enade: comissão de comunicação anula questões

Acabei nem comentando aqui a prova do Enade deste ano. Foi polêmica, sim, e arrisco em dizer mal preparada. Houve uma tempestade de críticas, muitas bem acertadas.

Já fui membro da comissão da área de Comunicação para o Enade e sei que o trabalho é muito duro por lá. O trabalho dos especialistas é estabelecer diretrizes que orientem a elaboração de uma boa prova. Não é a própria comissão quem formula as questões, mas empresas especialmente contratadas para o serviço. Aliás, muitíssimo bem pagas, enquanto que os membros da comissão recebem minguadas diárias do Inep, que muitas vezes mal cobrem as despesas com alimentação e hospedagem em Brasília.

Mas o fato é que a prova do Enade deste ano foi muito mal elaborada mesmo. Tanto é que a comissão que assessora o Inep na área da Comunicação decidiu por anular algumas questões, conforme se pode ler no informe do professor Gerson Luiz Martins, um dos membros:

A Comissão Assessora da Área de Comunicação de Enade, em reunião desta quarta-feria, 2 de dezembro, anulou diversas questões da prova da área de Comunicação.
Na parte geral da prova foram anuladas as questões 18 e 19. A questão 19 é a da “marolinha”.

Na parte específica em Jornalismo foram anuladas as questões 27, 30, 33 e 35. Na prova de Publicidade foram anuladas as questões 33 e 37. Na prova de Relações Públicas foram anuladas as questões 34 e 36. Em Radialismo, a questão discursiva 38. E na prova de Cinema, anuladas a questão 34.

A anulação das questões não torna a prova melhor que antes, mas ao menos evita danos maiores, com o uso político da prova, com a ambiguidade e falta de objetividade de alguns trechos da prova. Depois do vazamento da prova do Enem e do desastre do Enade, tanto o Ministério da Educação quanto o Inep saem bastante castigados neste final de governo… será que alcançariam média pra passar?

2 comentários em “enade: comissão de comunicação anula questões

  1. Li a prova com meus alunos após o Enade e fiquei chocado com a baixa qualidade. Algumas questões não eram adequadas para uma prova objetiva, por serem temas ainda abertos à discussão na área da Comunicação. Outras eram tão mal redigidas que impossibilitavam ter certeza sobre a resposta.

    Poderiam dividir 10% do que pagam às empresas responsáveis pela prova entre os membros da comissão. Tenho certeza de que a prova ficaria melhor.

    1. Pois é, Trasel.
      O MEC compõe uma comissão de especialistas para que eles dêem as diretrizes para a confecção da prova. Cada área tem a sua comissão, e o trabalho não é remunerado. Aí, o MEC licita para ver quem irá elaborar a prova, e depois para quem irá corrigir. São gastos milhões nisso. Seria possível termos um sistema de avaliação mais eficiente e mais racional em termos de custos?

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