O governo exterminador das universidades

Acaba de sair a edição nº 147 do Primeira Pauta, jornal-laboratório do curso de Jornalismo do Ielusc, de Joinville. Me convidaram para escrever um artigo sobre os cortes orçamentários na educação.

O resultado é este aqui:

Um governo exterminador das universidades

Os cortes de verbas, bolsas de estudo e investimentos na educação brasileira são a pior política que o governo federal pode ter para a área. Esta opção compromete a formação de uma geração inteira na medida em que sucateia escolas e universidades, desestimula professores e funcionários, e degrada o nível de conhecimento de uma nação que já ambicionou um dia ser uma potência global.

Quando o governo decide fechar as torneiras, mostra para a população e o mundo que educação não é prioridade na sua visão de país, e, com isso, ignora a obscena injustiça social que corrói o presente e o futuro do Brasil. Os cortes são profundos no orçamento deste ano e eles prometem ser mais drásticos ainda em 2020. Eles afetam a educação superior, a fundamental, e a própria ciência, pois a tesoura não discriminou laboratórios e institutos de pesquisa. Está também seriamente afetado o programa de livros didáticos e a formação de professores, e universidades deixarão de pagar contas de água, energia elétrica, telefone e segurança. Restaurantes universitários, que vendem comida a preços populares a estudantes de baixa renda, fecharão suas portas, e hospitais universitários vão restringir o atendimento à população carente. Milhares de bolsas de estudo em diversos níveis deixarão de existir, e teremos não só estudantes em início de formação, mas também cientistas de ponta sem recursos para trabalhar. Livros deixarão de ser comprados, computadores continuarão quebrados, salas de aula não serão reformadas, e um conjunto impressionante de pesquisas fundamentais para o país poderão ser interrompidas de imediato.

Já tivemos governos que congelaram salários de professores, que retiveram verbas e que deixaram de investir no setor. Mas já tivemos também governos que aumentaram a participação da educação no orçamento da União, que expandiram a rede de universidades e que implementaram políticas para ofertar vagas a camadas historicamente deseducadas. O governo Bolsonaro não se parece com nenhum de seus predecessores. Orgulhosamente, considera educação um gasto e não investimento; é uma gestão que desdenha da pesquisa, abomina o conhecimento e desconsidera o avanço tecnológico produzido no país. O governo Bolsonaro parece seguir uma agenda de extermínio das universidades, pois sufoca professores e estudantes, cientistas e qualificados servidores técnicos. É, portanto, negacionista, obscurantista, e perverso, pois impede que a sociedade usufrua dos benefícios que a educação pode trazer para suas vidas.

Pessoalmente, resisto à ideia de que todo governo detesta escola. O argumento é que a educação permite que o povo se emancipe e seja mais crítico ao governo. Ora, a história está cheia de exemplos que provam o contrário. O Japão ficou em frangalhos depois da rendição no final da Segunda Guerra Mundial e só se reergueu após investir quarenta anos em educação de qualidade. A Coréia do Sul se tornou um importante player tecnológico porque escolheu o desenvolvimento por meio da educação. A China despeja bilhões de yuans no setor, e até mesmo empresas privadas criam as próprias universidades para formar e qualificar sua mão-de-obra. Na Europa, as universidades existem desde o século XI e são motivos de orgulho continental, e até no norte da África elas existem há milênios. Aliás, as instituições de ensino mais antigas do mundo em funcionamento estão na Tunísia, no Marrocos e no Egito!

Atravesse o oceano e veremos que os Estados Unidos atraíram algumas das mentes mais brilhantes da Europa nas décadas de 1930, 1940 e 1950, tornando-se um pólo de desenvolvimento científico e tecnológico global, ao mesmo tempo em que injetavam caminhões de dinheiro nas universidades que hoje são as mais prestigiadas do mundo.

Em resumo, os governos não odeiam a educação; pelo contrário, convertem-na numa estratégica alavanca de formação de recursos humanos qualificados, visando resolver problemas do setor produtivo e da sociedade, o que resulta em duas coisas: desenvolvimento e soberania. A educação não liberta apenas pessoas, mas emancipa também países. À medida que cria produtos e serviços, que se organiza e avança no conhecimento, que desenvolve soluções, um país se torna menos dependente dos outros. A soberania é essa chave de independência que dá maioridade às nações, e as afasta de desigualdades que fragilizam a sua própria paz. Um exemplo próximo é a Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, mas sofre com uma crise econômica que esmaga a maior parte de sua população. Fatores políticos também interferem, é verdade, mas o fato é que a Venezuela extrai de suas terras quantidades colossais da maior riqueza do planeta, mas refina muito pouco, vendendo o óleo cru. Investir em tecnologia de processamento fez com que os países do Oriente Médio se destacassem no mercado mundial, e isso tem a ver com educação e ciência! É uma escolha!

Ao asfixiar o sistema de ensino público e gratuito, o governo Bolsonaro não só extermina o nosso futuro, mas ataca o presente. Afeta a qualificação profissional e aumenta a dependência brasileira de soluções estrangeiras. É, no mínimo, um projeto entreguista! Pode-se perceber ainda que acabar com as universidades federais é ruim até mesmo para as particulares, pois boa parte de sua mão-de-obra foi formada na rede pública. Então, se destruir as universidades é um negócio tão ruim, por que o governo federal está fazendo isso? Bem, responder a essa questão também depende de estudo e pesquisa. Percebe a gravidade da coisa?

Manifestações pela educação nas capas dos jornais

Ontem, 13, aconteceram protestos em todo o país contra os cortes na educação e contra a reforma da previdência. É a terceira vez que isso acontece no governo Bolsonaro.

Em 15 de maio, 225 cidades tiveram protestos nas ruas. Em 30 de maio, foram 136. Ontem, 85 cidades. Os números sinalizam para um arrefecimento do movimento, seja por cansaço, fragmentação ou outras razões. As primeiras páginas dos jornais mostram isso também. Basta comparar com o levantamento que fiz nos primeiros protestos.

Teve jornalão que não deu uma linha sequer na capa, como é o caso de O Estado de S.Paulo…

A ver como a coisa anda…

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Fórum Sul de Professores de Jornalismo

Esta semana a Furb, em Blumenau, sedia a terceira edição do principal evento sobre ensino de jornalismo da região sul. O capítulo regional do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo tem como tema os novos currículos e o impacto profissional. Esta é uma oportunidade única para debater o assunto, já que os cursos estão reformando suas grades curriculares por conta das Novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Jornalismo, do MEC.

É também um momento de rever amigos e reforçar os laços de luta e união. Ainda mais depois do espetáculo dantesco protagonizado pela polícia e pelo governo do Paraná contra os professores na semana passada.

Farei a conferência de abertura, motivo de honra e de extrema responsabilidade…

Mais informações em www.fnpj.org.br

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O massacre dos professores nos jornais

O governador tucano Beto Richa deve estar bastante contente hoje cedo.

Diante da mesa do café da manhã, deve estar folheando os principais diários e vendo o resultado de sua ação ontem contra os servidores, os professores e toda aquela gentalha que ele simplesmente abomina e despreza.

Vamos dar uma olhadinha nas primeiras páginas?

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a universidade é…

… o local onde alunos e professores se cumprimentam e se tratam com extrema cordialidade;

… o período da vida em que alunos se dedicam ao máximo para vencer limites;

… a oportunidade de professores se esforçarem para lecionar com qualidade, e de contribuírem para o crescimento de outras pessoas;

… o ambiente onde todos respeitam o pensamento alheio, principalmente se ele for bem diferente do seu;

… o lugar onde orientandos demonstram reconhecimento pela parceria com seus orientadores;

… o local onde professores emprestam livros e outros materiais, e esses sempre são devolvidos e sempre com pelo menos um bilhete de agradecimento;

… o ambiente onde orientandos convidam seus orientadores para sua formatura;

… o encontro da inteligência com a sensibilidade, do trabalho com o talento, e onde “educação” é uma palavra sem limites, quase como o ar que respiramos;

Enfim, a universidade é o lugar dos meus sonhos… talvez ela só exista em meus sonhos…

mestrado e doutorado em jornalismo

logo_posjorO Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC (POSJOR) lançou seu edital para o processo seletivo de Mestrado e Doutorado. 

As inscrições vão de 14 a 25 de abril de 2014. 

São oferecidas 20 vagas para o Mestrado e 5 para o Doutorado. 

O edital pode ser conferido aqui e mais informações sobre como elaborar e formatar o seu projeto de pesquisa estão aqui.

7 dias com a mídia

Screenshot 2014-03-02 10.16.54Em Portugal, o Grupo de Trabalho Informal sobre Literacia para os Media (GILM) anuncia a iniciativa 7 Dias com os Media. O GILM reúne representantes do governo português, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Universidade do Minho, Unesco, RTP, entre outros parceiros, e sua função é contribuir para a difusão de ações de educação para a mídia.

7 Dias com os Media está programado para a semana de 3 a 9 de maio, e você pode conferir aqui o site do evento. Aliás, visite também o Portal da Literácia Mediática.

a mídia e o cuidado como obrigação

David Putnam teve uma longa carreira como produtor de filmes premiados. Depois, cansou, largou tudo e passou a atuar com educação e ativismo social. Chegou a ser o homem forte da Unicef no Reino Unido. No video abaixo – uma intervenção no mundialmente aclamado TED – , ele traz questões bastantes interessantes sobre a mídia. Afinal, ela não deveria ter a obrigação de ser mais cuidadosa?

Para ver e pensar.

narrativa e construção do herói

Desde ontem acontece no campus de Mariana da Universidade Federal de Ouro Preto a quarta edição da Semana de Comunicação. O evento tem como tema “Narrativa e construção do herói” e segue até amanhã. Estou afivelando a mochila para dar uma passadinha por lá, já que participo da mesa “A mídia (des)construindo um personagem” com Renne França e o professor Lalo Leal, da USP.

Toda a cobertura pode ser conferida no Facebook da IV Secom e no Twitter.

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(a programação de amanhã)

uma oportunidade para jovens doutores

Reproduzo informações da Capes:

O programa Capes-Fulbright é voltado para jovens doutores, formados entre 2006 e 2012, que desejam realizar pesquisas e estreitar relações com instituições norte-americanas, por um período de seis a nove meses, nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais, Letras e Artes. Mais informações podem ser obtidas nos sites: www.capes.gov.br ou www.fulbright.org.br.

As inscrições encerram-se no dia 30 de abril de 2013 e podem ser feitas no link abaixo: http://www.fulbright.org.br/content/view/290/189/

Detalhes:

Requisitos para candidatura:

– Ter nacionalidade brasileira e não ter nacionalidade norte-americana

– Ter fluência em inglês

– Não receber bolsa ou benefício financeiro de outras entidades brasileiras para o mesmo objetivo

Benefícios:

– US$3,100 bolsa mensal de manutenção, nos meses de permanência nos EUA

– US$2,100 auxílio instalação

– US$2,000 auxílio para aquisição de livros e/ou materiais de pesquisar (laptop, tablet)

– Até US$1,500 auxílio para participação de eventos acadêmicos-ciêntifico nos EUA, relacionados ao projeto de pesquisa

– Passagem aérea de ida e volta

– Pagamentos de eventuais taxas, em caso excepcionais, da instituição nos EUA (mandatory fees)

– Seguro Saúde

novas diretrizes para os cursos de jornalismo

(reproduzido do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo)

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou, na última semana, o Projeto que estabelece as novas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Jornalismo. Este fato altera a nomenclatura dos cursos da área de comunicação que até então eram designados como cursos de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo ou Publicidade/Propaganda ou Relações Públicas ou Rádio e TV ou Cinema ou Editoração. Com exceção dos cursos de Cinema e Audiovisual que tem diretrizes próprias desde 2006, os demais cursos, por enquanto, mantém a nomenclatura curso de Comunicação Social, habilitação nos diversos campos de trabalho. Agora os cursos de Jornalismo também tem nomenclatura própria e serão designados como Curso de Bacharelado em Jornalismo.

A nomenclatura em si havia sido aprovada pelo Ministério da Educação, em 2009, quando normatizou os Parâmetros Curriculares Nacionais e estabeleceu, a despeito das diretrizes curriculares, o nome dos cursos. Assim, conforme esses Parâmetros (PCN) os cursos ficaram com os nomes que definem as áreas profissionais, ou seja, por exemplo, curso de Publicidade e Propaganda. Segundo a Secretaria da Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais “deverão constituir-se em referência para o aprimoramento dos projetos pedagógicos, para orientar estudantes nas escolhas profissionais e para facilitar a mobilidade interinstitucional, assim como propiciar aos setores de recursos humanos das empresas, órgãos públicos e do terceiro setor maior clareza na identificação da formação necessária aos seus quadros de pessoal”.

Além dos PCNs, agora as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Jornalismo definem as políticas, o processo pedagógico, o perfil técnico e a filosofia de formação dos cursos. O projeto foi elaborado por uma Comissão, constituída pelo então ministro da Educação, Fernando Haddad em 2009, presidida pelo professor catedrático da Escola de Comunicação da USP, Dr. José Marques de Melo e constituída pelos professores Alfredo Vizeu (UFPE), Luiz Motta (UnB), Sônia Virgínia Moreira (UERJ), Manuel Chaparro (USP), Sérgio Mattos (UFBA), Eduardo Meditsch (UFSC) e Lúcia Araújo (Canal Futura). Todos os membros da Comissão são doutores, jornalistas, pesquisadores e professores nos cursos de Jornalismo, exceção de Lúcia Araújo.

Do projeto original da Comissão de 2009 ficaram definidos que o curso teria uma nomenclatura específica – Bacharelado em Jornalismo, uma carga horária total de 3200 horas, a instituição do estágio curricular obrigatório, distribuição de disciplinas de formação específica e atividades laboratoriais a partir do primeiro semestre do curso, entre outras recomendações. Desse projeto se definia ainda a especificidade da formação em jornalismo. Dizia o documento que “o Jornalismo é uma profissão reconhecida internacionalmente, regulamentada e descrita como tal no Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho. A Comunicação Social não é uma profissão em nenhum país do mundo, mas sim um campo que reúne várias diferentes profissões”, se pode dizer que a comunicação é uma área de conhecimento.

O parecer do relator do processo que estabelece as novas Diretrizes Curriculares, no geral, foi aprovado pela Câmara da Educação Superior e agora aguarda a homologação do ministro da Educação para ser publicado no Diário Oficial da União. As novas diretrizes curriculares, entre outros temas, estabelece que os cursos terão estágio curricular obrigatório, uma carga horária total mínima de 3000 horas, atualmente está em 2700 horas; que o Trabalho de Conclusão de Curso possa ser realizado ou de forma prática, com elaboração de um produto jornalístico ou na forma monográfica, que incentiva, na graduação, a pesquisa científica; e ainda no contexto das recomendações politico-pedagógicas dos cursos ter por objetivo a formação de profissionais dotados de competência teórica, técnica, tecnológica, ética, estética; estar focado teórica e tecnicamente na especificidade do jornalismo, com grande atenção à prática profissional, sem detrimento da formação científica no âmbito das ciências humanas e sociais.

As nova diretrizes, conforme o documento elaborado pela Comissão de 2009, ainda estabelece alguns eixos fundamentais na formação do jornalista, quais sejam de fundamentação humanística, de fundamentação específica, de fundamentação contextual, de formação profissional, de aplicação processual e de prática laboratorial.

 

Agora vai?!