polêmica do livro do mec é tempestade em copo d’água

Tenho acompanhado de perto o debate em torno do livro adotado pelo MEC e que estaria “ensinando errado” a língua portuguesa, ao reproduzir erros de concordância. E o que se vê nos meios de comunicação é bastante discutível não apenas do ponto de vista linguístico, mas também jornalístico.

De maneira ampla, os meios de comunicação têm engrossado as críticas ao Ministério e ao livro, formando uma verdadeira tropa de choque a favor da língua pátria. Jornalistas gesticulam, esbravejam, tecem discursos moralizantes em torno do idioma, como se viu, por exemplo, na edição de hoje cedo no Bom Dia Brasil, da Rede Globo. O jornalista Alexandre Garcia disparou contra o livro e o MEC, criticando uma certa cultura que fraqueja diante dos insucessos escolares, que flexibiliza demais o ensino e permite o caos que hoje colhemos na educação. Ele lembrou os exemplos da Coreia do Sul e da China, que há décadas investem pesado em seus sistemas educacionais e hoje prosperam, assumem a dianteira de alguns setores. Só se esqueceu de dizer que esses países investem nas ciências exatas e duras e não nas humanísticas, no ensino de língua materna, etc…

Não satisfeito, o Bom Dia convocou o professor Sérgio Nogueira, guardião da língua nacional e jurado do quadro Soletrando, do Caldeirão do Huck, este bastião da cultura brasileira. Nogueira também bateu forte, e quase pediu a cabeça do ministro Fernando Haddad, citando casos recentes (e graves) que chacoalharam o MEC. Só não “demitiu” Haddad por falta de tempo em sua intervenção…

Mas o caso do Bom Dia Brasil não é único. Alguém aí viu ou ouviu a autora do livro em alguma entrevista? Ela pôde dar sua versão? Alguém aí viu ou ouviu linguistas como Marcos Bagno e Ataliba T. Castilho, que pesquisam e trabalham há décadas em torno da discussão de uma gramática para o português falado e da singularidade idiomática do português brasileiro? Alguém aí viu alguma matéria sobre preconceito linguístico? Pois é, pois é…

Marcos Bagno tem um livro simples sobre o tema do preconceito linguístico, derivado de sua tese de doutorado e de anos de pesquisa. O professor Ataliba escreveu três volumes de uma gramática voltado ao português falado. Isso não é suficiente para se perceber que existem abismos entre o que se escreve e o que se fala? Que a língua falada é mais dinâmica, mais porosa que o padrão culto da língua, a ser aplicado na sua dimensão escrita? Alguém aí já ouviu falar de um genebrino chamado Ferdinand de Saussure, por acaso pai da Linguística, cujo livro póstumo de 1916 já tratava de separar língua (langue) e fala (parole)?

O fato é que sobra opinião apressada e ignorância na cobertura da imprensa sobre o caso. Sobra também prescritivismo, conservadorismo e elitismo no ensino de línguas. E justo nos meios de comunicação, ao mesmo tempo ator e ambiente fundamentais para difundir, disseminar e consolidar gestos de linguagem, fatos da língua…

política de comunicação de verdade

No Reino Unido, os cidadãos contam com o Ofcom, órgão independente regulador das indústrias de comunicação. Lá, a coisa é séria há décadas, e a instância tem políticas efetivas de comunicação, visando o direito das pessoas, a qualidade do conteúdo e a competitividade do setor.

Como não poderia deixar de ser, o Ofcom trabalha com planejamentos, mas também com transparência. Por isso, seu plano de trabalho periódico é feito com antecedência e apresentado à sociedade para adendos, alterações e supressões. De forma participativa, ampla e democrática. Não acredita? Então, confira a versão para discussão do plano de trabalho 2011-2012.

Tão vendo como regulação não significa necessariamente censura ou retirada de direitos?

censura, mpb e um livro a ser lançado

quadrinhos, jornalismo, teoria e arte nacional

Três notas rápidas que se cruzam num mesmo assunto: histórias em quadrinhos.

  • Quadrinhos e Jornalismo: acontece amanhã, às 14h30, no Mestrado em Jornalismo da UFSC a defesa da dissertação “Imagem, narrativa e discurso da reportagem em quadrinhos de Joe Sacco”, de Juscelino Neco de Souza Júnior. O trabalho é uma vigorosa leitura das narrativas do jornalista maltês que inaugurou um novo gênero na área: a reportagem em quadrinhos. Tendo como base o filósofo Michel Foucault, a dissertação transita pelo jornalismo, pelas artes visuais e pelo cinema. O trabalho foi orientado pela professora Gislene Silva. Acompanhe a transmissão ao vivo aqui.
  • Quadrinhos e Teoria: alunos da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA) estão produzindo histórias em quadrinhos eletrônicas, com recursos multimídia, e apoiados no conceito de modernidade líquida do teórico Zygmunt Bauman. A “Equipe do PH” surgiu no Laboratório de Jornalismo Digital e Novas Mídias e teve orientação da professora Kalynka Cruz. Conheça o site, leia e baixe em formato PDF.
  • Quadrinhos no Brasil: junte um jovem escritor premiado e um cartunista criativo desde o útero. Misture tudo e agite antes de ler. O resultado é “Cachalote”, que está nas livrarias brasileiras e se revela o lançamento brasileiro do ano em termos de quadrinhos. O livro de quase 300 páginas reúne cinco histórias que não se cruzam, mas que se entremeiam e que envolvem o leitor. Os enredos são de Daniel Galera e os desenhos de Rafael Coutinho. O primeiro escreveu o excelente “Cordilheira”. O segundo não bastasse ter talento e traço marcante, é filho de Laerte. Se gostei? Sim. Bastante. “Cachalote” vale ler, ter e estudar. E a baleia onírica, fantástica, misteriosa é uma poderosa metáfora da felicidade.

hq-con bombou!

O Floripa Music Hall ficou pequeno pra tanta gente neste sábado, durante a HQ-CON. Pelo que me lembro, esta é a primeira convenção de quadrinhos da cidade, e a casa de shows no centro ficou abarrotada de gente ao longo do dia. Milhares de pessoas passaram pelo local, espremendo-se entre as cadeiras dispostas para assistir aos debates e a área de circulação aberta. Confesso que me impressionei com o que vi. Quando cheguei pela manhã com meu filho, na abertura do evento, um grupo bem menor de pessoas aguardava a abertura dos portões. “É a meia dúzia de aficcionados de quadrinhos de sempre”, pensei. Que nada!

A casa foi enchendo e depois do almoço estava cheia. Um sucesso!

Eddy Barrows, desenhista do Superman, e dr Banner

Como convém, havia exposição de originais, encontro com artistas – como Eddy Barrows, que desenha o Superman, e Ricardo Manhães -, venda de gibis novos e usados, e alguns outros artigos para colecionadores. Diversas mesas com roteiristas e desenhistas aproximaram os fãs de quadrinhos catarinenses de alguns realizadores de outras praças, principalmente São Paulo. O concurso de Cosplay também convenceu alguns a aparecem fantasiados de seus personagens favoritos, vindos dos quadrinhos, dos animés ou dos games. Levei meu filhote vestido de Hulk e ele fez grande sucesso, mas se cansou bastante e não conseguiu esperar colher as glórias na competição: foi pra casa da avó. Atendi ao pedido, afinal “Hulk esmaga!”

Mesmo em sua primeira edição, a HQ-CON revela um incrível potencial comercial, cultural e social. Seus realizadores irão enxergar como um evento como este pode não apenas mobilizar tanta gente como também render dividendos e ajudar a difundir as subculturas ligadas à cultura de fãs. O que que quero dizer com isso? Ora, da próxima vez, será preciso fazer a convenção num espaço maior, com infra-estrutura tão boa como a que vimos hoje, mas com a presença de mais expositores, mais divulgação na mídia e mais cuidados na organização, principalmente com relação ao cronograma. Houve atraso de mais de duas horas em algumas atrações…

Se você não foi, mas quer um resumo, veja o que achei de bom e de ruim na HQ-CON:

Positivo

  • A escolha do local de realização; o Floripa Music Hall é central, limpo, bem iluminado, com bons banheiros e com estacionamento fácil (e de graça). É verdade que o estacionamento não é muito grande a ponto de permitir a entrada da Enterprise, mas bastava para veículos civis…
  • O preço dos ingressos: R$ 15,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Para um evento que começa às 10 da manhã e vai até até as 19 horas é bem barato.
  • Os convidados das mesas representam parcela interessante da produção atual de quadrinhos. Para quem não os conhecia, estava aí uma chance; para os mais bem informados, foi uma forma de revê-los
  • Trazer artistas para conversar com os fãs, desenharem por lá, e trocarem ideias é sempre muito legal. Aproxima o realizador com o seu público. Deveriam ter sido mais “explorados”.
  • Sorteios de brindes e gincanas sempre são muito divertidos.
  • A heterogeneidade do público foi uma grata surpresa. Sim, encontrei com os nerds de sempre, os cabeludos e barbudos, as meninas esquisitonas, mas vi a vovó que trouxe o neto, o professor de matemática que estava de passagem pelo centro, a bonitona que entorta os pescoços dos rapazes, enfim, várias camadas que se interessam pelo assunto. Isso é muito positivo, pois quadrinhos deixa de ser assunto de gueto…

Negativo

  • Não havia muita opção para alimentação e os preços praticados no interior da convenção eram extorsivos
  • Houve atraso na abertura dos portões e os debates se estenderam para além de seus horários, comprometendo todo o cronograma. Poderiam ter chamado o Wolverine pra ser o mediador: ninguém estouraria o horário!
  • Faltou um grande nome nacional entre os debatedores. Quem sabe ano que vem convidem alguém para uma conferência de abertura. Talvez a organização escolha um homenageado da edição e ele possa ser o cara do momento…
  • Havia poucos expositores e vendedores, e eles estavam confinados a espaços bem limitados. Sebos da cidade, lojas de games, camisetas e suvenires poderiam estar por lá também… afinal, nenhuma convenção de quadrinhos trata apenas de quadrinhos. A cultura de fã abarca games, seriados, livros, animés, vestuário, lembrancinhas diversas…
  • Não ter convidado escolas e articulado a vinda de mais crianças e pré-adolescentes. Vi poucos por lá. A maioria levada por pais ou parentes que já gostam da Nona Arte. Mas fazer com que estudantes frequentem um evento de quadrinhos é também uma importante iniciativa de formação de leitores.
  • Senti falta de grandes editoras ou lojas de quadrinhos, de alcance nacional. A presença de comerciantes locais deu um charme especial e mostrou que há um mercado regional, mas a vinda de grandes players daria mais opções ainda aos consumidores.
  • Por fim, acho que a convenção pode ter uma cobertura ao vivo pelas redes sociais. Twitter, Facebook, YouTube, Orkut e outros lugares estão aí mesmo pra expandir o universo…

games e tv: tudo o que é ruim é bom pra você

É com essa afirmação provocativa que um dos caras mais antenados e inteligentes da atualidade chacoalha o nosso senso comum. Steven Johnson tem três filhos, 42 anos, e está baseado no Departamento de Jornalismo da New York University. E a sua provocação neste livro é esta: a cultura de massa que costumamos culpar pela idiotia massiva não imbeciliza ninguém. Pelo contrário: games, TV, internet e cinema têm feito com que fiquemos mais inteligentes nas últimas décadas!

Num dos mais comentados livros de 2005, o autor contraria os argumentos fáceis que satanizam as mídias massivas, principalmente quanto ao “baixo nível” da TV, às constantes cenas de violência gratuita e sexo abundante e por aí vai. Johnson apresenta dados que mostram, por exemplo, que os seriados atuais têm narrativas mais complexas, menos maniqueísmo e recursos tecnológicos que permitem uma outra experiência de fruição. Equilibrado, o autor propõe uma análise que transcende a habitual – e injusta – comparação entre a leitura de livros e os gestos de assistir a TV e jogar videogames. A comparação é injusta porque são complexos cognitivos muito diferentes. Não se trata de melhor ou pior, mas de operações distintas. Se por um lado, não se pode exigir de um videogame o aprofundamento psicológico de personagens que se encontra num romance; por outro, também não se pode esperar que o leitor tenha o mesmo “sistema de recompensa” dos games durante a leitura do tal romance. Cada meio oferece um tipo de experiência.

Steven Johnson mostra que cognitivamente os produtos da TV, do cinema, da internet e dos games têm exigido mais dos seus públicos do que tempos atrás. A complexidade narrativa, a não-linearidade do tempo, a ambiguidade moral, o recurso a paralelismos e a múltiplos focos de ação, tudo isso vem fazendo com que treinemos mais nossos cérebros. E isso é resultado de uma evolução paulatina na indústria de massa. Graças aos seriados rasos dos anos 70 é que hoje absorvemos com naturalidade séries mais complicadas como Lost e Fringe, por exemplo. Graças a quilômetros de filmes com explicações roteirizadas que aprendemos os códigos cinematográficos que nos permitem ter a sensação da previsibilidade de algumas cenas, de alguns gêneros.

Mas engana-se quem pensa que Steven Johnson sugira que joguemos fora as formas convencionais de informação e diversão. Não. Ele reconhece que TV e games nos tornam mais inteligentes, mas defende fortemente a leitura, os estudos habituais e as experiências que acumulamos desde então. Ele deplora a violência e o sexo gratuitos, e insiste na importância de pais acompanharem seus filhos no consumo das mídias e na sedimentação de valores morais verdadeiros. Johnson só não é careta, hipócrita e reacionário. Apontado pela Newsweek como uma das cinquenta pessoas mais importantes da internet, Steven Johnson é arejado, equilibrado e disposto a enfrentar o senso comum.

No Brasil, “Everything bad is good for you” foi editado pela Campus, mas a tradução dá umas derrapadas. A começar pelo título que se tornou “Surpreendente!”…

mídia e qualidade: indicadores

Acaba de sair há pouco a tradução para o português de um importante documento internacional sobre comunicação e qualidade. Trata-se dos Indicadores de Desenvolvimento da Mídia, publicação produzida e organizada no âmbito da Unesco, reunindo a expertise de profissionais e estudiosos do mundo inteiro.

Vale a leitura do documento. Merece o debate que ele enseja…

Baixe: http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001631/163102por.pdf

concurso para assistente no ceará

Universidade Federal do Ceará faz processo seletivo para para professor assistente para “Comunicação e Cultura”. A vaga está lotada para o campus do Cariri.

Mais informações: http://www.srh. ufc.br/editais/ edital932010. pdf

justiça espanhola libera geral: compartilhamento não é pirataria

Reproduzo notícia que li no Observatório do Direito à Comunicação:

Um juiz de Barcelona decidiu que o blogueiro Jesus Guerra Calderon é inocente das acusações de violação de propriedade intelectual que lhe fizera a Sociedade Geral dos Autores e Editores da Espanha. O site de Jesus Guerra Calderon, o Elrincondejesus.com, divulga links para downloads de músicas e filmes através de sistemas de partilha de arquivos, como o eMule ou o Bit Torrent, os chamados sistemas peer-to-peer (P2P).

O processo contra Jesus Calderon, dono de um pequeno bar nos subúrbios de Barcelona, foi movido pela Sociedade Geral dos Autores e Editores da Espanha há três anos. Esta entidade é responsável pela gestão e proteção dos direitos de autor e representa mais de 90.000 membros de áreas tão distintas como a indústria cinematográfica, música ou literatura. A SGAE é ainda o rosto de mais de 150 das maiores empresas do mundo na área de conteúdos. Agora, a Justiça espanhola decidiu que o site não viola a Lei de Propriedade Intelectual.

A sentença vai mesmo ao fundo da questão, afirmando que os sites de links como o Elrincondejesus.com limitam-se a oferecer a possibilidade de fazer downloads através do P2P, mas “não supõe nem a distribuição, nem a reprodução, nem a comunicação pública das obras sujeitas a propriedade intelectual, pois é um mero índice que facilita a busca em redes de intercâmbio de arquivos P2P através do sistema de menus, cartazes ou capas com títulos de filmes ou obras musicais.”

A sentença vai ainda mais longe e afirma que “o sistema de links constitui a própria base da internet e uma multidão de páginas e sites de busca ( como o Google) permitem tecnicamente fazer aquilo que precisamente se pretende proibir neste procedimento, que é linkar as redes P2P”

A sentença foi classificada como “histórica” pelo advogado do acusado, Carlos Sánchez Almeida, e rebate assim os argumentos da SGAE, que acusava Jesús Guerra de infringir a Lei de Propriedade Intelectual por explorar obras sem ter os direitos de fazê-lo, reproduzi-las e fazer comunicação pública delas.

Segundo o El País, há hoje 34 processos penais contra sites que distribuem links ou disponibilizam arquivos para download.

A decisão vai também no sentido oposto ao que foi seguido recentemente na França, que aprovou uma lei contra a pirataria que prevê cortes de acesso à internet e multa em até 300 mil euros quem descarregue ficheiros de conteúdo denominado “ilegal”.

direitos autorais: advogado avalia panorama das disputas judiciais

Ilustrado por Spacca para o ConjurEmbora seja um dos maiores experts brasileiros em Direitos Autorais, o advogado Amaro Moraes e Silva Neto recusa o rótulo de especialista. Ele se vê mais como um profissional que se dedica a questões que envolvem direito e tecnologia da informação, e em especial com casos de violação de direitos autorais na internet. Tudo porque, nos últimos anos, o próprio advogado tem percebido “dezenas de artigos seus” circulando pela rede sem qualquer menção ao autor.
Na entrevista a seguir, feita por email, Amaro Moraes e Silva Neto avalia como está sendo tratada essa que é uma questão cada vez mais estratégica e permanente na web: a autoria e os direitos de quem cria conteúdos.

No Brasil, muita gente move ações judiciais para garantir seus direitos nesta área? São artistas? Escritores? Jornalistas?
No que diz respeito a quem promove estas ações, estão presentes todos os segmentos sociais (artistas, escritores, jornalistas, advogados, etc.) Entretanto, fique ressaltado, o número de processos em trâmite é insignificante. Parece que as pessoas não estão se importando em serem furtadas em suas idéias.

Para termos uma ideia, uma ação ganha nas cortes daqui chega a propor o pagamento de que indenizações? Que reparações são pedidas?
Como já o disse um brilhante jurista brasileiro, Nelson Hungria, “a vida é variedade infinita e nunca se ajusta com irrepreensível justeza aos figurinos da lei ou às modas da doutrina”. No que diz respeito às indenizações por danos morais, deve ser esclarecido que somente cabe ao juiz a determinação do montante da indenização por danos morais.
Em 22 de agosto de 2000, a Coordenadoria de Editoria e Imprensa do Superior Tribunal de Justiça, veiculou notícia relativa ao Recurso Especial nº 114302/SP contra um Acórdão que condenou o pesquisador científico Carlos Augusto Pereira a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais à biomédica Yeda Lopes Nogueira, do Instituto Adolpho Lutz, a título de danos morais em razão do plágio perpetrado. No entanto, às indenizações por danos morais em razão plágio não são tão pródigas. No que diz respeito a danos materiais (inclusive lucros cessantes), estes serão reparados na razão direta de sua comprovação.

O senhor acha que a realidade brasileira é muito diferente de outros países quanto à disputa pela propriedade intelectual? Isto é, nossa legislação – sobretudo a Lei 9610/98 – tem dado conta dos casos? É avançada ou retrógrada?
Num mundo globalizado, de certo modo, tudo é muito parecido, eis que tudo atende, basicamente, a um único fator: o econômico. A legislação que criou a propriedade intelectual (uma aberração jurídica) atendeu aos interesses das mega-corporações que, de fato, dominam o planeta, não aos dos artistas que foram rebaixados a produtores culturais. Tecnicamente, não tenho o que criticar da lei dos direitos autorais. Mas este não é o ponto. O ponto é a aplicação da lei nos moldes dos anseios coletivos.

É claro que o advento da internet trouxe novos elementos para a esfera do direito autoral. Como vem reagindo os poderes Legislativo e Judiciário diante dessas modificações?
A internet não trouxe novos elementos para a esfera do direito autoral. A internet se prestou, como meio de divulgação exponencial, a criar conflitos neste meio. O resto é tudo igual.

Neste sentido, como senhor vê movimentos de flexibilização de direitos de autor, a exemplo das licenças do tipo Creative Commons, propostas pelo jurista Lawrence Lessig?
Acho fabuloso. Sempre fui partícipe desta posição desde 1996, quando criei um portal jurídico chamado Avocati Lócus, que não existe mais. Meus artigos eram assim disponibilizados. O que eu não admito é a omissão de texto ou, principalmente, a de meu nome como autor.

De que maneira isso tem modificado a tramitação de ações por aqui?
Em nada.

Tecnicamente, é mais fácil se identificar plágios em músicas do que em textos. A repetição de um conjunto de acordes caracteriza a cópia indevida. Isso não está muito definido em termos de textos. Em que bases se apoiam as cortes brasileiras para diferenciar um plágio de uma excessiva similaridade? Esses parâmetros são confiáveis?
Eu creio que na literatura é mais fácil se identificar o plágio do que na música. Em primeiro lugar pelo tempo ocupado por uma música e o ocupado por um texto. Menos elementos, mais facilidade. Mas, voltando à identificação do plágio literário, via de regra ele é literal… Alguns raros plagiadores tentam, no começo, dissimular a origem, mudando a ordem do parágrafo com a inversão de frases, substituindo algumas palavras por seus sinônimos e vai. Mas é fácil. Atualmente, existem programas que facilitam esta consulta.
Quanto às bases em que se apóiam as cortes, nos casos em que sou parte ou advogado sempre os julgadores se convenceram estribados nas atas notariais que noticiam os fatos. Trata-se de mera comparação. Quanto à sua confiabilidade, é indiscutível. Na verdade quem, ao tentar explicar (rememorando mais uma vez Nelson Hungria) que a distância mais curta entre dois pontos precisa recorrer aos geômetras da Quarta Dimensão, perdeu a convicção em si mesmo. Certas coisas são simples.

Por trás desses litígios está a ideia de “autoria”. A internet e seus usuários tem proposto novos regimes de autoria, como as compartilhadas e coletivas. Como o senhor observa a evolução desse conceito? Que futuro imediato temos para a produção autoral de conteúdo?
Em havendo acordo entre as partes quanto à exploração de uma idéia, comunitariamente, na verdade nada de novo ocorrerá. A legislação autoral já antecipa isto que se chama co-autoria. Quanto ao futuro imediato eu vejo um caminho sendo bastante bem pavimentado para que nos dispamos integralmente de nossa privacidade e façamos de conta que somos uma grande comunidade. Já não guardo este otimismo dos primeiros momentos da internet. Hoje tudo é uma grande ágora. Mas ainda podemos conspirar.

youtube, cultura participativa e cocriação

“YouTube e a revolução digital”, de Jean Burguess e Joshua Green, é um bom livro para se começar a pensar as apropriações midiáticas pelo cidadão comum a partir do site de vídeos mais conhecido do mundo. Não se trata de um estudo amplo como o de Henry Jenkins (“Cultura da Convergência”), mas pode ser visto como um capítulo sobre a produção criativa e participativo no meio audiovisual nesses nossos tempos. Aliás, Jenkins assina um dos posfácios ao livro e elegantemente coloca alguns pingos nos is, mostrando o que existia antes do YouTube.

Nota positiva do livro: ele é recente, é um estudo centrado nas interfaces sociedade-mídia-cultura, e faz um ótimo apanhado do que já se produziu na academia e na mídia sobre o YouTube. E olha que o site só surgiu em 2005 e já é o que é.

Nota negativa do livro: não sou um especialista em tradução, mas a edição brasileira – assinada pela Aleph – comete uns equívocos que considero imperdoáveis. O mais evidente para mim é grafar “radiofusão” ao invés de “radiodifusão”.  E não é erro de digitação, pois não só as ocorrências são muitas como também aparece um “radiofusor”… Não é pegação de pé não. É que o conceito de “radiodifusão” é central na contraposição de um sistema em que o próprio YouTube se equilibra. Top-down, bottom-up, broadcasting… Quem sabe na próxima edição, isso é corrigido.

Ficou curioso de ler o livro? Leia, pois vale. Não é a bíblia do assunto, mas leva a outras leituras.

Pra ilustrar, veja o primeiro vídeo hospedado no YouTube… “Me at the zoo”

tempos de paz: entre cinema e teatro

Fiquei fascinado ao assitir “Tempos de Paz”, filme que chegou aos cinemas esta semana e que é, na sua despretensão, uma das mais interessantes realizações brasileiras desde o “Cheiro do ralo” (2007), por exemplo.

É claro que os dois filmes não têm nenhum parentesco, nada que os aproxime do ponto de vista temático ou estético. Enquanto o “Cheiro…” é um exercício de estilo, transgressivo e moldado a ser um cult para certos públicos, “Tempos de Paz” é muito mais um exercício de linguagem, de realização de um cinema mais maduro e consistente nas suas bases.

E essa diferença se dá fundamentalmente porque “Tempos de Paz” é uma versão cinematográfica de uma peça de teatro. Aliás, um texto sensacional, maravilhoso, apontado por boa parte da crítica como o melhor texto do começo do século XXI no país. Do finalzinho de 2001, o texto assinado por Bosco Brasil tem um título mais longo, próprio mesmo do meio: “Novas diretrizes em tempos de paz”. A história não é rocambolesca e não há uma abundância de personagens, pelo contrário. É a justeza, a singeleza e a profundidade de abordagem que tornam o enredo incontornável, insuperável.

Na trama, estamos em abril de 1945. A Segunda Guerra Mundial está no fim, e as forças européias aguardam o armistício. No Brasil, Vargas está no poder, e o Rio de Janeiro ainda é a capital federal. Lá, desembarcam diariamente hordas de refugiados do nazismo e dos horrores da guerra. Um deles é o polonês Clausewitz, que anseia começar uma nova vida no Brasil, onde se fala uma “língua macia, falada apenas por bebês e idosos, por gente que não tem dentes”.

Clausewitz aprendeu o português, mas na imigração, essa condição e outras contradições despertam a suspeita de um burocrata amargurado, embrutecido e descartado pelo sistema. É dele, Segismundo, que Clausewitz depende para receber o visto de permanência no Brasil, e os dois vão travar uma terceira guerra de palavras, aproximando dois mundos e duas vidas separadas pela língua, pela cultura, pelo destino.

Como se vê, não é um filme de ação, mas de reflexão, de emoção. Daí a importância da realização de Daniel Filho, talvez o homem mais importante do cinema nacional hoje, por trás de sucessos de bilheteria como “Se eu fosse você” (1 e 2), “A partilha”, entre outros. Daniel Filho atua, dirige, produz e, de forma naturalmente gregária, reúne em torno de si os melhores profissionais nos desenhos mais comercializáveis do produto cinematográfico. “Tempos de Paz” não deve se tornar um caminhão de dinheiro como “Se eu fosse você 2”, mas é justamente o sucesso arrasador deste que permite e dignifica a execução de um projeto como o de “Tempos…” Com isso, Daniel Filho marca mais uma vez o seu nome na história do cinema nacional, agora com coragem e maturidade.

Mas a importância de “Tempos de Paz” está também na transposição, na tradução, no trabalho de versão de linguagens. O texto é, como já disse, originalmente uma peça teatral, tem o tempo dos palcos, a ação dramática como base, os diálogos fortes e bem cortados como alicerce, o espírito das coxias. Para não perder em substância ou forma, o diretor convidou o próprio Bosco Brasil para escrever o roteiro, o que se revelou na melhor opção. Ajustes foram feitos do ponto de vista formal, permitindo que o público respire de vez em quando, olhando a bela baía carioca, cenas externas aos porões do cais 22, e por aí vai. Foi adicionado mais um elemento, próprio do cinema: um acerto de contas com o passado. Dois personagens que não existem na peça surgem no roteiro cinematográfico e ajudam a conduzir a trama num embrião de thriller. O próprio Daniel Filho interpreta o elemento-chave deste acerto de contas, um médico sem nome que resistiu ao governo de Vargas.

Nos papéis principais estão Dan Stulbach, na pele do imigrante polonês, e Tony Ramos, como Segismundo. Aliás, os realizadores não tiveram pudor em manter elementos bem sucedidos no teatro. Stulbach já vivera o personagem nos palcos, ao lado de Jairo Mattos. E tanto Tony Ramos quanto Stulbach estão so-ber-bos em seus papéis, num duelo de interpretação, que arranca risos nervosos, lágrimas furtivas e uma ânsia pelo desfecho daquele tormento criado entre eles. O público precisa perceber que estamos diante de um momento histórico da interpretação no cinema nacional, e isso não é exagero. Muito ainda vai se falar do duelo entre Ramos e Stulbach, como o encontro de dois atores de gerações diferentes mas que não encenam, mas contracenam, o que não é fácil quando se trata de cinema, uma arte tão cheia de cortes de câmera para enquadramento e de interrupções do fluxo interpretativo dos atores.

Por fim, a música adequada de Egberto Gismonti e uma belíssima homenagem dos realizadores aos refugiados da Segunda Guerra que chegaram ao Brasil e contribuíram para a nossa cultura e desenvolvimento… Por falar em homenagem, Bosco Brasil mantém a trama de seu texto original que resulta numa extraordinária homenagem e reconhecimento ao teatro, para além de sua utilidade num mundo repleto de desgraças… “Tempos de Paz” não nasce como um clássico do cinema nacional. Não parece ter essa pretensão. É uma realização singela, bem acabada, digna e honesta. Mas por isso tudo uma importantíssima obra para a cinematografia de qualquer país.

michael jackson em todo lugar

Não acompanhei os funerais de Michael Jackson. Os muitos compromissos de final de semestre simplesmente impediram. Mais sortuda que eu, minha esposa – que já está praticamente de férias – zapeou pela TV hoje à tarde e ficou impressionada com a onipresença do rei do pop.

Segunda ela, ao menos doze emissoras transmitiam o tributo ao vivo: RTP, Globo, Band, Record, Record News, CNN, CNN espanhol, E!, MTV, MTV Brasil, CBS e BandNews. Falta de pauta, exagero midiático, circo sinistro, tudo isso e mais a gigantesca figura pública que o artista construiu durante a carreira.

Quando o papa João Paulo II morreu, o anúncio de sua morte foi considerada a notícia mais dada do mundo. O episódio foi desbancado pela vitória de Barack Obama nas eleições norte-americanas, em menções na mídia. Com o passamento de Michael Jackson, sem apelos religiosos ou políticos, isso deve mudar. Alguém aí duvida que o acontecimento possa ser o fato mais noticiado da história? A conferir…

quando miles encontra michael

Porque ainda esta semana ouviremos muito falar de Michael Jackson, começo a semana com um encontro inusitado, emocionante e intenso: Miles Davis toca a “natureza humana” do rei do pop…

persona cia de teatro, 8 anos

A Persona Cia de Teatro, de meus amigos Jefferson Bittencourt, Glaucia Grígolo, Malcom Bauer, Melissa Pretto e Igor Lima, está completando oito anos de (ótimos) espetáculos. Para marcar a data, foi postado no YouTube um clipezinho com cenas das montagens que fazem parte do portifólio do grupo: “F.” + “E.V.A.” + “Castelo de Cartas” + “Nem mesmo a chuva tem mãos tão pequenas” + “A galinha degolada”.

Parabéns ao grupo!

gaveta do autor, atualizada a edição

Acesse: http://www.gavetadoautor.com

gavvvvvvv

cartola, 100!

Hoje, Cartola faz cem anos.
Um século de lirismo, de poesia, de romantismo, de samba e romance.
Nas composições dele, o coração é um latifúndio, a mulher amada, uma deusa, a dor de amor, a dor maior.

Com Cartola, a letra do samba ganha contornos de verso poético. Com Cartola, a vida no morro até parece bonita e redentora. Com Cartola, sofrer apaixonado não é um mau negócio.

Para quem conhece, para matar a saudade. Para quem nunca ouviu dizer, amostras…

Tive sim

Peito vazio

Alvorada

As rosas não falam

Sala de recepção (a minha favorita!)

um selo de ética para a web?

Patrick Thornton vem com a idéia de um selo de ética para sites na internet. O conceito dialoga com as preocupações de várias pessoas em torno de uma web com mais transparência, qualidade e confiabilidade. Segundo explica o próprio Thornton, a coisa funcionaria como as licenças de Creative Commons, já que estamos falando de internet e tratando de comunidades virtuais, redes sociais de pessoas que atuam na web.

Seriam cinco categorias, e cada uma delas teria níveis diferentes:

For instance, your blog could say that you do not accept anonymous sources, while I might accept anonymous sources as long as two-independent sources confirm the same information. This will create a lot of freedom for people to customize their specific ethics policy within our open source framework.

As categorias:

  1. Sourcing
  2. Objectivity/advocacy/opinion journalism or opinion
  3. Linking
  4. Copy editing/fact checking (does a second person fact check?)
  5. Conflicts of Interests.

O proponente do selo de ética diz que vários motivos estimulariam cada blogueiro ou dono de site a buscar certificar seus domínios na web com a nova rotulagem: transparência, marketing, satisfação dos usuários, por exemplo.

Mas a idéia, frisa o Thornton, está apenas tomando forma. Ele pede para que as pessoas divulguem o conceito, que mandem sugestões por email ou participem do online ethics wiki.
O que eu acho disso tudo?
1. O projeto parece bem intencionado. Mas desde Dante Alighieri sabemos que “o inferno está cheio de boas intenções”. Isto é, nada garante que ele tenha sucesso, que mude uma cultura, que seja incorporado pelos usuários, que se materialize em algo bom para a web e para as pessoas.
2. O projeto tem qualidades. A idéia tem o mérito de ser afirmativa, de apontar o que deve ser destacado na web por seus valores intrínsecos e não estratégias de visibilidade e outros mecanismos. O blog ou site deveria reunir condições e características que o distinguissem por valores e conteúdos relevantes, o que – em tese – tenderia a separar bem o joio do trigo.
3. O projeto toca em pontos nevrálgicos na web e ainda pouco explorados. O tema da ética é altamente polêmico. É um assunto que todos dizem defender ou gostar, mas pouca gente estuda e trabalha por ele. Sejamos francos. Também contaminam as discussões diversos interesses (inclusive conflitantes), uma carga pesada de subjetivismo, doses generosas de ceticismo e cinismo. Mas acho importante alguém colocar a cabeça para pensar e se arriscar para trazer esse tema para a discussão. O caso mais ruidoso e recente de que me lembro foi o de Tim O’Reilly que propôs um código de ética para a blogosfera e foi bastante rechaçado.
De qualquer forma, é uma idéia a ser discutida. Vai dar certo? Não tenho tanta certeza. Vai ter adesão? Penso que alguma. Vai ser implementada? Quem vai dizer será a comunidade…

google nos deixa mais burros?

Joel Minusculi me falou de uma pesquisa que mostraria que a internet nos deixa mais burros. O texto saiu na Época Negócios (aqui) e, em resumo, menciona artigos de Nicholas Carr. Para ele, a internet vem modificando nossos cérebros e afetando nossa memória e resistência de leitura. Isto é, por conta do Google e Cia., não conseguimos ler textos mais longos. Ok, um prato cheio para quem quer satanizar as novas tecnologias.

Os argumentos de Carr são curiosos, interessantes, mas não me convenceram. Eu gostaria de ler a íntegra das pesquisas – cujos textos devem certamente ultrapassar dez ou quinze página – para me certificar…

(Se você, como eu, foge à regra de Carr, leia o texto dele que iniciou essa polêmica. Eu aviso: não é um texto curto)

livros de graça… em 50 sites!

O Education Portal disponibilizou endereços de cinquenta sites na internet que permitem baixar livros completos gratuitamente e em diversos idiomas.

As referências estão divididas em “Livros de Ficção e Não-Ficção”, “Livros-Texto e Livros de Educação”, “Áudio-books” e “Livros de referência”.

Veja e baixe!

gaveta do autor, atualizado

Acesse: http://www.gavetadoautor.com

estão lendo mais no brasil, e a culpa é da escola

É verdade que a metodologia mudou e que há quem desconfie dos números. Mesmo assim, os resultados da segunda edição dos “Retratos da Leitura no Brasil”, pesquisa feita pelo Ibope Inteligência para o Instituto Pró-Livro, mostram alguns números alentadores e direções inequívocas para as políticas de leitura no Brasil.

A melhor notícia é o aparente aumento do índice médio de leitura dos brasileiros com mais de 15 anos e pelo menos três anos de escolaridade, que dobrou em sete anos: de 1,8 para 3,7 livros per capita anuais. Aparente porque esse nicho é o único que permite algum tipo de comparação com a primeira edição da pesquisa, realizada em 2000/2001. Naquela oportunidade, foram ouvidas pessoas, em 44 municípios e 19 Estados, que, em projeção, representavam os hábitos de 86 milhões de brasileiros, ou 49% da população total do país então.

O trecho acima é da reportagem Fotografia do óbvio, que saiu na revista Educação, e que mostra que

A pesquisa evidencia a importância da família e da escola na formação de leitores. Para 49%, a mãe é a principal incentivadora, superando o professor (33%). Entre as crianças de 5 a 10 anos, 73% citam as mães como maior fonte de estímulo. E, em que pese a importância da escola, identificada como palco privilegiado para a formação de leitores, o estudo também revela que a instituição falha em seu papel de promover o letramento para além das atividades escolares, pois a leitura despenca com a saída da escola.

gaveta do autor, atualizado

gaveta do autor, mais uma atualização

www.gavetadoautor.com

gaveta do autor, atualização

guernica em três dimensões

No YouTube, há um video curtinho que oferece uma experiência agradável e interessante: nele, o internauta viaja com profundidade de campo pelo painel GUERNICA, de Pablo Picasso, pintado por ocasião dos bombardeios aéreos sofridos pela cidade espanhola de mesmo nome.

Sim, você leu certo. O quadro de duas dimensões – altura e comprimento – passa a ter mais uma, a largura, revelando volume de formas, diferenças de intensidade de luz, projeção de sombras… Literalmente, a tela se mexe, ganha vida.

Veja você mesmo.

 

um manifesto para a web e sua fauna

De tempos em tempos, palavras conseguem dar sentidos que parecem definitivos aos desejos e vontades das pessoas. Às vezes, essas palavras resultam em plataformas eleitorais; em outras, transformam-se em odes; em outras ainda, viram manifestos.

Pois recebi um link para um texto de Marco Gomes que eu já chamaria de um Manifesto para a Web, palavras de ordem para o mundo que estamos construindo com cliques, bits, sentimentos e razões as mais diversas. “Eu faço parte da revolução” lembra – com links, claro! – como a web e seus usuários produtores e compartilhadores de conteúdo têm modificado não apenas a comunicabilidade mundial, mas também as formas como nos associamos.

Vale a pena ler e guardar. Ler e voltar a ler de tempos em tempos.

pós em mídia e cultura na era digital

O Curso de Jornalismo da Univali está com inscrições abertas até 31 de março para a especialização “Mídia e Cultura na Era Digital”. Em nível de pós-graduação, o curso é voltado ao mercado de trabalho e dirigido aos profissionais das áreas de Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas) e da Educação e Cultura. Seu objetivo é aprofundar e analisar os fenômenos comunicacionais contemporâneos.

 

A pós-graduação é composta das seguintes disciplinas:

  • Jornalismo e Ética no século XXI
  • Mídia Digital
  • Linguagens Midiáticas
  • Mídia Regional
  • Mídia e Poder
  • Métodos de Pesquisa em Comunicação
  • Mídia e Educação
  • Mídia e Violência
  • Mídia e Cultura

O curso não exige a elaboração de uma monografia. Somente quem optar pela formação para o Magistério Superior terá que fazê-la. O investimento é de R$ 319,00 na inscrição e mais 16 parcelas de R$ 319,00. São 35 vagas e os ex-alunos da Univali têm 15% de desconto nas mensalidades. As inscrições podem ser feitas na Gerência de Pós-Graduação da Univali, na Rua Uruguai, 458 – centro, em Itajaí/SC. Outras informações podem ser obtidas através dos telefones 47-3341-7534 ou com o prof. Carlos Golembiewski, cel. 47-84210834.

Mais informações aqui.

mídia, religião e cultura: evento

6ª Conferência sobre Mídia, Religião e Cultura
Diálogos na Diversidade
11-14 agosto de 2008
Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

A 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura tem como objetivo a
formação para a interface com os temas da religião e cultura
relacionados à mídia, trazendo contribuições científicas
e profissionais para o enfrentamento e superação de
questões globais.

Inscrições até 31 de março.

Mais informações no site do evento

steven johnson no roda viva

A TV Cultura exibiu há pouco o Roda Viva, que entrevistou o professor e crítico cultural Steven Johnson, bastante conhecido por quem se interessa pelas discussões sobre games, mídias digitais e desenvolvimento humano.

Johnson, como sabem também, esteve no Brasil para a Campus Party, onde deu autógrafos, palestras, sorrisos e ainda lançou seu mais novo livro, O mapa fantasma. Mas Johnson é mais conhecido por outros dois títulos polêmicos: Cultura da interface, Every thing bad is good for you.

A coletiva do Roda Viva ficou bastante centrada na relação entre games e aprendizagem, uso de games para além da diversão. Em praticamente metade do programa, muitas perguntas bateram na mesma tecla, fazendo com que o professor tivesse que explicar seus argumentos de que games, TV e sites de relacionamento, por exemplo, embora pareçam nocivos às pessoas, podem deixa-las mais inteligentes, já que despertam nelas potencialidades pouco exigidas nas mídias tradicionais e livrescas. Johnson se refere a coisas como tomadas de decisão rápidas, resolução de problemas mais simples e – em seguida – mais complexos, raciocínio rápido e destreza manual, amplitude e orientação espacial, etc…

A concentração das perguntas sobre games me pareceu demasiada, mas também sinaliza uma situação: fora a PlayTV – voltada para o público gamer -, não há oportunidades na TV brasileira para se discutir e pensar o assunto. Geralmente, os games viram notícia em duas situações: no seu lançamento – e aí, é jabá – ou na sua proibição ou condenação pelos “malefícios que provoca às novas gerações”. Para a grande mídia, game ainda é brincadeira de criança, e não a indústria de entretenimento que mais cresce no planeta e que já até desbancou a cinematográfica em movimentação de ativos.

De qualquer forma, me fez pensar…

(Neste blog, já tratei de games e educação aqui e aqui)

(O blog do Steven Johnson está aqui)