Esse tal de jazz tem umas coisas super curiosas. A exemplo de outros gêneros, você pode encontrar livros que contam a história de um artista ou de um grupo de artistas, mas vai além. Tem também biografia de gravadora, de casa de show e até mesmo de disco. Terminei de ler esta semana A Love Supreme, simplesmente a biografia do disco mais famoso de John Coltrane.
Se você sabe do que estou falando, deve imaginar o que deve ser: um livro para aficcionados, para tarados em Coltrane, um incansável renovador do uso do sax.
Se você está boiando, a coisa é simples: o livro conta como o saxofonista foi reunindo um quarteto célebre para duas noites memoráveis de gravação no mítico selo Impulse. “A Love Supreme” é um disco de 1965, um dos últimos do instrumentista que viria a morrer de câncer no fígado dois anos depois. É um álbum que influencia músicos até hoje e que surgiu num contexto importante da ascensão da cultura negra na sopa cultural norte-americana. Misterioso, espiritual, pungente e extremista, o álbum ainda fascina, mesmo quem – como eu – não sabe nada de música ou teoria musical.
O livro de Ashley Kahn tenta dar conta da atmosfera que cerca os músicos à época de “A Love Supreme”. Por muitos momentos, o livro se torna enfadonho por conta dos muitos detalhes técnicos, mas vale o registro e a busca de um clima daquele momento. Ainda mais para colocar os devidos pingos nos is, afinal Coltrane ainda é um dos jazzistas mais mitificados do mundo. Até igreja tem em homenagem a ele!
Vale a leitura. Mas antes de começar a ler, coloque o disco na agulha…
(Uma amostra grátis: o primeiro “movimento” de A Love Supreme: Acknowledgement)
Acho q já disse isso aqui: A Love Supreme é O disco de jazz para mim. Não conhecia a igreja St. Coltrane. Imagine a sonzera da banda que toca nas missas…
Caríssimo, não importa que desconhecesse a igreja. Você já era um devoto, e já está salvo… abs