Infografia do Go-Globe apresenta dados mais recentes da presença, uso e engajamento nas redes sociais…
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pesquisa vai mapear hábitos de jovens internautas
Uma rede de pesquisadores de todos os estados brasileiros está colhendo informações sobre as práticas de consumo e participação de jovens internautas de 18 a 24 anos.
O estudo é desenvolvido pela Rede Brasil Conectado por meio de um formulário eletrônico para a Pesquisa Nacional Jovem e o Consumo Midiático em Tempos de Convergência, sob coordenação da professora Nilda Jacks. O quesionário tem perguntas sobre o uso de redes sociais, dispositivos móveis e aplicativos, e vai permitir comparar resultados entre as regiões, compondo também um cenário da realidade brasileira.
Para participar, basta acessar: www.redebrasilconectado.com.br
essa pressa…
conteúdo gerado pelo usuário, um estudo
O Town Center for Digital Journalism, da Escola de Jornalismo de Columbia, acaba de disponibilizar ao grande público um estudo global sobre como sites, blogs e emissoras de TV usam e aproveitam os materiais enviados por suas audiências, os chamados Conteúdos Gerados pelos Usuários (CGU).
A pesquisa pode ser acessada aqui (em PDF, inglês, 153 páginas num arquivo de 2,8 megas).
Entre as conclusões, convém destacar que:
- Os meios não sabem dar os devidos créditos nos casos de fotos e vídeos;
- Esses materiais são utilizados todos os dias pela mídia!
- Na pesquisa, 40% do CGU analisado estava relacionada à guerra civil síria, o que demonstra que os meios geralmente usam a colaboração amadora quando não têm acesso ou condições para fazer seu trabalho profissional;
- As agências de notícia quase nunca conseguem verificar ou checar as informações embutidas nesses conteúdos, uma brecha perigosa para o jornalismo…
- Os staffs editoriais não estão capacitados para lidar com os conteúdos dos colaboradores;
- Nas redações, perdura um grande medo de que o uso de CGU gere ações judiciais, por violação de direitos autorais, de imagem, entre outros…
menos dois blogs…
A blogosfera de Florianópolis sofreu dois solavancos fortes hoje (23/05): dois influentes e tradicionais blogueiros baixaram as portas de seus endereços virtuais. Isso mesmo! Num único dia, o Coluna Extra e o De Olho na Capital encerraram suas atividades. O primeiro – do jornalista Alexandre Gonçalves – parou justamente na data de aniversário de dez anos. O segundo – do também jornalista Cesar Valente – segue uma tendência de mortandade bloguística – veja aqui – e de diáspora para o Facebook.
Pena. Farão falta nesse canto cada vez mais empoeirado da web que chamamos de blogosfera…
A morte dos blogs parece ser uma consequência natural, como foi o êxodo do Orkut para o feudo de Zuckerberg. Poucos têm resistido. Não se sabe até quando. Me assusta essa migração total para um único endereço. Desculpem a sinceridade, mas – para mim – isso não soa como a internet plural e diversa com que sempre sonhei.
vida e morte dos blogs de comunicação
Em setembro de 2007, criei uma lista lusófona de blogs mantidos e alimentados por pesquisadores da comunicação. À época, reuni num mesmo link as iniciativas de colegas sobretudo brasileiros e portugueses que se deslumbravam com as potencialidades de se ter um canal exclusivo, barato e poderoso de comunicação. (Sim, os blogs já foram isso!)
A lista foi crescendo, crescendo, crescendo à base de indicações de blogueiros de todos os cantos. Cheguei a fazer 47 atualizações do post e a lista alcançou o expressivo número de 223 blogs de comunicação, sendo 178 do Brasil e 45 de Portugal e outros lugares.
Passados quase sete anos, fiquei curioso em saber a quantas andavam aqueles blogs. Na verdade, já faz algum tempo que escuto a sentença de que os blogs estão morrendo. Não é totalmente mentirosa a afirmação. Este meu espaço ficou mais de 100 dias sem nenhuma atualização entre 2013 e 2014, afundado numa crise de existência virtual. Outro dia, li um post da jornalista e blogueira de primeira hora Cora Rónai que me fez novamente perguntar: como estariam os blogs daquela lista lusófona?
Fui conferir.
Dos 45 blogs listados de Portugal e cercanias, dez foram simplesmente desativados (22%), 24 não são atualizados há mais de um ano e, portanto, morreram (53%), e apenas onze sobreviveram. Considerei blogs ativos aqueles que tiveram ao menos um post novo nos últimos 90 dias. Na parcial, a taxa de mortalidade foi de 75%. Apenas um em cada quatro blogs se manteve vivo nesses quase sete anos que nos separam da primeira lista.
Entre os brasileiros, as baixas foram maiores ainda. Dos 178 blogs, 48 foram desativados no período (27%) e 100 não são alimentados com novos conteúdos há mais de um ano (56%). Apenas 30 blogs são ativos, o que significa 17% do total. A taxa de mortalidade da parcela brasileira é de 83%.
No consolidado da lista lusófona de blogs de pesquisadores da comunicação, apenas 41 dos 223 sobreviveram, o que equivale a menos de um quinto (18,3%). Impressionante!
Como explicar isso?
É difícil apontar uma única razão. Fatores combinados poderiam justificar: cansaço do modismo, falta de tempo, desmotivação pessoal, emergência de redes sociais com muitos recursos e grande visibilidade como o Facebook… O fato é que os blogs já não são mais o que costumavam ser. E isso aconteceu muito, mas muito rápido…
1 minuto na web
Quer saber o que acontece nas redes sociais e nas demais cercanias da internet em 60 segundos?
Uma empresa – a Domo – já calculou e gerou um infográfico arrebatador.
facebook, whatsapp e você com isso…
A semana passou e cansei de ver jornalistas na TV anunciarem com um indisfarçável sorriso a compra do WhatsApp pelo Facebook por US$ 16 bilhões. Fiquei intrigado: por que tanta alegria? Quem ganha com um negócio desses?
Os mais entusiastas dirão: os usuários porque agora o WhatsApp vai bombar. Besteira. Nada garante isso.
Pergunto de novo: quem ganha com isso? Só o Facebook. Tenta conter a já alardeada e preocupante sangria de usuários, dá um passo na direção dos mais jovens que uatsapam e concentra mais o mercado da internet.
A concentração de mercado só é uma boa jogada para os peixes grandes que devoram os pequenos. Só.
cadê a privacidade que estava aqui?
Se você é daqueles que andam bem cabreiros quando navegam na internet, vale a pena estar muito informado sobre as principais discussões sobre privacidade e segurança de dados. Existe muita coisa por aí que merece ser conhecida e lida, e uma lista de leituras obrigatórias seria sempre muito limitada. Por isso, nem me arrisco a fazer, até porque por mais que estude o assunto, ainda tenho muito a aprender sobre a tal coisa…
De qualquer forma, me atrevo a indicar a leitura do mais recente número da revista poliTICs, editada pelo Nupef, que circula gratuitamente e pode ser lida tanto em papel quanto em PDF. O número em questão traz três artigos muito importantes. O professor Pedro Antonio Dourado de Rezende, de Ciências da Computação da UnB, aponta caminhos para se entender melhor as denúncias de espionagem e vigilância global, hipertrofiadas com as ações de Edward Snowden. De quebra, faz um “afago” ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
O cultuado ativista Cory Doctorow chacoalha a cadeira para falar de marcos regulatórios para proteção de dados na União Europeia. Você não mora por lá? Não importa. Se algo de grave acontecer do outro lado do Atlântico, o que garante que as ondas não cheguem aqui?
E se você pensa que “privacidade” é apenas manterem seus dados guardadinhos quando você acessa algum site, abra a cabeça com o artigo de Koichi Kameda e Magaly Pazello, pesquisadores do Nupef, que abordam a segurança de dados sobre a saúde das pessoas num ambiente hiperconectado como o nosso.
E já que estamos falando nisso, por que não conferir Os arquivos de Snowden, o livro do jornalista Luke Harding, do The Guardian, sobre o delator dos megaesquemas de espionagem dos EUA? Lendo a trajetória do jovem analista de segurança terceirizado da NSA, dá pra ver como resta quase nada do que chamávamos de segurança na navegação e privacidade…
este blog morreu. mentira!
O blogueiro Jason Kottke causou alguns tremores de terra com seu post no Nieman Journalism Lab nas vésperas do natal passado. No texto, ele dizia que os blogs como considerávamos desde 1997 estão mortos. E o blog como plataforma morreu justamente porque foi apropriada e absorvida por veículos e organizações que não produziam blogs, mas qualquer coisa que chamavam de blogs. E o blog como plataforma pessoal morreu porque as redes sociais têm servido muito mais a esse propósito, de maneira mais fácil, rápido e com mais recursos.
Kottke celebra: o blog morreu, longa vida ao blog.
Em janeiro de 2010, arrisquei um palpite numa mesa da Campus Party. Estava ao lado de André Lemos, Sérgio Amadeu, Sandra Montardo e Henrique Antoun. Eu disse que não sabia muito do futuro dos blogs, mas achava que eles eram uma mídia de transição, de passagem. Não sei se acertei, nem me interessa na verdade. O fato é que continuei blogando e vou permanecer nessa situação.
Não se aborreça, por favor. Você precisa relevar: sou quase um ancião, não aguentei os trancos das redes sociais e preciso escoar parte de minha tagarelice.
Este blog não era alimentado há mais de 100 dias, desde 30 de setembro de 2013. Não morreu de inanição. Nem eu. Por algum tempo não senti qualquer falta. Na verdade, não tenho lá uma ânsia para publicar conteúdos, mas voltarei sempre que der. Não farei promessas e você – se ainda estiver aí -, não mantenha grandes esperanças. Não sou como o notável e influente Dan Gillmor, que manifestou publicamente sua resolução para 2014 – lutar para impedir que os Estados Unidos se convertam num estado de vigilância plena de todos os internautas. Meus objetivos são bem menos ambiciosos.
Este blog vai continuar. Seja esta uma boa ou má notícia…
o jornalismo para além de sua indústria
O clichê mais desgastado do jornalismo é que ele está mudando muito e rapidamente.
Enquanto quase todo o mundo repete o mantra, alguns alongam a vista e lançam opiniões, previsões e análises. Tem de tudo! Há quem preveja dia, mês, ano e horário em que os jornais pararão de circular; há os que se apeguem às rotativas e às broadcasting com todo o fervor; e há ainda os que culpam as redes sociais pelo colapso da cultura, da civilização e de toda a humanidade.
No mar dos profetas, volta e meia, aparece quem tenha algo robusto e interessante a dizer. Foi assim no ano passado quando C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky produziram um alentado relatório sobre o tema para o Tow Center for Digital Journalism da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, uma das mais prestigiadas do mundo. Sob o título “Jornalismo Pós-Industrial”, o documento é o que os autores chamaram de um ensaio para tentar entender o que se passa no mundo do jornalista, entre os profissionais e organizações a que se dedicam a isso, e ao entorno (o que é mais impressionante!).
O documento tem 60 páginas em média e pode ser acessado na íntegra (em PDF e em inglês aqui ou em espanhol aqui). Uma versão para o português foi especialmente traduzida por Ada Félix para a Revista de Jornalismo ESPM. O Observatório da Imprensa reproduziu essa versão em capítulos, que você pode acessar aqui: Introdução (Adaptação aos novos tempos), capítulo 1 (Os jornalistas), capítulo 2 (As instituições), capítulo 3 (O ecossistema) e conclusão (Movimentos Tectônicos).
O jornalista Carlos Castilho, colunista do Observatório, publicou em seu blog dois posts que oferecem um bom resumo do documento (aqui e aqui), mas se você é jornalista, pesquisador, estudante da área ou apenas um interessado no assunto, NÃO DEIXE DE LER o trabalho de cabo a rabo. Claro, faça os devidos descontos: foi elaborado a partir de referências e especialistas norte-americanos e reflete o estado da coisa por lá; é composto por análises, mas também por uma boa dose de futurologia; não tece considerações a longo prazo (sabiamente!); não tem caráter científico, embora se apoie em alguma metodologia… Particularmente, senti falta também de ponderações mais amplas e aprofundadas sobre aspectos éticos na profissão e para os usuários em geral, mas isso é uma cisma minha…
De qualquer maneira, “Jornalismo Pós-Industrial” é hoje uma leitura obrigatória para a área. Não chega a ser um mapa que nos guie para fora da alardeada crise. Não chega também a ser uma bíblia cuja leitura esconjure as muitas ameaças que nos rondam. Mas é um esforço sistematizado, equilibrado e atualizado não apenas dos tremores que nos assustam, mas das muitas oportunidades que se descortinam. Só por isso já vale a pena conferir…
7 questões éticas para o jornalismo digital
Andrés Azocar, diretor de Meios Digitais do grupo midiático chileno Copesa, perguntou no Webinário de hoje à tarde na Red Ética Segura de Fundación de Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI):
- Os critérios éticos do jornalismo convencional servem para a web?
- Deve-se aceitar o erro como forma de evolução?
- De quem são os cliques: dos meios ou dos agregadores?
- O que é melhor: opinar ou informar?
- O que fazer: ser o primeiro ou ser o melhor?
- Editar ou censurar os comentários?
- Qual a ética da tecnologia?
Questões muito, muito importantes…
a internet do mundo e a máquina de moer carne dos eua
Responda rápido: o que há de comum entre Aaron Swartz, Bradley Manning, Julian Assange e Edward Snowden?
Muitas coisas ligam esses nomes, a começar pelo fato de que usam a internet para revelar informações e fatos que muitos tentam ocultar. Mas não só isso. Nenhum deles tem mais de 45 anos, e todos pertencem a gerações diretamente afetadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Todos desafiaram agências de inteligência e o governo norte-americano trazendo à luz iniciativas mesquinhas, neuróticas e moralmente questionáveis.
Bradley Manning é o ex-oficial acusado de ter vazado centenas de milhares de dados sigilosos dos Estados Unidos e que municiaram o WikiLeaks no maior escândalo da história da diplomacia mundial. Foi caçado, preso e está sendo julgado por diversos “crimes”, entre os quais “traição”. Ele tem 25 anos e exibiu uma face simplesmente abjeta do Império. Pode pegar prisão perpétua.
Por falar em WikiLeaks, seu líder, o australiano Julian Assange, também encarou o Monstro. Foi perseguido por norte-americanos, suecos e ingleses e ficou detido em prisão domiciliar. Para além dos vazamentos que constrangeram diplomatas e poderosos, mostrou como helicópteros Apache metralharam civis e jornalistas em suas ações “táticas”. Refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres. Precisa viver clandestino para sobreviver. Nada nem ninguém podem garantir isso.
Aaron Swartz era um prodígio da web e tinha colaborado diretamente com algumas das soluções mais inteligentes e solidárias para compartilhamento de informação e conhecimento. Foi perseguido pela justiça norte-americana por ter “roubado” milhões de artigos científicos em bases de dados por assinatura. Detalhe: a maioria das pesquisas relatadas naqueles artigos havia sido financiada por recursos públicos, mas mesmo assim as tentaculares empresas do ramo cobram pelo acesso a esses textos, e os seus autores nada ganham com isso… Aaron foi perseguido, preso, acusado por diversos “crimes” e ameaçado a pegar 35 anos de prisão mais multa milionária. Tinha 26 anos e não suportou a pressão, e se suicidou em janeiro deste ano.
Edward Snowden é a bola da vez. O ex-assistente técnico da CIA denunciou os sistemas de vigilância interna dos Estados Unidos a telefones e emails. Jogou um facho de luz sobre o rosto do Big Brother. Republicanos e democratas se alternam nas condenações ao ato antipatriótico do rapaz, que precisou sumir. Nada nem ninguém pode garantir sua integridade física diante da caçada que se anuncia.
As campanhas difamatórias aos quatro sujeitos acima aconteceram nos últimos cinco anos. As perseguições não foram perpretadas por George W.Bush ou Ronald Reagan, mas por Barack Obama, o democrata, sedutor, liberal e popular presidente da era das redes sociais. A instauração do terror virtual, a truculência e o abuso de poder vêm de um governo supostamente mais conciliador que o isolacionista anterior. Vem de um presidente jovem, com uma biografia admirável, que já ganhou o Nobel da Paz e que sinalizava uma transformação real no panorama das relações globais.
Não, isso não é um filme de ficção. A neutralidade da rede está em perigo, a internet como arena global corre riscos reais, e os usuários do sistema estão sendo monitorados, quando não criminalizados, oprimidos e eliminados. A inocência é uma palavra amarelada no dicionário, mas a política é um instrumento movido a ideias, palavras e ações. A política se faz nas ruas e diante dos teclados. Como a ética, a lei e a guerra, a política é uma invenção humana para buscar o equilíbrio. Arregace as mangas, então!
chyperpunks, criptojornalismo e assange
Coincidências, ah, as coincidências… Bem na semana em que começo a ler “Cypherpunks – liberdade e futuro da internet”, o novo livro de Julian Assange, tropeço em “Cryptoperiodismo – manual ilustrado para periodistas”, de nelson fernandes (assim mesmo, sem iniciais maiúsculas) e Pablo Mancini. O primeiro traz quase 170 páginas de diálogo do rosto à frente do Wikileaks com três importantes ativistas e programadores sobre quebra de privacidade na web, segurança, vigilância e outros temas relacionados. Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérémie Zimmermann dividem com Assange preocupações sobre a nossa convivência online no presente e além. De quebra, fortalecem o movimento dos chyperpunks, os criptopunks, que defendem privacidade para as pessoas comuns e transparência para os poderosos. Polêmico, instigante, atual.
“Cryptoperiodismo” não mergulha tanto, mas vai na mesma trilha: a necessidade de os jornalistas se resguardarem em ambientes virtuais, preservando identidade, fontes e informações. É um guia, em espanhol, e disponível no site do livro.
Se você é jornalista ou não, pouco importa. Mas se eu fosse você, não desviaria dos alertas que esses dois livros trazem. Na pior das hipóteses, fazem a gente pensar.