As maiores empresas de tecnologia do mundo ganham fortunas diariamente com nossos dados pessoais. E se elas remunerassem os usuários por usar esses dados? A ideia não é nova, mas a Jennifer Zhu Scott explica bem direitinho em menos de 15 minutos… Vale ver e pensar sobre!
3 links (atrasados) sobre privacidade
Pra não dizer que não falei das flores…
- Dia 28 foi o Dia Internacional de Proteção de Dados Pessoais! Não sabia e acha isso uma besteira? Não é! Até porque o aumento de tecnologia de vigilância parece ser inevitável a partir de agora, avalia a Adriana De Luca.
- O Future Privacy Forum fez uma lista com 10 riscos à privacidade e 10 tecnologias que podem conter isso em 2020. Você pode ler um relatório de 9 páginas sobre isso ou ver um infográfico bacanérrimo que sintetiza a coisa.
- Lançaram no Brasil o Observatório da Privacidade e dos Dados Pessoais. Aêeeeeeee!!!!
Meus dados, os seus, IA e algoritmos enviesados
O mundo gira rápido e por isso te ofereço 8 links sobre (des)proteção de dados, algoritmos sacanas, inteligência artificial e privacidade. Links para a gente arregalar os olhos!
- Você pode tornar a IA mais justa do que um juiz? – sim, já estão jogando com a vida alheia; adivinha vida de quem…
- Milhões de negros afetados pelo viés racial em algoritmos de assistência à saúde – sabe aquela história de “a culpa é do sistema”? pois é!
- O Vale do Silício está ouvindo seus momentos mais íntimos – cancele a Alexa, a Siri, a Cortana…
- O paradoxo da transparência da IA – pedimos transparência dos sistemas, mas isso também pode levar a mais ataques e vulnerabilidades neles. Louco, né?
- “Nos pedem nossos dados pessoais e ficamos até constrangidos em perguntar porquê”. Quem nunca?
- InfoGov. Um playground e um perigo.
- Privacidade é uma questão de classe social. Complicado isso aqui…
- WhatsApp é principal fonte de informação do brasileiro. É o que revela uma pesquisa do Congresso Nacional. Percebeu como estamos ferrados?
Jornalismo, democracia e dados abertos, um evento
Daqui a dois dias, na sexta, 27, o Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) vai realizar o evento Jornalismo, Democracia e Direito à Informação, uma jornada para debater dados abertos, cidadania informada e limites do jornalismo e do estado democrático de direito no Brasil. Nossos convidados são Sylvia Moretzsohn, Samuel Lima, Breno Costa e Maria Vitória Ramos, e a programação pode ser conferida aqui.
A jornada marca os 10 anos do objETHOS, os 20 anos da Rádio Ponto e os 40 do Departamento de Jornalismo da UFSC.
Proteção de dados, consentimento e legítimo interesse
A Lei Geral de Proteção de Dados entra em vigor em agosto de 2020, e já tem muita gente se mexendo pra se adequar a novos padrões.
Tão importante quanto isso é refletir sobre as bases da lei.
A jornalista Cristina De Luca é uma das mais atentas observadoras dos bastidores que estão moldando esses novos paradigmas. Por isso, vale a pena acompanhar de perto a cobertura que ela vem fazendo sobre o tema. Nas últimas semanas, destaco dois textos muito esclarecedores:
> Nem sempre o consentimento é o melhor escudo protetor para dados pessoais
> O legítimo interesse não é um cheque em branco para tratar dados pessoais
Mais um jeito de ver o problema dos dados
O economista e professor da USP, Ricardo Abramovay, explica com nitidez cristalina mais um dos muitos problemas da economia baseada em dados pessoais. Ele diz que, no capitalismo convencional, os preços eram uma medida entre oferta e procura, e que oscilavam a partir da tensão entre essas duas forças. Forças que se moviam por diversos fatores.
Agora, com um punhado de empresas que coletam os nossos dados e sabem o que desejamos e quanto podemos pagar por nossos desejos, esse velho esquema sofreu fortes abalos. Afinal, quem oferece agora sabe com muita antecedência a demanda, e tem um controle das regras do mercado que nunca se teve!
Esse é mais um jeito de entender o tamanho do problema da captura, processamento, modulagem e tráfico de nossos dados pessoais!
Abramovay também fala de vigilância, controle social, interferência na democracia e outros temas que atravessam essa questão. Você pode ouvi-lo neste episódio do 451MHz, o podcast da revista QuatroCincoUm.
Câmara e Senado aprovam autoridade de proteção de dados
O Brasil está muito perto de ter um órgão que zele pelos dados pessoais dos milhões de usuários de internet. A jornalista Cristina De Luca, que cobre o assunto de perto, dá mais detalhes aqui.
O Portal Privacidade fez um ótimo trabalho juntando o texto aprovado na Câmara e no Senado, e é possível fazer comparações.
Para saber mais sobre privacidade e dados pessoais, vá por aqui e aqui
Após a sanção presidencial, a medida provisória anterior se converte em lei, e a Lei Geral de Proteção de Dados passará a vigorar a partir de 20 de agosto de 2020. Olhos abertos.
Sobre privacidade e transparência algorítmica
Grande parte de nossa privacidade online é corroída pela opacidade com que as grandes plataformas de tecnologia trabalham. Quer dizer: se as big techs fossem transparentes e nos dissessem como funcionam seus sistemas e algoritmos e como eles extraem e processam nossos dados, teríamos mais condições de exigir mais resguardo de nossos dados pessoais. E poderíamos combater abusos, sequestros e usos indevidos.
É o que se chama de transparência algorítmica. Precisamos disso. Queremos isso!
5 links pulsantes para pensar e agir!
- Sua identidade digital tem três camadas e você só pode proteger uma delas: aqui
- Maior conectividade não significa necessariamente maior harmonia: aqui
- “É necessário estudar as questões éticas associadas aos algoritmos”, diz o professor Virgílio Almeida
- O que a França está fazendo em termos de algoritmos públicos, conta a Fernanda Campagnucci
- Regular o Facebook é um dos grandes desafios para a humanidade, afirma Siva Vaidhyanathan
Comércio de dados pessoais no Brasil: um relatório
Os coletivos Tactical Technology e Coding Rights acabam de publicar um importante relatório sobre o comércio de dados no Brasil. Nesses dias pré-eleição, o tema do momento é a avalanche de fake news, mas há mais coisa acontecendo bem debaixo do nosso nariz.
Um resumo pode ser conferido aqui, e a íntegra do estudo, aqui.
Enquanto isso, Tim Cook – o poderoso da Apple – reconhece que privacidade não tem sido uma prioridade lá no Vale do Silício.
Vazam os seus dados, mas quem recebe a indenização é…
Segundo a Reuters, a Uber vai pagar US$ 148 milhões – mais ou menos R$ 500 milhões – por conta do vazamento de informações de 57 milhões de usuários. O acordo foi fechado entre a gigante de tecnologia, o governo federal norte-americano e os 50 estados daquele país. O incidente aconteceu em 2016, mas a empresa não reportou o ocorrido às autoridades, ocultando o problema inclusive dos usuários.
Foram 10 meses de investigação e se descobriu, por exemplo, que foram expostos 600 mil números de carteira de motorista. Dos 57 milhões de pessoas afetadas, pelo menos 196 mil eram brasileiros, informa o Convergência Digital.
O dinheiro vai todo para os governos estaduais e federal. Sim, isso mesmo! A Uber recolhe os SEUS dados, os deixa vulneráveis a ataques e usos não previstos, os SEUS dados são expostos, e a indenização não vai para as vítimas de violação.
Isso é um senso de justiça, no mínimo, bizarro!