5 anos monitorando

Hoje, este blog faz cinco anos de postagens ininterruptas. Criado no UOL, migrou há exatos três anos para o WordPress, e como estamos sendo muito bem tratados, por aqui devemos ficar por mais um bom tempo.

Em cinco anos, muitas coisas mudam, outras amadurecem. Para falar das mudanças, um post só não daria conta. Mas do lado de cá do teclado, permanecem dois sentimentos:

  • o entusiasmo pelo gesto e pelo estilo de vida blogueiro
  • e a imensa gratidão pela sua leitura

Beijos, queijos e caranguejos!

para americanos, blogueiro = jornalista

Um estudo recentíssimo mostra que 52% dos blogueiros norte-americanos se consideram jornalistas. O levantamento é da PR Week e da PR Newswire. Essa sensação de equivalência era menor no ano passado: um em cada três blogueiros se achavam jornalistas.

Claro que cada caso é um caso, e que a pesquisa é concentrada no complexo ambiente dos Estados Unidos. De qualquer forma, os indicativos nos permitam pensar e discutir em torno das aproximações cada vez mais inevitáveis entre jornalistas e blogueiros. O combustível para essa atração e confusão de papéis atende pelo nome de Redes Sociais. Elas têm chacoalhado as relações profissionais não apenas na Comunicação, mas também na Educação.

Nas páginas finais de meu “Ética no Jornalismo”, eu projetava movimentos convergentes de uma ética jornalística tradicional e de uma ética hacker, cada vez mais influente. Está em curso. Aperte os cintos porque não é apenas a paisagem da janela que está mudando; nosso ônibus já não é mais o mesmo…

a crítica aos amadores e as mudanças que o jornalismo vem sofrendo

Tão importante quanto compreender as ideias de alguém é perceber de onde se está falando. O lugar de fala é revelador das condições de produção do discurso a ser analisado, entendido, absorvido. Isso porque não existe discurso sem sujeito que o emita e não há sujeito sem ideologia, sem inconsciente, sem posições.

Por isso, não basta ler “O culto do amador” (Ed. Zahar, 2009) e entender quais as razões que levam o seu autor a atacar de forma tão veemente as novas mídias, as redes sociais e o que se convencionou chamar de Web 2.0. É preciso ainda identificar de onde Andrew Keen desfere seus dardos, e uma leitura minimamente atenta permite isso no trecho que destaco abaixo:

“O mais grave de tudo é que as próprias instituições tradicionais que ajudaram a promover e criar nossas notícias, nossa música, nossa literatura, nossos programas de televisão e nossos filmes estão igualmente sob ataque” (p.13)

Para Keen, blogs, sites de relacionamento, twitter e youtube, entre tantos outros, estão colaborando para soterrar o que se criou de cultura de massa e de mediação nos últimos séculos. Uma turba de desordeiros hipertrofiados pela internet e por um espírito anárquico atentam contra “as nossas redes de TV”, contra “os nossos jornais”, e por aí vai. O discurso não só vai na contramão das falas que tecem uma nova Renascença quanto ilude que emissoras de televisão e jornais sejam realmente “nossos”, que realmente difundam “nossos valores” e que sejam uma reflexo da nossa cultura e idiossincrasia.

Assim, e para encurtar a história, a posição de fala do autor é a que confunde as fronteiras do meu e do seu. De repente, a mídia tradicional se converte na última linha de defesa frente aos ataques de hackers. De repente, a mídia tradicional se torna o último bastião diante dos selvagens e seus mouses ópticos.

Não se deve discordar de tudo o que Andrew Keen escreva, mas alguns argumentos são aterrorizantes, pelo menos para mim. Keen advoga o fato de que estamos recheando a web com lixo diversificado, com opiniões não balizadas, com informações não checadas, com pornografia e bizarrices. Estamos “transformando cultura em cacofonia”, e a democratização “está solapando a verdade, azedando o discurso cívico e depreciando a expertise, a experiência e o talento”. E mais: “está ameaçando o próprio futuro de nossas instituições culturais”. Afinal, “o talento é produzido pelos intermediários” – como o próprio Keen foi no início da web, quando ganhava seu rico dinheirinho por lá.

Os argumentos são conservadores, apocalípticos e, em muitas situações, sofismáticos. O alarme soa a cada virada de página, e o leitor se vê diante de exemplos que só demonstram o quão permissiva, perdulária e corrosiva é esta cultura a que bilhões de pessoas estão mergulhadas nos dias de hoje no mundo. Mas por que ler “O culto do amador” mesmo seu conteúdo sendo não totalmente verdadeiro e sua mensagem tão amedrontadora? Porque é justamente o confronto de argumentos que produz o conhecimento e o discernimento. O fato de discordar de Keen não invalida suas posições. Pode inclusive tornar as convicções do leitor mais fortes e bem sustentadas. Keen deve ser lido sim, até pela coragem que exibe. Afinal, ele dá braçadas vigorosas na contracorrente e desdenha de alguns dos mais influentes nomes da internet no momento: Chris Anderson, Dan Gillmor, Tim Berners-Lee, Tim O’Reilly, Pierre Lévy, Jimmy Wales, Brin & Page, etc…

A questão que mais incomoda não é o tratamento do tema pelo prisma moral. Pelo contrário. É isso o que mais me atraiu na leitura: discutir tecnologia por meio do comportamento e da conduta de pessoas. Sim, tecnologia é também um problema moral, um problema de dilemas éticos, para além de violações de direitos e abertura de processos judiciais. O que mais me incomodou foi a assunção de uma posição tutelar, que desacredita da maturidade, inteligência e sensibilidade das pessoas para discernir caminhos, discutir soluções e estabelecer novos padrões de conduta. Vejam o que Keen escreve lá pelas tantas:

“Minha posição é que somos facilmente seduzidos, corrompidos e desencaminhados. Em outras palavras, precisamos de regras e regulamentos para ajudar a controlar nosso comportamento online, assim como precisamos de leis de trânsito para regular o modo como dirigimos a fim de proteger a todos contra acidentes. (…) O fato é que uma regulação modesta da internet funciona” (p.183)

É aí que mora o perigo: não se acreditar no potencial humano, no debate do coletivo, na nossa capacidade de resolver os próprios problemas. Se não somos capazes, precisamos de tutela, de um poder central e superiormente hierárquico que nos bote de castigo, que nos prive de “nossos privilégios”, que decida por nós. É aí que Keen marca bem o seu território e se distancia do que pensam os que acreditam numa inteligência coletiva, num projeto coletivo de comunicação, numa equação mais colaborativa de vida.

As críticas de Andrew Keen avançam sobre o sistema de compartilhamento de arquivos, sobre a cultura do download, sobre o chamado “jornalismo cidadão”, sobre a enciclopédia virtual editada por não-especialistas, etc… Sim, a educação, a comunicação e o jornalismo vêm sofrendo profundas transformações nesses poucos anos. Os saberes já não são mais o que eram. A informação escorre pelos dedos de todos, e os intermediários precisam redefinir seus papéis. Não só os professores em salas de aula onde em muitos temas os alunos sabem mais que os mestres. Mas no ecossistema informativo, onde os jornalistas não são mais as únicas bases difusoras do noticiário. É preciso se reinventar, chacoalhar o acomodado, permitir-se a instabilidade e a incerteza. Esta é uma era calcada nas incertezas…

Keen não erra ao vestir a fantasia do arauto do apocalipse; apenas se equivoca ao dizer que tem a solução para toda a tribo. Keen não erra ao se assumir um moralista, mas derrapa feio no niilismo que vê nos usuários do sistema meros números de IP. Outras pessoas poderiam ter cometido esse deslize, mas Keen não. Ele presenciou o nascimento da internet no Vale do Silício, se beneficiou com isso, ajudou a difundir uma cultura e sabia muito bem o que estava fazendo. Xingar cada internauta que posta seu vídeo caseiro no YouTube de “amador” não é ofensivo. As fronteiras que separam amadores de profissionais, leigos de especialistas se demarcam a cada momento. Elas não foram simplesmente varridas do planeta: apenas tornaram-se móveis, elásticas e dinâmicas. A terra gira, senhor Keen. Pode-se comprovar isso não olhando pro chão, mas pro céu, onde estão os sonhos e os devires…

códigos de ética de todos os cantos

Se o seu interesse passa pela ética jornalística, por discussões sobre deontologia e por reflexões sobre a conduta dos jornalistas, a dica é passar pelo Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) que acaba de retornar das férias escolares com uma lista de códigos deontológicos do mundo todo. Nesta primeira edição, são 30 documentos em português e inglês. Mas a equipe promete mais novidades nas próximas semanas…

Acesse na seção Códigos.

3 ideias dispersas sobre pesquisas em blogs

Daqui a pouco participo de uma mesa que debate Cibercultura e as pesquisas sobre blogs e conversações, ao lado de Sandra Montardo, André Lemos, Henrique Antoun e com moderação do Sérgio Amadeu.

Minha curta fala vai se apoiar em três ideiazinhas sobre as pesquisas que se vem fazendo sobre blogs. Claro que os poucos minutos que terei não vão me permitir fazer um panorama da coisa, mas não é o que quero fazer, e sei que tem gente em melhores condições disso. Vou centrar meu foco nas pesquisas que se faz na área da Comunicação e mais detidamente no Jornalismo.

Primeira ideia: ao contrário do que se pensa no campo da Comunicação, a maior parte das pesquisas acadêmicas sobre blogs ou tendo blogs como suporte de visibilidade de fenômenos NÃO É FEITA NA COMUNICAÇÃO. Uma rápida pesquisa no Portal de Teses da Capes mostra que saem mais mestrados e doutorados em Linguística/Letras/Literatura sobre o tema do que em qualquer outro lugar. Essa diversidade abre portas para uma série de outros insights.

Segunda ideia: as pesquisas dos últimos oito ou nove anos sobre blogs ajudou a academia a perceber as crises contemporâneas no jornalismo. Se a queda maciça de tiragem nos jornais ainda não aportou no Brasil, o signo da crise só foi pairar sobre as cabeças dos pesquisadores da área graças à atenção que deram aos blogs como instrumentos de comunicação, difusores de informação e opinião. Os blogs, para os pesquisadores da Comunicação, deram o primeiro lampejo de uma crise existencial que se acomodou sobre as redações. Depois vieram as redes sociais, que só tornaram a situação mais aguda, o nervo mais exposto. Então, a pesquisa sobre blogs foi a ponta do iceberg de um novo continente que hoje se descortina na academia: a reflexão sobre o jornalismo, a sua natureza, as suas bases, e as mudanças que fazem tremer o seu chão. Não que isso não interessasse a pesquisadores antes, mas agora é bem evidente essa preocupação.

Terceira ideia: cada vez mais me convenço de que não estaremos pesquisando blogs daqui a dez anos. Não com o mesmo vigor. Não com o mesmo ímpeto. E talvez com um objeto de pesquisa totalmente reconfigurado. Quer dizer: acho que o blog é uma mídia de transição. Futurologia minha? Não, é apenas um palpite, uma pequena convicção.

Como disse, falarei desses três pontos daqui a pouquinho na Campus Party 2010. Se as ideias evoluírem e se assentarem, escrevo mais em seguida…

(Ficou curioso? Então, assista por aqui: http://tv.campus-party.org)

campus party, lá vou eu!

Como já adiantei, participo este ano da Campus Party.

Estou entusiasmado e ansioso para o debate “Cibercultura e pesquisas sobre blogs e conversações” ao lado da Sandra Montardo, de André Lemos, do Henrique Antoun e com moderação do Sérgio Amadeu. Havia preparado uma fala mais acadêmica e chatérrima. Ontem, uma vozinha interior me aconselhou a mudar o tom. Revisei meus pontos e espero não fazer ninguém dormir a partir das 14 horas…

Alinhavei duas ou três ideias sobre a pesquisa brasileira sobre blogs e sobre jornalismo, a área em que me sinto mais confortável para falar. Devo comentar um pouquinho do que se vem fazendo em termos de pesquisa mais longas no país em outras áreas também, como na Educação, na Comunicação e em Letras/Linguística/Literatura. Não preparei nenhuma provocação, mas talvez as duas ou três ideias que eu compartilhe na mesa causem alguma reação.

Escrevo mais sobre isso na sequência…

blogosfera policial e direitos humanos para mídia comunitária

Dois estudos bem interesantes caíram na rede nos últimos dias: um trata de blogs de policiais brasileiros ou com abordagem policial, e outro é uma cartilha sobre direitos humanos para comunicadores comunitários.

Os estudos foram produzidos pela UNESCO, Oboré e Centro de Estudos sobre Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes.

Baixe A Blogosfera Policial no Brasil: do tiro ao Twitter aqui!

Baixe Direitos Humanos na Mídia Comunitária aqui!

presentinhos de sexta

Como o final de semana se aproxima, deixo três presentinhos:

1. A reconstrução do jornalismo americano. Relatório recente – do último dia 20 -, assinado pelos professores Leonard Downie Jr e Michael Schudson, das universidades do Arizona e de Columbia. Em inglês, em PDF e com 100 páginas. Aqui.

2. A emergência das redes sociais e os seus impactos no jornalismo convencional. Estudo recente sobre a realidade do Reino Unido assinado pelo Reuters Institute for the Study of Journalism. Em inglês, em PDF e com 60 páginas. Aqui.

3. Recentemente, tratei da Ley de Medios argentina, polêmico marco regulatório que pode alterar sensivelmente o mercado audiovisual daquele país. Aliás, a lei está aqui. Em espanhol, em PDF e com 25 páginas.

ciclo discute comunicação e tecnologia

logo_home1De hoje até dia 13, o Nós da Comunicação promove o ciclo Comunicar Tecnologia, semana temática em que vai focar todas as seções do site para refletir novas tecnologias e procedimentos aplicados à comunicação. Serão promovidos chats com pesquisadores e especialistas, serão publicados artigos e reportagens sobre isso.

Partipo de um chat amanhã, dia 6, às 15 horas.

Se isso te interessou, passe por lá também…

um novo observatório de mídia

logo_objethos_pqnoEntrou em atividade na semana passada o Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), grupo de pesquisa do Departamento de Jornalismo da UFSC. O projeto é uma iniciativa minha e do professor Francisco José Karam, e reúne ainda alunos do Mestrado e, em breve, da graduação. O objetivo é desenvolver pesquisas sobre valores e condutas no jornalismo, sobre aspectos morais e deontológicos na área e sobre as mudanças que a profissão de jornalista vem passando.

A base operacional do objETHOS é o seu blog, que traz ainda dicas de livros e filmes sobre o tema, artigos e outros materiais sobre a deontologia jornalística. Se o assunto te interessa ou se você tem sugestões e comentários sobre a ética praticada no jornalismo brasileiro, o objETHOS é o seu canal. Acesse!

seminário blogs, amostras em vídeo

Estive muito rapidamente no 3º Seminário de Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digital, promovido entre os dias 21 e 22 passados, na Feevale em Novo Hamburgo (RS). Foi um autêntico bate-e-volta, e fiquei menos de 24 horas em solo gaúcho. Foi rápido, mas foi muito divertido e interessante.

Primeiro pela ótima organização do evento e pelos contatos que lá fiz. O pessoal é realmente muito conectado, muito interessado, e conta com um belo núcleo de professores envolvidos com as temáticas da web 2.0. Sandra Montardo, Paula Puhl, Cintia Carvalho e Maria Claro Aquino são pesquisadoras seriíssimas em suas investigações, e divertidíssimas, de alto astral e de bom humor contagiante. A elas agradeço o convite e a recepção.

Em minha rápida estada em Novo Hamburgo, revi ainda Adriana Amaral, Luciana Mielniczuk, Leonardo Foletto, Marco Santuário, Susan Liesenberg, entre tantos outros. Pude conhecer ainda a inteligentíssima Ana Maria Brambilla, o amável bon vivant Diogo Carvalho, o low profile-simpatia André Peccine, e o workaholic Edney Souza, o Interney. Foram horas de aprendizado e de grandes insights.

Se você não pôde ir, dê uma chegadinha na rede social que criaram para o evento, ou veja os videozinhos abaixo…

Ana Maria Brambilla, da PUC-RS

André Peccine, da Google

bônus da palestra: 8 links imperdíveis

Estou em trânsito e por isso, nem vou tomar o seu tempo. Como prometi na palestra no 3º Seminário Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digital da Feevale, aí vai um bonus track…

  • O Nieman Reports tem um dossiê especialíssimo sobre Jornalismo e redes sociais. Vai lá!

hoje tem seminário de blogs na feevale

Acontece hoje e amanhã na Feevale, em Novo Hamburgo, a terceira edição do Seminário Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digital. O evento é um dos encontros mais antenados do Brasil sobre o tema das novas tecnologias da comunicação e informação.

Veja a programação, e se não puder estar lá – eu vou! -, siga pelo twitter.

21/09 – Segunda-feira

17h30 – Abertura Oficial (Auditório do Prédio Azul)

18h às 19h30min – Palestra: Redes Sociais na Web e Jornalismo Colaborativo (Auditório do Prédio Azul)
Ministrantes: Profª. Ms. Ana Brambilla (PUC-RS) e Prof. Dr. Rogério Christofoletti (UFSC)

20h às 22h – Palestra: Promoções e relacionamentos online (Auditório do Prédio Azul)
Ministrantes: André Peccine (Google), Edney Souza (Interney) e Diogo Carvalho (Blog Destemperados)

22/09 – Terça-feira

14h às 17h – Grupos de Trabalho (GT`s) *

– GT Redes Sociais na Web – Sala 304 do Prédio Multicolor

– GT Conteúdo na Comunicação Digital – Sala 305 do Prédio Multicolor

– GT Comunicação Digital Corporativa – Sala 307 do Prédio Multicolor

14h às 17h – Oficinas*

Oficina 1: TV na Internet (Justin.TV, Youtube, entre outros)
Ministrante: Prof. Dr. André Pase (PUC-RS)
Laboratório: 406 do Prédio Multicolor

Oficina 2: Plano de presença online
Ministrante: Arnoldo Barroso Benkenstein (Bolsista IEL/Agência Integrada)
Laboratório: 407 do Prédio Multicolor

Oficina 3: Plataformas de música online
Ministrante: Prof. Dra. Adriana Amaral (UTP)
Laboratório: 408 do Prédio Multicolor

* Atividades simultâneas

17h – Coffe Break no Espaço Colaborafun (entre os Prédios Verde e Amarelo).

semana que vem o bicho vai pegar

Sabe quando você reclama que tudo parece desabar sobre sua cabeça de repente?

Sabe quando seu maior inimigo é o relógio?

Já pensou em se clonar para estar em vários lugares ao mesmo tempo?

Não, não adianta se queixar. Ainda não conseguiram inventar uma forma de ocupar diversos espaços simultaneamente, nem ao menos aprimoraram as técnicas de clonagem a ponto de nos permitir desfrutar de uma festa e aplicar uma prova na mesma hora…

Por isso e enxotando de uma vez o Sistema Automático de Reclamação, aviso: apertem os cintos porque a semana que vem é uma correria só!

De 21 a 25, acontece a 8ª Semana do Jornalismo, aqui na UFSC.

De 21 a 22, acontece na Feevale o 3º Seminário Blogs, Redes Sociais e Comunicação Digital.

De 25 a 27, acontece no 8º Encontro Nacional de Jornalistas de Assessoria de Comunicação (Enjac), no Rio de Janeiro.

Tentando jogar nas onze, parto na segunda, 21, para Novo Hamburgo (RS) para o Seminário de Blogs, de onde retorno no dia seguinte. Na quarta, quinta e sexta (23, 24 e 25), vou a Florianópolis (SC) para aproveitar um pouquinho da Semana do Jornalismo. No sábado (26), rumo para Teresópolis (RJ) para o Enjac, de onde volto no dia seguinte.

Neste ritmo, muito possivelmente, na segunda, 28, minha mulher me bota pra fora de casa…

manifesto internet: 17 constatações de como o jornalismo funciona

Paulo Querido conta como surgiu a versão portuguesa do Manifesto Internet, elaborado por um conjunto de jornalistas alemães em reação à desastrada Declaração de Hamburgo, feita por um grupo de proprietários de meios de comunicação europeus. O Manifesto Internet reacende a discussão sobre o papel do jornalismo e de jornalistas no turbulento e visceral cenário atual ultra e pós-midiático.

As 17 constatações que alicerçam o Manifesto são:

1. A Internet é diferente.

2. A Internet é um império dos media tamanho de bolso.

3. A Internet é a nossa sociedade é a Internet.

4. A liberdade da Internet é inviolável.

5. A Internet é a vitória da informação.

6. A Internet muda melhora o jornalismo.

7. A Internet requer gestão de ligações.

8. Ligações recompensam, citações enfeitam.

9. A Internet é um novo palco para o discurso político.

10. Hoje, liberdade de imprensa significa liberdade de opinião.

11. Mais é mais – não existe algo como demasiada informação.

12. A Tradição não é um modelo de negócio.

13. Os direitos de autor tornam-se um dever cívico na Internet.

14. A Internet tem muitas moedas.

15. O que está na Net fica na Net.

16. A qualidade permanece a mais importante das qualidades.

17. Tudo para todos.

Para ler na íntegra, veja o Manifesto aqui.

dissertação define blog jornalístico: assista!

Acontece hoje, a partir das 9h30, no auditório B do CCE da UFSC a defesa de dissertação de Leonardo Feltrin Folleto. O trabalho tem o título “O blog jornalístico: definição e características na blogosfera brasileira”,  e foi orientado por Elias Machado Gonçalves. Estarei na banca de avaliação junto com o orientador e Claudia Quadros, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Ficou interessado e não tem como ir? Assista à transmissão ao vivo por este link.

não se engane: “intrigas de estado” não opõe jornalistas e blogueiros

A primeira coisa que ouvi de “Intrigas de Estado” era que o filme dirigido por Kevin MacDonald colocava frente a frente para um combate jornalistas e blogueiros, personagens talhados a se odiar e se autodestruir. Confesso que demorei um pouco para assistir receando encontrar um enredo maniqueísta e raso. Mas jornalista não deve acreditar nos primeiros comentários que ouve, precisa é checar, conferir, provar a coisa.

Pois fiquem sabendo que “Intrigas de estado” (State of Play, no original) não opõe jornalistas e blogueiros e, por isso, não alimenta guerrinhas que se insinuam em ciclos cada vez mais curtos. Há exatos dois anos, aqui mesmo no Brasil, uma campanha do Grupo Estado causou polêmica na internet, comparando blogueiros a chimpanzés e a gente muito esquisita. À época, não quis embarcar numa briga intestina que para mim não tinha o menor sentido. Vi que não se tratava de algo apaixonado, mas apenas business.

No caso de “Intrigas de Estado”, a coisa também é bem diferente. O enredo coloca o jornalista Cal McAffey (interpretado por Russell Crowe) ao lado da blogueira Della Frye (Rachel McAdams) na cobertura de um caso que parece, no início, um simples assassinato de um anônimo mas se converte num caso de conspiração nacional, com implicações bilionárias e pessoais. Outra morte – agora de uma assistente do congressista Stephen Collins (Ben Affleck) – coloca mais gasolina na fogueira, pois entram em cena elementos como infidelidade conjugal, corrupção política, lobbies em Washington, as ascendentes empresas de segurança privada que alistam mercenários… enfim, juntaram sexo, poder, dinheiro e guerra! Para temperar, os produtores agregaram interesse público, conflitos de interesse e ética jornalística num cenário de transição midiática.

Veja o trailer

A trama coloca em primeiro plano uma dupla que parece no início muito contrastada, mas que ao longo do filme vai se mostrando afinada e convergente: de um lado, o jornalista tarimbado, conhecedor de lugares e pessoas, criterioso e desorganizado, comprometido com a profissão mas conflitado pois é amigo de longa data do deputado em apuros. De outro, a jovem blogueira, imediatista, impulsiva e levemente arrivista, mas que na verdade é apenas uma jovem repórter. Não, a dupla não vira um casal. Há pouco espaço e tempo para romances aqui. A relação que se mostra é muito mais de mestre e aprendiz, e é aí que a coisa está: o filme não opõe blogueiros e jornalistas, nem o velho contra o novo jornalismo.

Na minha leitura, o filme discute o que é essencial no jornalismo, o que faz do jornalismo algo relevante e útil na sociedade. Neste sentido, as críticas que o diretor deixa escapar pela boca do jornalismo experiente têm alvo certo: o jornalismo de sensação, a velocidade como fetiche, a correção e a precisão como acessórios, e a fofoca como modo de existência da informação. Cal McAffey dirige as suas ações para o que está por trás das versões que vão se colocando. Como quem tenta trazer à tona a verdade, o segredo oculto pelos interesses corruptores. O jornalista tenta convencer a jovem blogueira e a veterana publisher que há algo por trás daquilo tudo, algo que é essencial, que é o espírito da matéria.

Russell Crowe encarna esta perspectiva, a do homem-essencial. Seu jornalista anda com cabelos desgrenhados, está visivelmente fora de forma, come de forma desregrada, se veste de qualquer maneira. Seu carro é um velho Saab de 1990, azul calcinha. Seu apartamento até que é arrumado, mas a sua mesa no jornal é a sucursal do inferno… Cal McAffey é despojado, informal, focado no que é essencial. É avesso ao deslumbramento, ao imediato, à primeira impressão. É instintivo, racional e pouco convencional nos seus procedimentos. Afinal, a situação é delicada, e a distância que precisaria manter de suas fontes não é a ideal…

Você já viu isso…

“Intrigas de Estado” lembra mesmo “Todos os homens do presidente”, dirigido por Alan Pakula. Mas é deliberado, conforme reconhecem os próprios realizadores. A redação do jornal Washington Globe é um decalque de qualquer grande redação, e ainda mais a do Washington Post recriada para o clássico de 1976. O clima de suspense e de intriga segue os mesmos passos, e até mesmo a sequência da checagem de informações pelos jornalistas se remete ao trabalho de Bob Woodward e Carl Bernstein, interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman. (Veja o trailer)

Não só isso. “Intrigas de Estado” traz a ótima Helen Mirren no papel da publisher Cameron Lynne, fácil de ser comparada às editoras mandonas e inesquecíveis vividas por Glenn Close em “O jornal” e por Meryl Streep em “O diabo veste Prada”. Grandes atrizes em papéis fortes e decisivos.

O que não havíamos visto é a belíssima sequência final que mostra o processo industrial de impressão do jornal. Da composição, passando pelo fotolito das páginas e pela gravação da chapa de metal, vamos ao encaixe nas rotativas e o acoplamento das imensas bobinas de papel. Depois, as esteiras, a velocidade, as manchetes, a cadernização, os encartes, a dobra, o refile e o empilhamento dos exemplares. Por fim, os fardos de jornais são embarcados nos caminhões e seguem para a entrega nas bancas. Sim, é isso mesmo: contei o final do filme. Mas isso nem é o essencial, o essencial está em outro ponto, momentos antes do que contei.

Para Débora Miranda, do G1, o filme presta uma homenagem ao “velho jornalismo”. Talvez, talvez. Mas vejo mais como uma reafirmação do que é essencial no jornalismo, daquilo que mais importa nessa coisa ininterrupta de correr atrás dos fatos e contá-los da melhor maneira possível. O filme não tem gorduras, é enxuto e sem grandes efeitos especiais. Os cenários são cotidianos, os figurinos realistas e convencionais. A trilha sonora passa despercebida e até mesmo se apela para sequências onde sequer há fundo musical, num completo silêncio, magreza total. O filme se apóia na história, nas boas interpretações, nas idéias sérias que nos são atiradas no colo. Não há firulas nem penduricalhos, só despojamento e não-deslumbramento. Justamente, valores que o jornalismo – seja ele novo ou velho – deveria sempre cultivar…

blogs, redes sociais e comunicação digital: um evento na feevale

logo

Estão abertas as inscrições para o 3o. Seminário Blogs: Redes Sociais e Comunicação Digital.
O evento acontece nos dias 21 e 22 de setembro de 2009, na Feevale, em Novo Hamburgo, RS.

A proposta do seminário é abordar a influência das redes sociais na web na comunicação digital a fim de promover a compreensão deste cenário para que se possa agir nele de forma eficaz.

O 3º Seminário Blogs: Redes Sociais e Comunicação Digital vincula-se ao Projeto “Comunicação Corporativa e Conteúdo Gerado pelo Consumidor: desafios e tendências” (CNPq), que faz parte do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Cultura, desenvolvido no Centro Universitário Feevale.

Programação (sujeita a alterações):

21/09/2009 – Segunda-feira
17h30min – Abertura Oficial
18h30min às 19h30min – Painel: Blogs e Jornalismo Colaborativo
Ministrantes: Ana Brambilla (PUCRS), Diogo Carvalho (Blog Destemperados) e Rogério Christofoletti (UFSC)
20h às 22h30min – Palestra: Promoção e relacionamento online
Ministrantes: Edney Souza (Interney)  e André Pecini (Google)

22/09 – Terça-feira
14h às 17h – GT’s (Grupos de Trabalho)
– Redes Sociais na Web –  Comunicação mediada por computador nas ferramentas da Web 2.0 (blogs, microblogs, fotologs, videologs, sites de compartilhamento de vídeos, músicas e fotos, podcasts, videocasts, comunicadores instantâneos, plataformas de redes sociais de relacionamento) em sua interface com as redes sociais de relacionamento; Jogos Digitais e relacionamento on-line.
– Conteúdo na Comunicação Digital – Jornalismo on-line; jornalismo cidadão; plataformas colaborativas; plataformas open source; produção, compartilhamento, organização e busca de conteúdo (folksonomia, ferramentas de busca e web semântica); Jogos digitais como produção, compartilhamento e distribuição de conteúdo.
– Comunicação Digital Corporativa – Comunicação organizacional na web; Web 2.0 e a Opinião Pública; Ações de web marketing na Web 2.0; Publicidade on-line; Web Design; Advergames; Jogos digitais como estratégia de marketing na Web.

14h às 17h – Oficinas
Oficina 1: TV na internet (Justin.TV, Youtube, entre outros)
Ministrante: André Pase (PUCRS)
Oficina 2: Como se tornar um formador de preferência a partir das redes sociais (Blogs, Twitter, Facebook e outros)
Ministrante: Arnoldo Barroso Benkenstein (Feevale)
Oficina 3: Plataformas de Música online
Ministrante: Adriana Amaral (UTP)

18h – Plenária

19h – Encerramento Oficial

Datas importantes:
Inscrições: 30 de julho a 20 de setembro de 2009
Submissões de resumos: 30 de julho a 15 de agosto de 2009 (*)
Divulgação dos aceites: 20 de agosto de 2009

* Os resumos devem ter entre 900 e 2500 caracteres com espaços e conter os elementos a seguir especificados (não necessariamente nesta ordem): tema, justificativa, objetivos, metodologia, resultados parciais e/ou finais, considerações finais e palavras-chave (mínimo três e máximo cinco palavras).

Inscrições e mais detalhes em http://www.feevale.br/seminarioblogs

Regulamento AQUI!