A leitura da carta pela democracia nas capas dos jornais

Atos cívicos em todo o país marcaram o 11 de agosto de 2022 com leituras da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros, iniciativa ecumênica para alertar sobre os riscos de golpe à democracia nacional.

Os principais jornais do país dedicaram espaços generosos em suas primeiras páginas no dia seguinte. Chamo a atenção para a Gazeta do Povo, que preferiu destacar a pífia redução do preço do diesel, que aconteceu coincidentemente ontem…

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Imprensa ainda hesita diante das mentiras do presidente

O presidente da República reuniu 70 embaixadores estrangeiros para mais uma investida ao sistema eleitoral brasileiro. Hoje, 19 de julho, os principais jornais do país reconheceram que foi mais um ataque, mas apenas um deles teve a coragem (bom senso? senso jornalístico?) de dizer que ele mentiu… aliás, a Folha de S.Paulo também publicou editorial com o seguinte título: “Presidente golpista: Bolsonaro barganha com Congresso liberdade para atacar a democracia; isso tem que acabar”.

Nas capas dos jornais que juntei, destaque também para o Correio do Povo, que trouxe uma foto que traz mensagem subliminar sobre os apoiadores de Bolsonaro.

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Transparência no jornalismo: um mapeamento

Acaba de ser publicada a mais recente edição de Ámbitos, periódico científico da Universidad de Sevilla e um dos mais instigantes da área da Comunicação na Espanha.

O número tem um “monográfico” sobre pesquisa e transferência de conhecimento em comunicação, organizado por Sara Loiti-Rodríguez e meu querido amigo Juan Carlos Suárez-Villegas. Além do dossiê, há artigos sortidos e um deles é assinado por mim e minha ex-bolsista de iniciação científica, Juliana Naime Ferrari, onde apresentamos um rápido mapeamento de instrumentos e práticas de transparência no jornalismo.

Para ler o artigo, clique aqui. Para baixar a Âmbitos 57 inteira, clique aqui.

Perdi meu ex-futuro marido

Conheci Frank Maia num casamento.

As véias nunca mais serão as mesmas…

Era o casamento dos jornalistas Cris Fontinhas e Maurício Oliveira na Ingrejinha da Lagoa. E eu estava de penetra porque não conhecia os noivos e fui de  contrabando da minha esposa à época. No final da cerimônia, o Frank veio falar com a gente e foi amor à primeira vista. Uma amizade de milênios reconhecida num segundo. Quem podia resistir àquele sorrisão e um alto astral simplesmente contagioso…

Não deu muito tempo e trabalhamos juntos num jornal, e eu via dia-a-dia como o Frank evoluía no traço, nas gags, na sua arte. Foi pouco tempo, talvez dois anos, sei lá…

Mas a gente se encontrou muitas outras vezes, quase sempre com nossas mãos agarradas a copos, e era sempre como se tivéssemos conversado há dois minutos. Amantes de quadrinhos, trocávamos impressões de um artista ou de outro, e sempre nos prometemos fazer alguma coisa juntos. E rolou uma vez. Escrevi um historinha de duas ou três páginas que ele desenhou. Faz mais de vinte anos e eu nem encontro mais vestígios daquilo. Mas eu não esqueço o que aconteceu depois. Laerte veio a Florianópolis para uma palestra, e estávamos os dois lado-a-lado e perguntamos sobre duplas de criação. Laerte coçou a barba – sim, faz muito tempo – e disse: “Se você tem quem desenhe pra você, se você tem quem escreva pra você, case com essa pessoa!”.

No lançamento do livro que celebrou parte da obra do Frank

Frank gargalhou, e olhou pra mim com aquela cara de louco dele. Gargalhei também, e prometemos repetir a parceria, mas não aconteceu mais. Em compensação, eu pude acompanhar de perto (às vezes de longe) o meu ex-futuro-marido se tornar o melhor chargista que Santa Catarina já teve. Maior ainda que o ídolo dele, o Bonson, que também já partiu.

Frank viveu e sobreviveu  por conta da sua inteligência, do seu traço rápido e de uma alegria que eu nunca entendi de onde vinha. Não havia tempo ruim com ele. Era generoso, estava sempre muito bem informado e não se desgrudava das filhas mais novas. Nos últimos meses, nos encontramos sem querer sempre no centro da cidade, onde frequentamos bar e banca de jornais, desconfio que os lugares que ele mais gostava. Ainda não acredito que ele foi embora. Ele sempre ficava até o final da festa…

Frank casou algumas vezes, teve vários filhos e fez infinitos amigos. Sou um deles. Mas e se a gente tivesse ouvido a Laerte, hein, Frank?!

Baixe o livro!

Acaba de ser lançado em formato eletrônico o livro “Jornalismo Local a Serviço dos Públicos” (Ed. Insular).
Organizado por Jacques Mick, eu e Samuel Pantoja Lima, a publicação reúne alguns dos resultados do projeto GPSJOR que investigou esforços para a superação das crises do jornalismo. Financiada pelo CNPq, a pesquisa reuniu dezenas de pesquisadores da UFSC, Ielusc e UEPG e se estendeu por quase seis anos de trabalho.

Temos vagas!

Aqui no Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) estamos com vagas abertas para novos pesquisadores e pesquisadoras.

Com o lançamento do edital do Processo Seletivo 2022 do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, nosso grupo de pesquisa pode ampliar a equipe. O PPGJOR vai selecionar pós-graduandos e pode preencher até 20 vagas, sendo 11 de Mestrado e 9 de Doutorado. Como no ano passado, 50% das vagas são destinadas às ações afirmativas: pessoas pretas e pardas, indígenas, quilombolas, refugiados, pessoas trans e pessoas com deficiência.

No objETHOS, são três vagas.

O professor Samuel Lima tem duas vagas para orientar um mestrado e um doutorado. Esses trabalhos devem se alinhar aos assuntos de sua especialidade: jornalismo como profissão: perfil profissional, identidade e condições de trabalho; teoria do jornalismo – jornalismo como forma social de conhecimento; e crise no jornalismo e sustentabilidade do negócio jornalístico.

Eu tenho uma vaga para doutorado, e meus temas de interesse de orientação são: ética jornalística; crise no jornalismo; transparência no jornalismo e media accountability; privacidade, e credibilidade jornalística.

A seleção tem três etapas, todas a distância por causa da pandemia: análise de currículo e projeto, prova escrita, e entrevista. O prazo de inscrição vai até 13 de março.

Não quer aproveitar?

O que se pode dizer do futuro do jornalismo local?

O pesquisador Giovanni Ramos lidera o Dialéticas, podcast de divulgação científica que se mergulha em temas de jornalismo e comunicação. Emitido a partir da Universidade da Beira-Interior (UBI), de Portugal, o Dialéticas debateu futuros e impasses para o jornalismo local. Participei com Jacques Mick e Samuel Lima. Falamos longamente sobre o projeto GPSJOR, que consumiu seis anos de nossas vidas de pesquisadores…

A conversa rendeu dois episódios do podcast, e o primeiro já pode ser conferido aqui; o segundo será publicado dia 24…

ATUALIZAÇÃO: O segundo episódio acaba de sair. Aqui!

Observatórios de imprensa e desinformação

Sou um dos convidados do debate “Uma Rede contra a desinformação: o trabalho dos Observatórios”, que acontece amanhã (17), a partir das 19 horas. Esta é uma realização da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), com transmissão pelo canal de Youtube da rede.

A proposta é reunir representantes de observatórios de mídia de diferentes regiões do país, e que são parceiros da RNCD Brasil, para compartilhar relatos sobre experiências, trabalhos e métodos de atuação, em especial num cenário de ampla desinformação e em que o trabalho dos observatórios pode contribuir para o entendimento dos modos de funcionamento dos sistemas midiáticos e subsidiar o desenvolvimento de políticas que garantam a pluralidade democrática.

O debate contará também com a participação do professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e coordenador do Observatório da Mídia: direitos humanos, políticas, sistemas e transparência, Edgard Rebouças; da professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora do Observatório da Comunicação Pública (Obcomp), Maria Helena Weber; e do professor da Universidade Federal do Tocatins (UFT) e coordenador do Observatório de Pesquisas Aplicadas ao Jornalismo e ao Ensino (Opaje), Gilson Porto.

Sobre a RNCD

A Rede Nacional de Combate à Desinformação foi lançada em setembro de 2020 e reúne projetos e instituições de diversas naturezas que atuam de alguma forma para combater o mercado da desinformação. Participam da RNCD, coletivos, iniciativas desenvolvidas dentro de universidades, agências, redes de comunicação, projetos sociais, projetos de comunicação educativa para a mídia e redes sociais, aplicativo de monitoramento de desinformação, observatórios, projetos de fact-checking, projetos de pesquisa, instituições científicas e revistas científicas.

Baseada numa plataforma digital, a rede busca oferecer conteúdos de educação midiática, monitoramento de fake news, jornalismo de fact-checking e debunking, bem como ações de comunicação proativa levando informação precisa e necessária para a sociedade. O objETHOS integra a rede de parceiros da organização. Para saber mais sobre a RNCD, acesse rncd.org/

Quem vai financiar o jornalismo independente?

Amanhã, 3 de outubro, tem um debate muito bacana no Fala!, Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas, que acontece online de 1 a 8 de outubro: Quem vai financiar o jornalismo independente no Brasil?

Estarei com Daniele Moura (Jornal Maré Notícias), Elaine Silva (Alma Preta Jornalismo) e Rosenildo Ferreira (1PapoReto), que faz a mediação. A mesa acontece a partir das 10 horas, e pode ser acompanhada pelo canal de vídeos do festival.

O Fala! foi idealizado e organizado por quatro grupos de mídia independente – Alma Preta Jornalismo, Marco Zero Conteúdo, 1Papo Reto e Ponte Jornalismo, e tem apoio do Sesc.

As capas dos jornais neste 7 de setembro

Alguns dos diários brasileiros farejaram hoje os odores golpistas em suas primeiras páginas. Vale analisar, guardar e acompanhar. Nesta manhã do dia da independência, ainda é cedo para dizer o que pode acontecer, se algo mais grave e violento ou apenas cenas patéticas, alucinadas e reveladoras do charco em que o país mergulhou com aquele homem terrível.

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Limites éticos no jornalismo e na publicidade

No próximo sábado, participo do painel de abertura do 8º Seminário de Pesquisa da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Estarei com o ombudsman da Folha de S.Paulo, José Henrique Mariante, para falar sobre limites éticos no jornalismo e em anúncios publicitários. A ideia é abordar o caso do polêmico anúncio dos Médicos pela Vida, assinado por profissionais da saúde e que prescrevia o uso de substâncias comprovadamente ineficazes no tratamento de sintomas da Covid-19.

Um pouco do que eu penso sobre isso está neste artigo. O resto eu conto no debate.

Taxar as big techs e salvar o jornalismo: um debate

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) tem realizado um conjunto de seminários regionais para discutir a proposta que vem defendendo junto com a federação internacional (FIJ) para taxar as grandes companhias de internet e criar um fundo de apoio financeiro ao jornalismo.

Hoje à noite, a partir das 19 horas, participo de um desses debates, ao lado de Beth Costa e de Celso Schroeder.

Você pode acompanhar por aqui.

E a ética jornalística na pandemia?

Participo amanhã, dia 28, de um debate com a Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, e com o Mauri König, da Uninter, sobre reflexos da pandemia na ética jornalística. É às 19 horas, ao vivo pela página do Facebook do Sindijor-PR, com acesso público para perguntas e comentários.

A jornalista e professora Lenise Klenk, presidenta da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, será a mediadora. Aliás, o evento é uma realização da Comissão Estadual de Ética.

Inaceitáveis 500 mil mortes

O Brasil alcançou hoje, 19 de junho de 2021, ao trágico marco de meio milhão de mortos oficiais por Covid-19.

Não podemos normalizar essa ferida escancarada.

Não podemos aceitar que famílias se dilacerem, se dissolvam, se esfacelem.

Não queremos mais mortes que poderiam ser evitadas.

Jair Bolsonaro é o maior responsável por chegarmos a este cenário dantesco. É o presidente da República, a autoridade que deveria liderar o combate à doença, o ocupante de cargo público que deveria apontar caminhos para enfrentarmos a pandemia.

Por incompetência, inabilidade, descaso, despreparo, insensibilidade e perversidade, Jair Bolsonaro pouco ou nada fez. Não é o único responsável por tantos cadáveres, mas é o maior responsável. A ausência de liderança, de uma política pública nacional nos trouxe até aqui.

Que os cidadãos deste país e que as instituições que compõem isso que resta de sociedade possam ter a dignidade e a força para responsabilidade Jair Bolsonaro e todos os outros que, por ação ou inação, produziram esse genocídio.

Transparência no jornalismo, em dois livros recentes

Dois livros recém-lançados no exterior por prestigiadas editoras internacionais trazem textos meus sobre um tema a que venho me dedicando há três anos: transparência no jornalismo.

“Cultures of Transparency: Between Promise and Peril” acaba de sair pela Routledge e é organizado por Susanne Fengler (Erich Brost Institute for International Journalism da TU Dortmund University), Stefan Berger, Dimitrij Owetschkin e Julia Sittmann, docentes da  Ruhr University Bochum. O volume reúne textos de autores de diversas partes do mundo abordando criticamente o conceito de transparência na vida social contemporânea. Eu assino o capítulo “Whistleblowers, Media, and Democracy in Latin America”, onde analiso como denunciantes na mídia se comportam nos países latino-americanos.

Este livro surgiu de um evento em Berlim, patrocinado pela Fundação Volkswagen, que reuniu pesquisadores de diversas partes para discutir as promessas e os perigos da transparência. Foi em 2018 e foi uma experiência muito bacana participar…

“News Media Innovation Reconsidered” é um lançamento da Wiley Blackwell, organizado por Maria Luengo e Susanna Herrera-Damas, ambas da Universidad Carlos III, da Espanha. A coletânea traz textos que discutem como a ética e os valores jornalísticos estão impactando e sendo afetados por esforços inovadores de reconstrução da indústria de mídia. Entre os autores estão Stephen J. Ward, José Alberto García-Avilése Alfred Hermida. “Transparency, Innovation, and Journalism” é o título do meu capítulo, onde a transparência é analisada como um fator de inovação que pode distinguir positivamente alguns empreendimentos jornalísticos.

Por que a EBC não deve ser privatizada

Em carta à população, a “Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública”, que reúne dezenas de entidades da sociedade brasileira, em conjunto com as trabalhadoras e trabalhadores da EBC, manifestou-se sobre o tema.

Carta à sociedade: por que a EBC não deve ser privatizada

O Ministério das Comunicações anunciou recentemente o envio da Empresa Brasil de Comunicação ao Programa Nacional de Desestatização (PND). A decisão parece ser uma resposta a setores da imprensa ligados ao sistema financeiro, reproduzindo a lógica de dependência dos “mercados” da própria comunicação privada. Embora o movimento ainda envolva estudos sobre possíveis formas de privatização da empresa, foi um passo perigoso rumo à destruição da estatal. Neste sentido, trabalhadores que atuam nos setores da companhia vêm dialogar com a sociedade sobre sua natureza e importância.

Desde o seu nascimento, em 2007, a TV Brasil e a EBC são alvos de intensas campanhas negativas e, mais recentemente, pela sua privatização. Os argumentos vão desde um suposto déficit que a empresa daria ao governo até o valor gasto com salários e baixa audiência de seus veículos. Os trabalhadores vêm aqui trazer alguns esclarecimentos que esperamos sejam incluídos nas matérias, em geral com somente um lado.

A EBC foi criada a partir do que manda a Constituição Federal. O Artigo 223 da Carta Magna prevê a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal. A Lei que criou a estatal (11.652, de 2008) regulamenta esta diretriz, criando a empresa. Assim, a EBC não foi um feito de um governo, mas a materialização tardia do que a Constituição já determinava desde sua promulgação, no fim dos anos 1980.

A comunicação pública não é uma invenção brasileira, mas, ao contrário, é realidade na grande maioria dos países do mundo. Enquanto alguns segmentos buscam atacar a existência deste serviço, outros países com democracias consolidadas (até mesmo de caráter bastante liberal) entendem e estimulam o papel da comunicação pública para atender ao direito à informação dos cidadãos, investir em conteúdos sem apelo comercial e pautar temas de interesse público. É o caso da BBC no Reino Unido, da RTP em Portugal, da NHK no Japão ou da PBS nos Estados Unidos.

A EBC não dá “prejuízo” ou “déficit”. Ela é uma empresa pública dependente, e não autossuficiente como Correios ou Banco do Brasil. Embora ela consiga arrecadar recursos com patrocínios e prestação de serviços, suas fontes de financiamento não servem e nunca servirão para torná-la autônoma, já que ela não deve se tornar refém do próprio mercado para garantir ainda mais sua autonomia. Assim como ministérios e universidades não dão “prejuízo”, a EBC (assim como outras estatais dependentes, como Embrapa) também não dá.

Este modelo de negócio não é inovação da EBC, ele ocorre no mundo inteiro. Só conseguem autonomia financeira empresas custeadas a partir de impostos, como a BBC do Reino Unido ou a RAI na Itália. Não é o caso do Brasil. Ao contrário, a EBC tem uma fonte de receita própria complementar (a Contribuição para o Fomento à Radiodifusão Pública), que, do total arrecadado, só foi reservado R$ 2,8 bilhões em todos os anos de contribuição à EBC, mesmo que quase nada tenha sido repassado à empresa (tanto por uma contenda judicial quanto por falta de vontade política dos governos).

Matérias na imprensa reproduzem o argumento do governo, afirmando que o orçamento de R$ 550 milhões por ano é “muito”. E ressaltam sempre valores gastos com salários. Não se mantém uma empresa que tem duas TVs, oito rádios, duas agências nacionais, produz conteúdo e presta serviços ao governo federal sem recursos. Tampouco se faz comunicação sem pessoas – que devem ser contratadas conforme prevê a legislação, e não fraudando a lei com contratações por pessoa jurídica (PJ). É o que a maioria das empresas de radiodifusão o fazem, como Band, Globo e SBT, o que levou a multas milionárias da Receita Federal e problemas graves na Justiça trabalhista. É de se esperar, naturalmente, que as empresas públicas cumpram, minimamente, a lei.

Colunistas e o próprio governo reclamam do “desempenho” da EBC e falam em melhoria e “otimização” por conta da audiência. Os veículos da EBC não foram criados para disputar audiência, embora devam buscar sempre esse alcance. A TV Brasil já chegou a ser a 7ª emissora nacional e é a única aberta com programação infantil de fato. Poderia ter avançado em marcas mais efetivas, mas a falta de investimento e prioridade política dificultaram o ganho de visibilidade da empresa.

Mesmo com a falta de apoio e desmonte recente, a Agência Brasil produz conteúdos gratuitos que abastecem milhares de grandes e pequenos veículos de comunicação. A Radioagência Nacional faz o mesmo com estações de rádio. A Rádio Nacional da Amazônia serve centenas de milhares de ouvintes nos rincões do país. Além disso, a empresa tem caráter educativo, com difusão de programas e reportagens para contribuir com a formação dos cidadãos.

O questionamento da privatização da EBC vai muito além de seus empregos – embora essa preocupação seja legítima, uma vez que estamos falando de famílias que são sustentadas por esses empregos em um país com mais de 14 milhões de desempregados. Mesmo assim, é necessário restabelecer informações diante de uma campanha de ataque e que esconde a relevância social da empresa. Se é fato que o governo atual vem aparelhando editorialmente e desmontando muitos programas e serviços, a saída não pode ser extinguir ou privatizar, mas sim corrigir os erros e dar a devida estrutura para que a empresa possa, de fato, cumprir sua missão constitucional de fazer comunicação pública.

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