Nota no Expresso Digital, o boletim eletrônico do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, alfineta o empresariado do ramo:
Profetas que previram o fim do meio jornal: aproveitem para ler o caderno de empregos. A frase acima faz parte da campanha promovida pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e foi veiculada na edição de hoje do Diário Catarinense, pg 10. Em linhas gerais, os textos destacam a alegria do patronal com o aumento na venda de exemplares, ampliação da publicidade no setor e, conseqüentemente, os lucros produzidos pela mídia impressa, que crescem anualmente.
O presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, também presidente do grupo RBS, é o principal negociador com o Sindicato dos Jornalistas.
A peça publicitária da Associação destaca ainda: “Quem poderia prever que o jornal iniciaria o ano crescendo? Qualquer pessoa bem informada, já que ele fechou o ano passado com números extremamente positivos”.
“No primeiro trimestre de 2008 a tendência se acentuou e o investimento publicitário aumentou 23,72%, segundo a Intermeios. Em março, o percentual de participação dos jornais no bolo publicitário ficou em 19,4%, contra 18,3% no mesmo mês do ano anterior. Mas ainda sobrou um espaço para quem disse que o jornal iria acabar: a errata”.
Os dados da campanha publicitária mostram que o patronal tem amplas condições de pagar o piso mínimo de R$ 1.500,00 para os trabalhadores jornalistas.
A nota do SJSC bate forte porque a categoria está em plena negociação salarial. O período é delicado, sentar à mesa com os interlocutores é sempre complicado, uma cantilena de reclamações dos patrões: sempre a situação está difícil, quase nunca há condições de se pagar melhor os trabalhadores, etc…
Agrava a situação o fato de que a categoria é pouquíssimo unida e quase nada articulada. Quase sem respaldo, os dirigentes sindicais tentam desobstruir os diálogos, mostrando a necessidade de aumento e a incorporação de novos direitos e garantias. Não é fácil. Participei de ao menos duas negociações do tipo quando fui vice-presidente do SJSC, e ao final das reuniões o cansaço mental e emocional de todos era visível. Havia também outros sentimentos: uma raiva diante do teatro dos patrões e uma indignação incontornável. Apesar de tudo, é preciso resistir, de forma intransigente. É necessário sentar e negociar, brigar por direitos, pois eles nunca são concedidos, são conquistados.
É verdade, meu caro Rogério, os patrões da indústria da comunicação vivem a chorar de barriga cheia. Sempre exigem qualidade, produção, dedicação, mas na hora de discutir salário vêm com essa cantilena de que não têm condições de pagar, que o jornal não está dando retorno, que o faturamento caiu. E agora, o que eles dirão, diantes dessa comemoração pública do aumento da vendagem de jornais e de anúncios publicitários? Aliás, a tendência de aumento nas vendas é em todo o paós, a revista Imprensa desse mês tras uma nota em que fala do aumento da vendagem de jornais no país inteiro. Se a nossa categoria não fosse tão desunida e desarticulada, essa seria a hora de pressionar por mais valorização salarial.
Não pagam nem hora extra. Isso que tem gente dando o sangue 12, 13 horas por dia, 15 dias ininterruptos, sem um feriado, de cabeça baixa.
Quem reclama é porque não gosta de trabalhar. Dizem que se o cara quer vida fácil, que não tivesse escolhido Jornalismo. Vamos dizer o quê, bando de coitados que não sabem fazer outra coisa, que não quer ir pruma assessoria fazer propaganda disfarçada de informação e que mal sabe lidar com dinheiro (diga-se: ganhá-lo de outra forma)?
Não é fácil.
Fazia tempo que não passava aqui. Como tá?
Abraços