Confiança e sustentabilidade: dois nós para o jornalismo

A crise do jornalismo não é apenas financeira, tenho dito isso com alguma frequência. É claro que a míngua de anunciantes e de recursos para manter os negócios deixa gestores e jornalistas de cabelos em pé.

Pesquisa recente do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp-Meios) observou que os investimentos em mídia no Brasil cresceram pouco mais de meio por centro (0,57%) em 2018. Na prática, é uma estagnação, o que pode ser comemorado pelos mais otimistas ou ser detestado pelos pessimistas. De qualquer forma, estamos falando de um mercado de R$ 16,5 bilhões, nada desprezível.

Tem engrossado o coro, ultimamente, que uma saída necessária para crise é investir no jornalismo local, fortalecendo meios, barrando o avanço dos desertos de notícia, e apostando em saídas com menor escala e resposta mais rápida. Em Nova Iorque, o prefeito Bill de Blasio determinou que todas as agências da cidade gastassem pelo menos a metade de seus orçamentos anuais em meios comunitários e étnicos. Prevista para entrar em vigor em 2020, a iniciativa foi celebrada como um gesto para garantir que notícias locais continuem sendo produzidas e que a mídia que se encarrega disso se mantenha viva e pagando as contas em dia. Nova Iorque gasta mais de 2,75 milhões de dólares em publicidade na mídia local por ano.

É impossível prever que um ato desse contagie outros municípios e realidades, mas já pensou se o prefeito da sua cidade fizesse isso? Gaste um minutinho da sua vida pensando em que meios poderiam ser beneficiados e como isso afetaria a sua dieta pessoal de informações.

Mas como eu disse, não é só de dinheiro que o jornalismo precisa para vencer sua crise. Um outro nó é a credibilidade.

No Brasil, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) vem comemorando os resultados da pesquisa Dimension-2018 que revelou, entre outras coisas,  que jornais e revistas têm mais credibilidade que as redes sociais. As taxas de confiança seriam de 67% e 72% contra 33% das redes. Meios impressos também têm índices menores de rejeição.

Outro estudo – este internacional – aponta não só descrença nas redes, mas um cenário pior para os chamados influenciadores digitais. Apenas 4% das pessoas afirmam confiar no que eles dizem online.

Penso que é um erro brutal quando o jornalismo tenta seguir os passos das redes sociais e de modismos diversos, como é o caso dos influenciadores. O tempo das redes é mais volátil e seus compromissos muito menores que os do jornalismo.

Investir na formatação de um modelo de negócio rentável, perene e sustentável é vital para a sobrevivência da indústria do setor, mas esse movimento não pode ser feito divorciado de uma verdadeira preocupação em reter e ampliar a confiança dos públicos. Afinal, se você não confia num meio de comunicação ou em um jornalista, por que vai consumir as informações que eles distribuem? Por que vai dar atenção a eles, quando seu tempo é tão escasso e há tantas formas sedutoras de gastá-lo?

Confiança na internet vai aumentar em dez anos?

O Pew Research Center divulgou há alguns dias o relatório final de uma sondagem não-científica em que ouviu mais de 1,2 mil indivíduos querendo saber: “a confiança das pessoas em suas interações on-line, seu trabalho, compras, conexões sociais, busca de conhecimento e outras atividades será fortalecida ou diminuída nos próximos 10 anos?”

Quase a metade dos ouvidos (48%) estima que a confiança será fortalecida, enquanto 28% acham que os índices de confiabilidade vão se manter. Praticamente uma em cada quatro pessoas (24%) são mais pessimistas e prevêem que a confiança vai diminuir, já que a tecnologia tem nos deslumbrado tanto que aspectos como segurança e privacidade tendem a ficar menos importantes.

O levantamento tem outros achados interessantes. Veja um resumo aqui e confira a versão em PDF do estudo.

Quatro notícias sobre a crise do jornalismo

As más notícias sobre a indústria de notícias também chegam pelos jornais…

O fator confiança

Screenshot 2015-02-27 03.07.27A Ethical Journalism Network acaba de lançar um estudo com dados de 16 países sobre como jornalistas monitoram seus erros e os corrigem. O Brasil está no relatório, e a seção a ele dedicada é assinada pelo jornalista Marcelo Moreira, que já presidiu a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

No geral, o estudo é bastante genérico, mas de alguma forma contribui e estimula os debates sobre auto-regulação no setor, um tabu por essas bandas.

O diretor da rede, Aidan White, considerou surpreendentes os resultados da pesquisa que apontou – à exceção da Noruega, um modelo para a auto-regulação – que na grande maioria das vezes, jornalistas e editores se digladiam com controles legais, interferência política e corrupção. Um mundo nada fácil…

Organizada pelo próprio White, a publicação – intitulada The Trust Factor (O fator confiança) – tem 80 páginas, em inglês e formato PDF.

Para baixar o estudo (arquivo de 7 Mb), vá por aqui.

regulação de mídia no reino unido

Screenshot 2012-12-03 10.55.06Os britânicos levam a mídia muito a sério. Eles têm órgãos fortes que atuam nesse campo, têm regras rígidas e um sistema de comunicações que compreende a dimensão dos cidadãos na equação comunicativa. Mesmo com tudo isso acontecem algumas barbaridades por lá, e o caso mais evidente é o escândalo dos grampos do News of the World.

Recentemente, foi lançado um amplo relatório – com quase 2 mil páginas! – tratando de questões relativas à cultura, à sociedade, à política, à ética e aos meios de informação.

O aspecto mais forte é que há um entendimento de que a mídia precisa de uma nova regulação nas terras da rainha…

Você pode ler o Leveson Inquiry aqui, mas se quiser uma mãozinha, The Guardian te dá: veja um sumário visual do documento…

Já pensou um negócio desses por aqui?

o bapijor vai começar!!!

A segunda edição do Seminário Brasil-Argentina de Pesquisa e Investigação em Jornalismo (Bapijor) começa hoje às 9 horas no auditório da Reitoria da UFSC, em Florianópolis. O evento reúne pesquisadores e profissionais para debater avanços no jornalismo investigativo brasileiro e argentino, e vai até amanhã, 18.

São quatro mesas de debates, tratando de jornalismo investigativo em órgãos públicos, empresas e organizações; de riscos profissionais e de métodos de investigação. Entre as atrações estão os jornalistas Leandro Fortes (Carta Capital), Sandra Crucianelli (SoloLocal), Daniela Arbex (Tribuna de Minas), James Alberti (RPCTV) e Mylton Severiano (ex-Caros Amigos), e os pesquisadores Gullermo Mastrini, Lila Luchessi, Eduardo Meditsch, Francisco José Karam, Luciana Kraemer, Samuel Lima e Valci Zuculoto.

A programação – que prevê ainda lançamento de livros – pode ser conferida no site do Bapijor. O evento terá cobertura ao vivo pelo Twitter, pela conta do @objethos com a hashtag #bapijor

jornalismo após wikileaks e news of the world

O World Press Freedom Committee e a Unesco promovem hoje e amanhã o seminário “A mídia mundial após o WikiLeaks e o News of the World”, evento que vai reunir jornalistas e experts de diversas partes do mundo para debaterem novos cenários para o jornalismo nos próximos anos. O seminário acontece nas dependências da Unesco em Paris, e é motivado pelos rebuliços provocados pelas ações do WikiLeaks e pelas escutas clandestinas que precipitaram o fechamento de um dos jornais mais tradicionais do Reino Unido.

Veja parte da programação:

Hoje, quinta, 16:
Painel 1 – Como os profissionais de mídia tratam o ambiente digital
Painel 2 – Profissionalismo e ética no ambiente de novas mídias depois do WikiLeaks e do News of the World
Painel 3 – Legislação internacional após WikiLeaks
Painel 4 – Relações entre governo e mídia depois do WikiLeaks

Amanhã, sexta, 17:
Painel 5 – Liberdade na internet após o WikiLeaks
Painel 6 – Jornalismo profissional e jornalismo cidadão trabalhando juntos após o WikiLeaks

Mais informações: http://www.unesco.org/new/en/communication-and-information/

Aaaahhhh!
Se você se interessa pelo tema, veja um livro sobre o WikiLeaks, um dossiê sobre o assunto e uma entrevista.

jornalismo e redes sociais, o debate

Não deu tempo de avisar antes, mas não tem problema. Com a internet, pode-se recuperar muita coisa, até mesmo o debate “Redes sociais transformam o jornalismo?”, de que participei na quinta passada, 19, na Rádio Ponto da UFSC.

O debate aconteceu no programa “Jornalismo em Debate”, produzido por alunos de graduação e pós-graduação e parte da Cátedra Fenaj. Estiveram na bancada comigo o jornalista César Valente, do blog De Olho na Capital; o jornalista Alexandre Gonçalves, do Coluna Extra; e a Alexandra Zanela, editora do Diário.Com. Por telefone, participou o jornalista Douglas Dantas, do Sindicato de Jornalistas do Espírito Santo. A supervisão dos trabalhos foi de Valci Zuculotto e a mediação foi de Áureo Moraes, ambos professores da UFSC.

A conversa foi de alto nível e atiramos para vários lados: mudanças no perfil dos jornalistas, a participação do público, possíveis furos de reportagem pelas mídias sociais, fim do jornalismo, credibilidade dos meios, enfim, muita coisa interessante.
Ficou curioso? Então, ouça!

Bloco 1
http://www.video.cce.ufsc.br/radio/2011/2011.1.34.mp3

Bloco 2
http://www.video.cce.ufsc.br/radio/2011/2011.1.35.mp3

Bloco 3
http://www.video.cce.ufsc.br/radio/2011/2011.1.36.mp3

é a independência jornalística uma ilusão?

Terra arrasada?Um dos aspectos que mais me chamou a atenção quando tive acesso às entrevistas com os principais gestores de mídia do país é que era consensual a necessidade da independência editorial para a sobrevivência do jornalismo e das empresas que disso vivem. Foi em 2009 e eram entrevistas com 22 editores-chefes, diretores e publishers de todas as regiões, e eu estava – junto com outros colegas – concluindo uma pesquisa sobre indicadores de qualidade de informação para a Unesco.

O argumento repetido é que as empresas precisam construir condições para se fortalecer financeiramente de maneira a não depender de verbas publicitárias dos governos. A independência editorial é, então, um resultado da independência comercial. O raciocínio é lógico, linear e de fácil convencimento.

Pois esta semana voltei a ouvir interessantes declarações sobre a independência jornalística. Eu participava, no Rio, do encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica), e acompanhei a mesa redonda “Mídia e democracia: questões teóricas”. Na sessão de perguntas finais, alguém da plateia questionou os palestrantes sobre a hipótese de que alguns veículos de imprensa chantageariam o governo federal com a ameaça de publicação de escândalos políticos, tentando atrair para si mais verbas publicitárias. Mesmo sem mencionar explicitamente, o indagador colocou o problema da independência da imprensa nacional.

Bem humorado, o presidente da Compolitica, Afonso de Albuquerque (UFF), disse que todas as relações humanas de alguma forma são baseadas em chantagem. “As relações sentimentais, mais ainda”, brincou, completando que a hipótese pode acontecer com alguma frequência e por parte de alguns veículos e governos. Quer dizer, é da regra do jogo, pertence à lógica que tensiona esses atores. Tentando desviar de um “cinismo” de seu colega de mesa, Fernando Lattman-Weltman (FGV) também deu de ombros diante da chantagem. “Olha, ninguém é independente. Ninguém. Nem mesmo os mortos, afinal, eles dependem da gente para serem enterrados! Por isso, nem vale a pena lutar por esse valor, pela independência”, afirmou.

Confesso que uma fala tão convicta ficou martelando a minha cabeça. Não porque me apegue tanto a certos valores, mas porque venho assistindo nos últimos anos à franca demolição de uma série deles no campo do jornalismo. Não mais se acredita em objetividade; a imparcialidade é questionada a todo momento; a verdade é relativizada; a ética é flexibilizada; a independência editorial não merece ser cultivada… Com isso, parece que daqui a pouco não vai sobrar pedra sobre pedra…

Afinal, esses valores, por décadas, serviram de alicerces para o jornalismo, tanto do ponto de vista ético quanto para garantir padrões mínimos para a sua execução técnica. É verdade que o jornalismo já não é mais o que foi; que a sociedade mudou; nossas percepções de espaço e tempo também foram transformadas; e o mundo e a vida são outros. Entretanto, temo que, no afã de se reformar o jornalismo, jogue-se a criança junto com a água do banho.

A pergunta que agora assalta a minha consciência é: se estamos em busca de uma nova ética para este novo jornalismo, em que mesmo ela estaria apoiada?

Alguém aí se arrisca a responder?

transparência na alesc e jornalismo watchdog

Reportagem do Diário Catarinense desta semana, assinada por Upiara Boschi, apontou que a Assembleia Legislativa do estado é das menos transparentes do país. A matéria, com chamada na capa da edição de domingo, 27, denuncia que no site da Alesc não estão disponíveis dados como assiduidade dos deputados, gastos em viagens e outras informações de interesse dos cidadãos.

Pois a reportagem teve efeito imediato. No início da semana, o presidente da Alesc, Gelson Merísio, apressou-se a anunciar numa coletiva que o Legislativo estava trabalhando num novo site, mais informativo. Quem acompanha o caso sabe que não foi apenas a matéria dominical que provocou essa reação. Na semana passada, outras matérias já questionavam viagens de parlamentares à China, sendo que mal se sabia dos motivos, dos custos, dos resultados e pior: um dos deputados viajantes é diretamente interessado na prosperidade dos negócios com aquele país, já que atua no setor de comércio exterior…

Esse quase cerco à Alesc traz à tona duas questões: deveres dos órgãos públicos e funções da imprensa. Nas democracias recentes, é cada vez mais invocado o princípio da transparência, e por isso gestores públicos e representantes da população precisam prestar contas do que fazem e do que deixaram de fazer. É um princípio constitucional, democrático, moderno, republicano, e que tende a se universalizar. Os norte-americanos têm uma palavra para isso: accountability. Nas palavras de um velho ditado: não basta que a mulher de César seja honesta; ela precisa também parecer honesta.

Diretamente ligado ao dever dos órgãos públicos está uma função do jornalismo: fiscalizar os poderes, acompanhar seus passos e informar à população o que está certo e o que não está. Os norte-americanos também um nome para esse tipo de prática: watchdog journalism. Numa tradução aproximada: jornalismo cão-de-guarda. Não se trata de um jornalismo pittbul que ataca a todos, mas de um jornalismo que resguarda, assegura, vigia os interesses da coletividade.

Por isso, o novo site da Alesc é bem vindo, sim. Assim como são bem recebidas as reportagens que seguem as sombras dos poderes. Jornalistas e políticos, mesmo que muito diferentes, deveriam se guiar por valores semelhantes: o bem comum, a vontade coletiva, o interesse público. Seria muito bom se fosse sempre assim. Seria…

jornalistas brasileiros estão “bem na fita”

As lideranças sindicais brasileiras estão cada vez mais influentes nas entidades classistas do jornalismo global.
Celso Schröder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), desde 2008, responde também pela Fepalc, a Federación de Periodistas de América Latina y Caribe. Agora é a vez de Beth Costa, que já presidiu a Fenaj, e que foi escolhida neste mês para ser a nova secretária-executiva da International Federation of Journalists (FIJ). A jornalista brasileira foi selecionada entre 41 candidatos de todo o mundo e vai substituir o irlandês Aidan White, que estava no cargo desde 1987.

 

 

o jornalismo precisa de novos pactos

A informação recente de que os maiores jornais brasileiros tiveram queda de 6,9% em sua circulação no ano passado pode precipitar as discussões sobre a crise dos impressos por aqui. Eu mesmo me surpreendi de ver títulos que antes pareciam tão sólidos em suas trajetórias e que agora amargavam números menores de exemplares. No fundo, no fundo, o burburinho em torno de uma crise dos jornais e – em casos mais apocalípticos e exagerados – do fim dos mesmos não envolve apenas a dimensão financeira. Isto é, embora se dê uma importância demasiada à sustentabilidade da indústria e a permanência de padrões de consumo de décadas, há uma discussão que está por trás disso tudo: o jornalismo como o conhecemos estaria com os dias contados?

Colocado dessa maneira, a crise dos jornais não é apenas um problema econômico, mas cultural, de consumo de informações, de posicionamento na sociedade. É também uma crise de confiança. Podemos acreditar nos jornais como os fieis depositários de nossas crenças e valores como o fazíamos antes? Podemos deixar para os jornalistas a missão de nos informar e tapar os ouvidos diante do canto da sereia 2.0? Estamos dispostos a pagar por informação em uma época de grande abundância dessa commodity? Queremos manter uma indústria conservadora e paquidérmica, como a dos jornais, sempre muito resistente aos ventos de mudança?

A crise dos jornais é, antes de financeira, uma crise de confiança, afinal já não se confere a esses meios a autoridade e a credibilidade de antes. Num estudo recente da Edelman, pode-se perceber que as instituições em geral têm sofrido com quedas constantes de seus níveis de confiança popular. Embora se queixe sempre dos políticos, até mesmo o governo goza de mais confiança do que a mídia. A pesquisa é realizada pela décima vez e envolve 22 países, incluindo o Brasil. Segundo a Edelman, todas as fontes de informação viram suas confiabilidades declinarem de 2009 para 2010.

Nos países emergentes, por exemplo, a confiança em TV e jornais caiu 15 pontos em dois anos!

Claro que isso é apenas uma amostra, já que o estudo da Edelman ouve uma parte da elite que forma opinião e que toma decisões. Mas a queda nas tiragens e nos índices de audiência, a migração das verbas publicitárias, e o declínio da confiança apontam para mudanças urgentes no panorama, no negócio de se produzir e distribuir informações.

O jornalismo precisa de novos pactos. Precisa demonstrar novamente aos públicos que é digno de confiança, de que seus produtos e serviços não apenas são de qualidade, mas que são essenciais para se viver nos dias de hoje. O jornalismo precisa resgatar a credibilidade, adotando posturas mais transparentes, mais equilibradas e mais focadas no interesse coletivo de seus públicos. Não é fácil, mas o jornalismo precisa se reinventar. Em tempos pragmáticos como os nossos, é cada vez mais necessário que o jornalismo se mostre útil, imprescindível, inalienável. Isso significa dizer que a crise do jornalismo é contra o descarte, contra a substituição por outras formas de informação.

Sim, me parece que o jornalismo precisa restabelecer novos pactos com seus públicos. Ao menos para mim, a reinvenção do jornalismo – e sua consequente sobrevivência e manutenção – passa não apenas pela adoção de sistemas mais tecnológicos de difusão e produção, mas por redimensionar em que bases vai se apresentar como algo essencial para o público.

jornalistas madrilenhos em baixa

Confiança é um vaso que não se quebra. Porque depois de partido, mesmo que se junte todos os cacos, nada será como antes… Confiança e credibilidade são vitais para a sobrevivência de jornalistas e do jornalismo. Volta e meia, surgem pesquisas que tentam aferir a quantas anda a imagem desses profissionais perante a sociedade. A mais recente dessas consultas é a realizada pela Asociación de Prensa de Madrid, e na Espanha o mar não está para o peixe dos jornalistas. Lá, apenas 39% das pessoas têm uma boa imagem da profissão.

A informação é do 233 grados, mas desconfio que em outras latitudes a coisa não esteja lá muito diferente…

jornais têm menos credibilidade que internet!

É o que mostra uma pesquisa realizada no país e divulgada hoje pelo Comunique-se.

Leia a matéria completa:

Um estudo realizado pelo Instituto Vox Populi, encomendado pela Máquina da Notícia, aponta que o rádio e a internet são as mídias que despertam mais credibilidade entre os brasileiros. Em uma escala de 1 a 10, o rádio conquistou a maior nota (8,21), quase empatando com a internet (8,20), seguidos pela TV (8,12), jornal (7,99), revista (7,79) e redes sociais (7,74).

A pesquisa mostrou que as mídias apontadas pela credibilidade não são necessariamente as mais acessadas, já que a TV é vista pela maioria dos respondentes (99,3%), seguida por rádio (83,5%), jornal impresso (69,4%), internet – sites de notícias e blogs de jornalistas – (52,8%), revista impressa (51,1%), redes sociais – Twitter, Orkut, Facebook, etc – (42,7%), a versão online dos jornais impressos (37,4%) e a versão online das revistas impressas (22,8%).

O economista e coordenador da pesquisa, Luis Contreras, consultor do Grupo Máquina, destaca o avanço das redes sociais, que se aproximam do índice de credibilidade das demais fontes de informação. “Entre os usuários dessa nova mídia, 40% consideram-na como de credibilidade muito alta. Isso nos mostra claramente que não podemos ignorar o poder das redes sociais na formação de opinião”, enfatiza.

Entre os principais meios de informação, a TV continua na liderança (55,9%), seguida pela internet – sites de notícias/blogs jornalísticos – (20,4%), jornal impresso (10,5), rádio (7,8%), internet – redes sociais – 2,7%, jornal online (1,8%), revista impressa (0,8%) e revista online (0,1%).

O estudo entrevistou 2.500 pessoas maiores de 16 anos, entre 25/08 e 09/09, no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

antes do 7 de setembro, 7 links

Enquanto não vem o feriado, compartilho algumas paradas obrigatórias da web na semana…

  • Sérgio Dávila entrevista Chris Anderson, o editor da Wired e autor de Free, livro que discute a economia da gratuidade: aqui.
  • Carlos Castilho, do Código Aberto, escreve sobre auto-regulação, um tema que exige maturidade, consciência e equilíbrio: aqui.
  • Porque as mídias sociais precisam de profissionais éticos. Jason Falls escreve sobre o tema, aqui.
  • C.W. Anderson trata do futuro das notícias em quatro dimensões. Leia aqui.
  • Cibereconomia, uma rede social para difundir a cultura da inovação. Entre aqui.
  • Um dia por dentro do Jornal Nacional, matéria do G1 sobre o lançamento do livro “Jornal Nacional: Modo de Fazer”, de William Bonner. Aqui.
  • Mediactive, o site de Dan Gillmor que pretende criar um guia para democratizar a mídia: aqui.