a crise dos jornais e o lugar certo na prateleira

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 Gente mais esperta já disse que quando o autor escreve, ele perde a obra para o leitor. Não tem mais domínio, e a leitura é uma outra forma de escritura, de colocação de sentido, de produção de entendimento. Ok, ok. Concordo, mas às vezes o autor perde o “controle da coisa” antes mesmo de o leitor folhear a obra.

Foi o que percebi dia desses lendo o imperdível “Os jornais podem desaparecer?”, de Philip Meyer.

O livro trata da já gritada crise dos jornais impressos e tenta avaliar – com base na evolução da indústria norte-americana – possíveis tendências e saídas para o mercado. Para quem não se lembra, Meyer é um dos nomes mais respeitados das escolas norte-americanas de Jornalismo e foi um experiente profissional naquelas bandas. O “pretexto” do autor para o livro é o seguinte: precisamos entender o problema para tentarmos resolvê-lo. Isto é, o autor nos convida a conhecer o que é “jornalismo enquanto negócio” para que nos mantenhamos em “nossas plataformas”. Assim, o livro tem como público os jornalistas, e tenta estimulá-los a saber um pouco mais do que as técnicas jornalísticas, e se comprometam também com a “salvação” da lavoura.

Até aí tudo bem.

Acontece que em duas livrarias que visitei o livro de Meyer não estava na estante de Jornalismo ou Comunicação. Estava na de Administração e Negócios. Numa terceira loja, o livro não estava à venda, pois a moça argumentou que eles apenas comercializavam obras de ciências humanas. Sei…

Olhei a ficha catalográfica do livro e lá consta na ordem: Jornais. Jornalismo. Jornalismo – aspectos econômicos.

Mesmo assim, quem colocou os livros na prateleira “errada”? Não foi um acidente, afinal vi isso em duas lojas diferentes e concorrentes. Quem?

Parece uma discussão boba essa, mas não. Se há uma corrida para buscar soluções para jornalismo, se as empresas jornalísticas enfrentam quedas constantes de tiragem, se os gestores tentam buscar novas receitas para uma sobrevivência dos jornais, qualquer sinalização de saída  da crise – mesmo que num modesto livro – é bem vinda e deve ser levada adiante. Colocar o livro no lugar errado é como deixar a chave do apartamento em chamas trancada do lado de fora. E com o proprietário dentro…

2 comentários em “a crise dos jornais e o lugar certo na prateleira

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