Passe os olhos pelos jornais agora e vá direto às páginas de esportes. Sim, concentre-se nos textos que tratam do vexame da seleção brasileira na Copa América. (Se você estava na lua ou teve o bom senso de aproveitar o final de semana para descansar da TV e não viu nada, o Paraguai eliminou o Brasil da competição, sem gols. E a seleção perdeu quatro pênaltis na derradeira disputa…)
Volte aos textos e assista a um desfile patético de tentativas de explicação do inusitado, de frases mancas dos jogadores, de constrangimentos espalhados entre os colunistas e redatores. É isso mesmo. A vergonha é indisfarçável e contagiante. Só o tempo vai dissipá-la… Enquanto isso, não posso deixar de dizer que não engulo alguns lugares comuns que preenchem as páginas dos jornais, as músicas nos elevadores, as paredes dos prédios.
“Futebol é assim mesmo! É o único esporte onde nem sempre o melhor vence!”
“Jogaram muito melhor que o adversário. Só faltou o gol, foi um detalhe”
“Foi injusto. Jogaram melhor, mas deixamos escapar a vitória no final…”
Ora, bolas!
Qual é a razão do esporte? Numa palavra: vencer.
O futebol é esporte? É.
Qual a razão do futebol, então? Vencer.
Como é que se vence no futebol? Fazendo mais gols que o adversário.
Qual é o momento mais esperado do jogo? O do gol.
Então, gente, gol não é detalhe, não é um capricho de preciosistas. É a condição para se alcançar o objetivo desse esporte criado pelos bretões. Jogar melhor e não vencer viola as regras mais lógicas. Como é possível ser superior sem sobrepujar o oponente? Não existe, não funciona, não é. Trata-se de retórica, de discurso de resignação, de autopiedade. Muita gente embarca na história porque o raciocínio tem um toque místico, que desestabiliza a razão, a lógica, o senso.
Daí que também não existe injustiça nesse caso. Se não fez o gol que demarcaria ser mais que o rival, por que seria justo que o time fosse o vencedor? Apenas por belas jogadas? Apenas pela criatividade? É pouco. Claro que adoro ver futebol bem jogado, quem não gosta? Mas belos passes que não geram gols são, esses sim, detalhes que não desaguaram no que vai diferenciar uma equipe da outra. Não é só pragmatismo; é realismo. As regras são conhecidas por todos desde o apito inicial. Tem que fazer mais gols do que o outro. Senão não tem vitória. Está aí uma das diferenças entre jogar futebol – profissionalmente – e jogar bola – por prazer, sem compromissos maiores.
Esse texto só pode ter sido escrito por alguém que nunca jogou bola na vida.
Bom Dia: a resposta esta correta aquele que tem compromisso é jogador de futebol
e a quele que não tem compromisso é jogador de bola.