Fugimos dos sentidos de algumas palavras. Às vezes, até fazemos um leve esforço para fingir que esquecemos aqueles significados, como se pudéssemos engavetar tudo.
É o que se passa com “desprestígio”.
Quase nunca usamos, não é? Gostamos mais do antônimo. É nome de chocolate, é algo que nos enaltece, uma forma de capital, que ajuda a nos destacar dos demais.
Desprestígio, não. Revela que – por mais que façamos, por mais que provemos o nosso valor -, de nada valeu. Não somos reconhecidos como esperávamos. Não somos tidos como queríamos. Não somos especiais em nada. Mãos e bolsos estão vazios.
Não se trata de paparico, de ter vantagem adicional sobre os demais, de afagos no ego. O desprestígio só mostra que a tabela pela qual fomos valorizados está zerada, e nesse cálculo de si, o resultado é mais que negativo.
O desprestígio exibe um pouco de nós. Mas também mostra quem nos cerca: o quanto nos querem bem, o quanto nos conhecem, o quanto estão conosco.