas Criticas, que o professor Bernardo e sua pequena equipe produziam todas as manhãs para o presidente.
O curso foi concebido para ter como público alvo estrategistas de comunicação de governos e suas instituições e empresas , incluindo os estaduais e municipais, assim como de movimentos sociais, centrais sindicais, grandes sindicatos, Ongs e partidos políticos. Uma das intenções do professor é fazer do curso um espaço de intercâmbio das experiências desses participantes.
O curso será ministrado no Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP, à Av. Prof Lucio Martins Rodrigues 443, prédio 2, sala 1, Cidade Universitária, São Paulo ( CEP 05508-000). As vagas foram limitadas a 40 e serão preenchidas por ordem de pedido de matrícula. As matriculas abrem no dia 09 de fevereiro, indo até o dia
03 de março, no endereço acima.

Mais informações com Paulo Cesar ou Tânia, pcbontempi@usp.br.
Ou no endereço http://www.eca.usp.br/cultexte/cursexte/cje.asp

univali abre mba em mídias digitais

mbalogo

Estão abertas as inscrições para o MBA em Mídias Digitais da Univali. O curso de especialização tem 35 vagas e começa em abril no campus de Itajaí. As inscrições vão até 31 de março, e ex-alunos da Univali tem 15% de desconto sobre as mensalidades.
Com duração de 18 meses, o MBA é voltado para graduados em Comunicação Social, Ciências da Informação, Design Gráfico, Licenciaturas, Bacharelados em Humanas, Ciências Sociais e Artes, além de áreas afins. O público alvo é extensivo ainda a profissionais de instituições públicas ou privadas que tenham relação com produção de conteúdo e processos editoriais para mídias digitais.
O MBA em Mídias Digitais é uma iniciativa multidisciplinar, que reúne professores mestres e doutores de campos distintos do conhecimento: da Comunicação ao Design, passando pela Informática e Educação. Foram convidados ainda professores de outras instituições, como as universidades federais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As aulas acontecerão em modernos e bem equipados laboratórios na Univali, quinzenalmente, sempre às sextas-feiras (noite) e sábados (manhã e tarde). O currículo está apoiado em três unidades, cada um com 120 horas. Cada unidade reunirá quatro disciplinas, um seminário e um oficina, totalizando 18 atividades em sala de aula.

Conheça a grade curricular:
Unidade I – Tecnologia e Sociedade
Comunicação e interação mediada por computador (24 horas)
Tecnologia e a informação estratégica (24 horas)
Teorias da Cibercultura (24 horas)
Educação e Comunicação (24 horas)
Seminário: Análise crítica de mídia digital (12 horas)
Workshop: Webwriting (12 horas)

Unidade II – Comunicação Digital
Convergência de mídias (24 horas)
Sociedade em Rede (24 horas)
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (24 horas)
Hipermídia e o texto na internet (24 horas)
Seminário: Media Training (12 horas)
Workshop: Webdesign (12 horas)

Unidade III – Produtos Digitais
Produção multimídia (24 horas)
Jogos digitais e plataformas de entretenimento (24 horas)
Ferramentas colaborativas (24 horas)
Metodologia da Pesquisa (24 horas)
Seminário: Direitos autorais na web (12 horas)
Workshop: Produção Multimídia (12 horas)

Saiba quem são os professores:
– Dr. Alex Primo – UFRGS
– Dr. Flávio Anthero Nunes – UNIVALI
– MsC. Valquíria Michela John – UNIVALI
– MsC Carlos Castilho – ASSESC
– MsC Sandro Lauri Galarça – UNIVALI
– MsC Mary Vonni Meurer de Lima – UNIVALI
– MsC Vera Lúcia Sommer – UNIVALI
– Dr. Luís Fernando Máximo – UNIVALI
– MsC. Laura Seligman – UNIVALI
– Esp. Tiago Ficagna – UNIVALI
– Dra. Maria José Baldessar – UFSC
– Dr. Rudimar Scaranto Dazzi – UNIVALI
– Dr. Rogério Christofoletti – UNIVALI

Inscrições:
De 2 de fevereiro a 31 de março. Para isso, junte:
* Formulário para Inscrição totalmente preenchido;
* Diploma de conclusão de graduação (cópia autenticada);
* Histórico escolar de graduação (original ou cópia autenticada);
* “Curriculum Vitae” resumido (atualizado);
* Carteira de Identidade e CPF (cópia);
* Uma foto 3×4 recente

Custos:
Inscrição (R$ 384,00) + 17 parcelas de R$ 384,00. Ex-alunos da Univali pagam R$ 326,00

Mais informações:
Gerência de Pós-Graduação da UNIVALI – Itajaí/SC – Bloco 5 sala 105
Rua Uruguai, 458 – Bairro Centro – Itajaí/SC – CEP 88302-202
Fone: 47-3341-7534 / 47-3341-7652

Contatos:

E-mail: mba.midiasdigitais@gmail.com
Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=54531828
Site: http://www.univali.br/modules/system/stdreq.aspx?P=3230&VID=default&SID=477966633789518&S=1&A=closeall&C=27372

observatório publica especial sobre 20 anos de constituição

Arte de Henrique Costa para o Observatório do Direito à Comunicação
Arte de Henrique Costa para o Observatório do Direito à Comunicação

O Observatório do Direito à Comunicação acaba de publicar um (ótimo) especial sobre os 20 anos da Constituição Federal e a mídia nacional. Compõem o dossiê textos de Mariana Martins, Henrique Costa, Jonas Valente e Cristiana Charão. Os temas vão da concentração na propriedade dos meios à tensão entre público e privado, passando também pelas concessões de radiodifusão, liberdade de expressão e produção de conteúdos com identidades locais e nacionais.

Não é novidade alguma dizer que esse Observatório realiza um trabalho importantíssimo para a sociedade na medida em que reflete criticamente as relações entre comunicação e sociedade. Desta vez, com este dossiê, mais um material de referência é oferecido.

henry jenkins no maximídia

Henry Jenkins, do MIT, falou de um assunto sobre o qual é bastante conhecido: convergência midiática. Na verdade, a proposta era de que contrapusesse a confluência dos meios e a divergência de interesses, de públicos, de consumos. A palestra de Jenkins se deu durante o MaxiMídia, evento que foi transmitido de São Paulo para várias cidades do país. Vi Jenkins em Itajaí, num dos auditórios da Univali, e a transmissão deixou um pouco a desejar. Não pela qualidade de áudio e vídeo, mas por conta da direção de imagens. Nem sempre, era possível ver os slides que Jenkins apresentava. Isso porque os realizadores do MaxiMídia insistiram em mostrar o palestrante, sem dividir a tela e conjugar os conteúdos…

De qualquer forma, a fala de Jenkins reforçou o que vem se lendo dele há alguns meses. Aliás, seu livro “Cultura da Convergência” já circula em edição brasileira… Jenkins bateu em teclas já bastante conhecidas:

(*) A entrada da grande mídia em novas plataformas ajuda a desenvolver a convergência midiática, já que esses players sabem muito bem fazer o que já fazem, além de não quererem perder mercado nem dinheiro.

(*) Digitalização e Culturas Participatórias também contribuem para este cenário, mas trazem novos contornos para os públicos e para o próprio negócio da mídia. Isto é, de consumers passamos a prosumers: não só consumimos, mas também produzimos conteúdos consumíveis… Jenkins citou dois números altamente expressivos: 52% dos adolescentes dos Estados Unidos já produziram conteúdos de mídia e outro terço já distribuiu esses conteúdos.

(*) Associados aos pontos acima está a idéia de Inteligência Coletiva, conceito que entrevê, por exemplo, que as pessoas estão formando comunidades para resolver seus problemas. Isso muda o conhecimento, os públicos e a própria mídia. Muda ainda o relacionamento entre meios e públicos, produtores e receptores.

(*) Contar histórias transmídia, fazendo cruzamentos e extensão de conteúdos para outras plataformas, amplia narrativas, de acordo com diversos formatos.

(*) Colaboracionismo. Jenkins afirmou a necessidade de conjugar interesses no novo cenário onde o público, muitas vezes, transgride direitos autorais dos realizadores para consumir seus produtos. Segundo ele, é preciso incentivar a criatividade dos públicos, dos consumidores, mas esses devem também cooperar com os proprietários das marcas. Isso faz parte de uma economia moral, onde se deve restituir a confiança entre as partes. Há um choque entre compartilhamento e pirataria, entre consumo pago e tráfico de produtos, entre ações legais e ilegais, por exemplo.

A fala de Jenkins foi dinâmica, bem ilustrada e esclarecedora em alguns pontos. A chatice mesmo ficou por conta de Luiz Fernando Vieira, da agência África, que se encarregou de fazer perguntas ao palestrante. Atrapalhado com os conceitos, inseguro na fala e pouco à vontade, Vieira fez perguntas redundantes e circunscritas basicamente aos interesses dos publicitários. Uma pena… Os organizadores do Maxi Mídia deveriam ter trazido alguém da academia – notadamente, um pesquisador que conhecesse mais a obra e o pensamento de Jenkins – ou algum jornalista – geralmente, mais afeitos e preparados para o posto de perguntador…

ATUALIZAÇÃO (10 DE SETEMBRO DE 2008): Tiago Caminada fez um relato do que Mark Warshaw tratou no segundo dia do MaxiMídia. Aqui.

armínio fraga de olho na rbs

RBS negocia venda de parte de suas ações a fundo do ex-presidente do Banco Central

O grupo RBS, que possui TVs, rádios e jornais no sul do Brasil, está negociando a venda de 15% de seu capital ao fundo de investimentos Gávea, segundo O Estado de S.Paulo. O fundo pertence a Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. O negócio deve ser concluído até 30 de setembro.

É a primeira incursão de Fraga no negócio da comunicação. Nos últimos meses, seu fundo comprou participação em diversas empresas, da aviação ao entretenimento.

Segundo o jornal O Globo, o negócio pode ter sido intermediário por Pedro Parente, vice-presidente executivo da RBS, que foi colega de Armínio Fraga na equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso.

A RBS existe há 50 anos. Possui atualmente 21 emissoras de TV, 26 de rádio, oito jornais, dois portais de internet, uma editora, uma gravadora e uma empresa de logística, entre outras, segundo o jornal. Até poucos dias atrás, o presidente do grupo, Nelson Sirotsky, presidia a Associação Nacional de Jornais.

Em junho, a Standard & Poor’s considerou consistente a situação financeira da empresa e melhorou sua classificação de risco para investimentos.

(Notícia dada no blog do Knight Center for Journalism in the Americas)

200 blogs de comunicação em português

Em julho de 2007, criamos aqui uma lista de blogs de pesquisadores da comunicação.
Pouco mais de um ano depois, chegamos a 200 links para blogueiros brasileiros e portugueses, que tratam de diversos assuntos: de suas pesquisas a amenidades, de hobbies a especialidades pessoais antes desconhecidas.

São 157 blogs do Brasil e 43 de Portugal.
Evidentemente, esses números não esgotam a criatividade e expressão dos blogueiros da área, mas dão uma amostra considerável do global.

Agradeço aos colegas que levaram essa lista adiante, dando links e sugerindo novos endereços. Bem como corrigiram alguns pontos inativos ou quebrados.
Do primeiro post sobre a lista até hoje, atualizei 40 vezes o rol de blogueiros nacionais, e outras 31 vezes os dos patrícios portugas.

Nos 200 anos da imprensa no Brasil, esses 200 links são apenas uma amostra de como buscamos incessantemente nos comunicar, expressar nossas paixões e ódios e nos fazermos sujeitos de nossos próprios posts.

Adiante!