miles davis vira trilha de videogame

miles_pixelFaz 50 anos que surgiu um dos discos mais celebrados do Jazz: Kind of Blue. Um disco sensível, único, sensacional, com músicos como Miles Davis e John Coltrane.
É lindo de ouvir, já falei disso. Adoro jazz, mas não sou purista. Por isso é que não torci o nariz para a notícia de que o mítico disco estaria virando trilha sonora de videogame retrô.

Foi Miles quem me mostrou que não vale a pena ser purista, e que é preciso se reinventar a cada dia, a qualquer momento. A trajetória musical de Miles Davis mostra isso. Ele tocou bebop com Charlie Parker e Cia; depois, inventou o cool jazz; depois, veio o free jazz, o fusion, etc. etc. Miles é um cara que tocou todos os standards, todos os clássicos, mas tocou Cindy Lauper e tocou a trilha de abertura do Homem-Aranha… Era um camaleão, com voz de lagarto, sopro poderoso, dedos com mil articulações pressionando os pistos de seu trompete. A figura altiva, os olhos esbugalhados, as roupas fosforescentes, os cabelos revoltos, tudo isso e mais as lendas que o acompanharam fizeram dele um mito.

Uma historinha para terminar este post:

Certa vez, Miles Davis foi convidado para uma recepção na Casa Branca. Lá, havia políticos, empresários, artistas, e uma fauna variada. Uma socialite se aproximou do negro vestido com elegância e perguntou num misto de nojo e curiosidade: “Afinal, o que o senhor faz aqui?” Miles respondeu com tranquilidade assombrosa: “Estou aqui porque mudei o panorama da música mundial duas ou três vezes”.

Sem exageros, Miles não mentiu.

2 comentários em “miles davis vira trilha de videogame

  1. ao seu comentário incluiria, caro amigo, se me permite, que, no jazz, se é grande quando se muda tudo uma vez. é caso de lester young, charlie parker, dizzie gillespie, thelonious moink, john coltrane, dave brubeck, stanley jordan e tantos outros nomes mais dentre os grandes. No caso de Miles, foram em número de quatro as grande mudanças que ele provocou: as que você cita (cool, free and fusion) e, ante delas, a eletrificação dos instrumentos, para horror dos puristas. e o mais doido disso tudo é que os tais puristas diziam, no início, que ele tocava mal; que tinha pouca versatilidade com o instrumento, e que, por isso, descambou para as veredas do cool, segundo eles “mais fácil” (!). como diria meu irmão, sanzza parole. grande abraço, garoto!

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.