Eu prometi a mim mesmo não mexer mais neste assunto, tão desgastante para mim quanto desagradável para quem passa por aqui. Mas não posso me conter. (Se o leitor ou a leitora não quiserem saber sobre as minhas queixas sobre a atual diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, por favor, virem a página e retornem num próximo post…)
Mas se o leitor ou a leitora permaneceram até aqui, devem saber também que me manifestei em outras ocasiões (aqui) sobre o processo eleitoral que culminou com a reeleição da atual diretoria do SJSC. Devem saber ainda que fui vice-presidente na gestão 2002-2005 (e por 11 meses presidente de fato, mas não de direito). Assinei um manifesto em que diversos importantes profissionais clamavam por transparência na sucessão da entidade e pelo seu não-uso partidário. Com isso, me indispus com algumas pessoas a quem respeito. E aí não quis mais tocar no assunto, levar a vida adiante porque ela é mais.
O que me motiva agora é um email que recebi ontem, mas que só abri hoje. Um email de Luciana Simas, que foi secretária do SJSC por 15 anos. Na mensagem, cortês, sem ressentimentos e com tons esperançosos por novos e melhores dias, Luciana informa que foi demitida do SJSC. Que a atual diretoria rescindiu sem contrato, dispensando-a – inclusive – do aviso prévio. Na mensagem, Luciana agradece a associados e outros colegas pelos anos de convivência e aprendizado e deseja sucesso à nova diretoria. Sim, porque hoje, toma posse a nova diretoria do sindicato. Não tão nova, é verdade.
Acho sintomático o que aconteceu. É simbólico, é marcante e me coloca muitas dúvidas sobre os rumos e a condução que se pode dar a uma entidade como o Sindicato dos Jornalistas. É claro que ninguém é eterno em seu posto de trabalho. É claro que qualquer diretoria pode admitir ou desligar funcionários. Mas é claro também que fico muito ressabiado sobre quais teriam sido os motivos que levaram os diretores a tomar uma decisão como essa. Perseguição? Retaliação?
Conheço Luciana. Trabalhei com ela. Fui testemunha da sua dedicação e da sua inegável presença e importância no funcionamento cotidiano do sindicato. Ela sempre foi uma pessoa importante na entidade, acompanhou as gestões de Sergio Murillo, as de Luis Fernando Assunção e um mandato de Rubens Lunge. Conhecia o sindicato e a sua rotina como ninguém. E é mesmo uma pena que tenha sido descartada assim.
Meu amigo, Dauro Veras tem uma visão abençoada de demissões: elas nos fazem aprender sobre o desapego, por exemplo. Ele diz isso ao comentar a dispensa de Luciana.
Tomara. Desejo que Luciana encontre melhores oportunidades e seja reconhecida pela profissional que é: séria, compromissada e leal.
Mas não resisto a somar os termos de uma equação que já foi cantada anteriormente. A demissão de Luciana não é apenas um fato burocrático, técnico. Ele faz parte de um projeto político da cúpula que hoje dirige o sindicato. Vocês devem se lembrar que houve racha para a composição da chapa que disputaria a eleição. Os diretores que queriam permanecer romperam com “os colegas das antigas”. Não dialogaram, não quiseram compor uma chapa, fazendo questão de exigir postos na Executiva, como mandava o partido. A dispensa de Luciana é um gesto que se soma, pois caracteriza mais um corte, mais uma separação de águas com o passado, com as gestões anteriores, com a tradição, com a história. A administração que agora começa não quer se parecer em nada com as antecessoras.
Uma nova gestão começa hoje no sindicato. Uma nova diretoria toma posse. E ela já começa bem: demitindo. Para uma entidade que defende os interesses dos trabalhadores já é um grande começo.
ATUALIZAÇÃO: Mylene Margarida também comentou o assunto em seu blog: Aqui.
Não dá para deixar em branco. O fato é muito grave!
Também comentei no meu blog e concordo em tudo contigo.
Oi, Rogério!
Sabias que o SJSC está com fechaduras novas em suas portas desde o final da tarde de sexta-feira?