Foi anunciada hoje a morte de Ernesto Sabato, o maior escritor argentino vivo desde Jorge Luis Borges. Sabato completaria 100 anos no final de junho; foi-se por causa de uma bronquite, o que é devastador para quem está com essa idade…
Na primeira vez que fui a Buenos Aires, trouxe na bagagem um exemplar de seu “Sobre homens e tumbas”. O grosso volume, com capa dura e miolo de papel barato, ainda dorme na minha prateleira. Não fui além das primeiras páginas porque outros autores furaram a fila. Outro título do próprio Sabato passou à frente. Devorei “O túnel” em dois dias e fiquei perplexo com uma prosa tão marcante do final dos anos 40.
No feriado da Páscoa, passei pelas livrarias da Corrientes e me deparei com livros de Sabato em promoção. Os argentinos parecem não ter pudores com isso. Ao lado dele nas bancas montadas estava um Borges aqui, um Bioy-Casares ali. Uma senhora estava ao meu lado e passou delicadamente os dedos pela capa de “Um e o Universo”, o livro de estreia de Sabato. A leitora parecia acariciar o rosto do autor. Nem ela, nem eu imaginávamos que uma semana depois seríamos informados da morte do velho escritor…