Ética Jornalística, um curso

Começo hoje um curso para alunos de mestrado e doutorado sobre estudos avançados em ética jornalística. Esta é uma disciplina eletiva do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, e nas próximas 15 semanas, pretendo  enfrentar com meus companheiros de aula algumas questões que me parecem cruciais para se pensar a profissão atualmente: ética das redações e ética hacker; verdade, credibilidade e fake news; robôs, algoritmos e automação do jornalismo; privacidade, vigilância e transparência; direito ao esquecimento e vazamentos… esses são alguns dos tópicos que vamos perseguir com uma extensa bibliografia, e é claro que outros podem surgir inadvertidamente.

A turma já está fechada e estarei em excelente companhia. Como talvez o assunto interesse a você, leitor, deixo aqui o plano de ensino na esperança de atrair novos interlocutores. Se não de forma presencial e em sala de aula, que o diálogo se dê pelas muitas vias tecnológicas que temos hoje.

Privacidade, sigilo e compartilhamento: um livro

O Observatório da Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (Obcom-USP) e o Instituto Palavra Aberta lançaram há pouco o livro “Privacidade, Sigilo e Compartilhamento”, que contém os textos apresentados num seminário de mesmo nome ocorrido em São Paulo em novembro do ano passado.

A obra é organizada pela professora Cristina Costa e reúne 22 textos em oito seções, que tratam de temas importantes como o direito ao esquecimento, controle e vigilância, intimidade e direito à expressão.

Com Ricardo José Torres, assino o capítulo “Orientações e inflexões sobre privacidade em manuais internacionais de ética jornalística, que analisa como a privacidade aparece (se aparece?) em dez manuais de jornalismo internacionais nas três últimas décadas.

O livro pode ser lido online ou baixado gratuitamente em ePub ou PDF.

Que tal uma agenda para a pesquisa em jornalismo no Brasil?

Fui convidado pelos organizadores do 14º Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo para falar sobre potências da pesquisa em novembro de 2016. Na mesa, estive com Danilo Rothberg, da Unesp, e com Josenildo Luiz Guerra, da UFS.

Deixei aqui no Medium um texto que sintetiza algumas das ideias que expus…

Ver no Medium.com

Jornalismo, localidade e vida comunitária

A revista Sobre Jornalismo/About Journalism/Sur Le Journalisme está com chamada de trabalhos aberta para uma edição especial sobre “Notícias Locais: sustentabilidade, participação e vida comunitária”.

A publicação é trilíngue (português, francês, inglês) e é dirigida por um consórcio internacional de pesquisadores que vêm fazendo um trabalho muito interessante na aproximação de universos acadêmicos.

São esperados textos de 30 mil a 50 mil caracteres com espaço até 30 de março de 2017. Sim, eu sei que parece longe, mas você sabe como o tempo voa…

Os coordenadores dessa edição especial são David Domingo (Université Libre de Bruxelles), Josep-Àngel Guimerà i Orts (Universitat Autònoma de Barcelona) e Andy Williams (Cardiff University).

A chamada completa está aqui:
http://surlejournalisme.com/wp-content/uploads/2016/10/Local-news_cfp_PT.pdf

Mudanças no jornalismo, evento no Canadá

A 4ª edição do Colóquio Internacional Mudanças Estruturais no Jornalismo (Mejor) já tem data e local definidos: vai acontecer de 3 a 6 de maio de 2017 na Université de Laval, em Quebec, Canadá.

O tema é “O jornalismo incapaz?  Projeto secular do jornalismo e contextos extremos”.

O encontro anterior do Mejor aconteceu em Florianópolis, na UFSC, e foi uma extraordinária ocasião para aproximar pesquisadores brasileiros, belgas, franceses e canadenses.

Mais informações aqui, na chamada de textos, que termina em 20 de outubro.

Sobre Florianópolis e a inovação no jornalismo

Tenho uma visão preocupante e a ao mesmo tempo otimista quando o tema é jornalismo. Preocupante não apenas pela crise das empresas do setor, mas também pelas muitas mudanças culturais pelas quais a nossa profissão tem passado nas últimas três décadas. Otimista justamente pela potencialidade do que tais mudanças podem provocar em termos de aperfeiçoamento e correção de rotas.

Um post do Alexandre Gonçalves no seu Primeiro Digital acabou me provocando. Ele se pergunta “Por que Florianópolis não é a ‘capital da inovação’ do jornalismo?”. Ele menciona uma característica que a cidade e seu entorno exibem: uma indústria consolidada de tecnologia e seus recursos humanos altamente qualificados. E exorta que jornalistas, veículos e esse promissor e influente segmento econômico dialoguem, buscando formas inovadoras de apresentação de conteúdos e mesmo de modelo de negócio.

Para além do fetiche que a expressão “capital da inovação” causa por aqui – e pelo que conheço do Alexandre, ele foi irônico -, eu gostaria de apimentar mais as coisas, pois quando se trata de inovação, estamos falando não apenas da obssessão pelo novo, mas acima de tudo, pelo busca do diferente e do inconformado. A inovação é um processo, um conjunto de ações e esforços para não fazer do mesmo, na tentativa de fazer melhor. A inovação também ajuda a fertilizar uma cultura dinâmica de desapego, de empreendimento e – cuidado com o palavrão! – de risco.

As empresas jornalísticas e os profissionais da área estão dispostos a correr riscos? Quais? E suportariam quanto?

O Alexandre Gonçalves conhece melhor as empresas locais de tecnologia do que eu, mas alimento uma desconfiança de que esse setor não esteja assim tão aberto ao jornalismo. Isso implica em formar parcerias e elas só se forjam quando há interesse mútuos e cambiáveis. Neste sentido, será mesmo que a indústria tecnológica de Florianópolis precisa do jornalismo que aqui é produzido? Será que depende dele? Será que iria se beneficiar com ele e com seus profissionais?

Essa minha desconfiança se apoia na observação dos fatos. Os grandes monstros da tecnologia global têm se aproximado do jornalismo tão somente para vampirisá-lo. Facebook e Google fazem isso. Não porque se importem ou se interessem por jornalismo. Eles estão atrás de conteúdos que atraem usuários, que carregam consigo dados e mais dados. Facebook não é uma rede social, é uma empresa de dados. Google não é uma páginas amarelas da web, é uma empresa de dados. Jornalismo, mídia ou entretenimento têm mostrado nos últimos dois séculos que comportam em si condições de atrair a atenção das pessoas, e é dessa maneira que os grandes conglomerados tecnológicos mundiais veem. O jornalismo é uma oportunidade.

Numa escala bem menor – Florianópolis -, não seria o mesmo?

Agora, vamos inverter a equação. O jornalismo que se pratica por aqui depende de nova tecnologia? É dependente dela? Iria se beneficiar com ela e seus desdobramentos?

Não arrisco respostas fáceis. Minhas questões têm um propósito simples: colocar em xeque o fascínio que construímos em torno das soluções tecnológicas como se nossa existência e subsistência dependessem delas. Será mesmo? Não estaríamos nós transferindo a terceiros a necessidade de alcançarmos melhores patamares de apuração e apresentação de conteúdos, de interação com públicos, e de sustentabilidade financeira?

Sim, a cidade tem potenciais incríveis, é verdade. De um lado tem um pólo tecnológico inovador, atuante, produtivo e agressivo. De outro, a região oferece pelo menos quatro opções de formação superior em Comunicação, sem contar o único Doutorado em Jornalismo no país, e uma quantidade respeitável de veículos e profissionais na área. No meio disso tudo, há quem empreenda. É o caso do Barato de Floripa, do Desacato, do Estopim, do Maruim, do Catarinas, e do Farol Reportagem, que chega hoje à rede, sedento por fazer coisas. Essas iniciativas ainda não se consolidaram, mas estão erguendo pilares se não de inovação tecnológica, mas de oferta alternativa de informação. Há outros coletivos e empreendimentos surgindo e essa efervescência só melhora o ambiente de discussão, formulação e implantação.

Numa rede de pesquisadores em torno do projeto GPS-JOR, estamos mapeando o cenário, coletando dados e discutindo modelos de governança, formas de financiamento e arranjos produtivos que transcendam a imagem única e poderosa que se consolidou no mercado: a empresa. É possível pensar em jornalismo de qualidade e que seja sustentável, para além de como funciona uma empresa jornalística? Como isso pode ser feito? Quem ganharia com isso? Quem estaria conosco nessa? Afinal, isso também não é uma forma inovadora de se ver o jornalismo?

Vigilância global e os riscos para o jornalismo investigativo

O aumento e a sofisticação dos mecanismos de vigilância global colocam em perigo a privacidade como um direito individual e o jornalismo investigativo como uma engrenagem importante para a democracia. É o que conclui o artigo de Paul Lashmar, publicado na Journalism Practice no final de maio. Em “No more sources? The impact of Snowden’s revelations on journalists and their confidential sources”, o jornalista e acadêmico entrevista 12 repórteres investigativos que apontam os impactos do recrudescimento do Grande Irmão sobre a atividade daqueles que fiscalizam os poderes…

Mais informações aqui

ATUALIZAÇÃO: O próprio Paul Lashmar escreveu um artigo hoje pedindo mais supervisão das agências de inteligência para que não incorram na vigia dos jornalistas (e dos demais seres humanos)…

Tendências do jornalismo em língua portuguesa

dispositivaAs revistas Dispositiva (PUC-MG) e Estudos de Jornalismo, do GT Jornalismo e Sociedade da associação portuguesa Sopcom, lançaram há pouco uma edição conjunta com artigos apresentando alguns vetores da investigação em jornalismo.

São dois volumes, e o próximo deve sair em abril.

O primeiro número está em formato PDF, em português, tem 135 páginas e arquivo de 2,5 Megas.

Baixe aqui.

Dias melhores virão

Amanhã começo um semestre daqueles!

Estou muito empolgado com o que vem por aí. Na graduação, terei mais uma turma de Políticas de Comunicação, e vou oferecer uma optativa para aprofundar o tema: Políticas de Comunicação 2. A ideia é mergulhar em alguns assuntos, como Marco Civil da Internet, uma Lei Geral para a Comunicação e a realidade da mídia no país… Quero ver também se conseguimos ter uma atuação para além das paredes da universidade, se é que me entendem…

Terei também outro desafio no curso de Jornalismo: vou assumir a disciplina de Legislação e Ética. Sim, já lecionei a matéria por quase dez anos na Univali e ela é meu objeto de pesquisa há mais de quinze. No entanto, herdo a responsabilidade do grande mestre Francisco José Castilhos Karam, referência nacional nesses estudos. Espero dar conta… Na pós-graduação, dividirei com o mesmo Karam a disciplina Estudos Avançados em Ética Jornalística, um privilégio para mim, para alunos do Mestrado e do Doutorado…

No mais, os desafios do semestre envolvem ainda a continuidade de minhas pesquisas, a renovação do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), a chegada de novos orientandos (mestrandos e graduando) e o lançamento de Questões para um Jornalismo em crise, a sair pela Editora Insular. Há outros projetos e parcerias sendo costurados, mas ainda é cedo pra contar.

O que posso adiantar é que eu e Ana Paula Laux terminamos o primeiro romance policial assinado por Chris Lauxx. O título ainda é segredo, pelo menos até assinarmos com uma editora…

Bem, eu avisei: estou empolgado. Dias melhores virão, e eles estão logo ali na esquina…

Começa hoje o Mejor

A 3ª edição do Colóquio Internacional Mudanças Estruturais do Jornalismo (Mejor) começa hoje na UFSC e vai até a próxima sexta, 15 de maio.

O tema que norteia os debates é “Os silêncios do jornalismo”, e reúne pesquisadores de Brasil, França, Bélgica e Canadá. Uma realização do Posjor/UFSC, o Mejor é co-promovido, no Brasil, pela Universidae de Brasília, e no exterior, pela Réseau d´Études sur le Journalism (REJ), Centre de Recherche sur l´Action Politique em Europe (CRAPE) e Centre de Recherche em Information et Communication(ReSIC), vinculados à Universidade de Rennes 1 e à Universidade Livre de Bruxelas.

Sim, algumas das principais atrações como a conferência de abertura com a professora Sylvia Moretzsohn poderão ser acompanhados pela internet:

Sala 1:
http://videoconferencia.cce.ufsc.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=14

Sala 2:
http://videoconferencia.cce.ufsc.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=15

Mais informações em: http://mejor2015.sites.ufsc.br

Congresso de Ética na Mídia prorroga prazo

(reproduzindo o informe dos organizadores)

Ampliado el plazo hasta el día 8 de febrero de 2015 para enviar propuestas de comunicaciones (abstracts) al III International Conference on Media Ethics (http://congreso.us.es/mediaethics/index.php/es/), que tendrá lugar en Sevilla los días 24, 25 y 26 del próximo mes de marzo. El plazo máximo para la entrega del texto completo será el 28 de febrero.

Atendiendo a la petición de algunos investigadores, se aceptaran comunicaciones para ser presentadas a través de internet (por skype o programas similares). Se dedicarán algunas de las sesiones del congreso a estas comunicaciones no presenciales en horarios que tendrán en cuenta la diferencia horaria entre Europa y Latinoamérica.

En esta III edición del Congreso contaremos entre otros ponentes con los profesores John Peters (University of Standford), Basilio Monteiro (Universidad St. Johns – Nueva York-) o  José Manuel de Pablos (Universidad La Laguna). Esta edición, está concebida como un espacio para intercambiar ideas de nuevos proyectos y la búsqueda de socios internacionales. También se ofrecen actividades prácticas para la mejora y calidad de la investigación científica, como una mesa redonda sobre revistas científicas patrocinada por la Revista Latina de Comunicación Social.

Dado el carácter internacional del congreso y los horarios europeos, el congreso se desarrollará en dos sesiones: mañana (9’30h -14’30h) y tarde (16’00h-18’00h), dejando así más tiempo a los congresistas para establecer relaciones con otros colegas o disfrutar de la ciudad si así lo desean. La organización ofrecerá diversas actividades sociales complementarías para quienes deseen prolongar las sesiones académicas con sesiones de trabajo en un contexto más personal y ameno.

Las comunicaciones seleccionadas para su publicación formarán parte de en un libro de actas electrónico publicado por la editorial Dykinson S.L, de Madrid, con su correspondiente ISBN, y un comité científico que avale dicha publicación. En los propios días del congreso se ofrecerá el link desde el cual se podrán descargar los congresistas sus contribuciones.

El primer día, 24 de marzo, las sesiones del congreso serán sólo en español, y en los días sucesivos, 25 y 26, serán tanto en español como en inglés.

Le agradecemos que distribuya esta información entre vuestras redes de contactos.

Más información o cualquier gestión: 3mediaethics@gmail.com

Mejor: prorrogado!

A organização do 3º Mejor informa:

O prazo para o envio de propostas de comunicação ao III Colóquio Internacional Mudanças Estruturais no Jornalismo foi adiado para a próxima terça-feira, dia 20 de janeiro.
Assim, há mais cinco dias para a submissão de propostas, de acordo com as normas descritas no site http://mejor2015.sits.ufsc.br 

As propostas, com 6.000 caracteres, devem ser enviadas para o e-mail mejor2015ufsc@gmail.com

revista rastros com chamada aberta

(reproduzindo)

Call for Papers – edição n. 20 da Revista Rastros – Bom Jesus IELUSC (Joinville/SC)

O Núcleo de Estudos em Comunicação (Necom) lança chamada de artigos para a 20ª edição da Revista Rastros. Serão aceitos preferencialmente artigos de mestres e doutores (mestrandos podem participar em coautoria com seus orientadores).

Os trabalhos devem estar em conformidade com a linha editorial da revista – Comunicação, linguagem e cultura, resultantes de reflexões teóricas ou de pesquisas realizadas nos diferentes campos que dialogam com a área da Comunicação Social e das Ciências Sociais Aplicadas.

Os artigos enviados para publicação na Revista Rastros devem ser inéditos, não tendo sido publicados em outro periódico anteriormente ou concomitantemente (excetuando-se publicações em anais de eventos).

Envie seu artigo pelo site: www.ielusc.br/revistarastros

Prazo para envio dos artigos: 30 de novembro de 2014

um clássico renovado

capa karamO professor Francisco José Castilhos Karam, um dos coordenadores do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) está lançando a 4ª edição revista e ampliada de “Jornalismo, Ética e Liberdade”.

Editado pela Summus, o livro foi publicado originalmente em 1997 e se tornou uma leitura obrigatória para pesquisadores, jornalistas e estudantes interessados nos dilemas éticos jornalísticos. Nesta reedição, a editora apresenta novo tratamento gráfico, capítulos completamente revistos e novas seções.

O autor leciona no Departamento de Jornalismo da UFSC desde 1984, já publicou “A ética jornalística e o interesse público” e atualmente é o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (POSJOR).

(reproduzido de objETHOS)