Em novembro de 20o8, cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofriam com enchentes, talvez as maiores da história naquela região. Chovia há dias sem parar e o solo encharcado não absorvia mais nada. A oscilação das marés impedia a vazão dos rios. A ocupação desordenada de morros e encostas e a impermeabilização dos terrenos foram outros componentes que ajudaram a produzir uma catástrofe que matou 135 pessoas.
Em Blumenau, um punhado de jornalistas, blogueiros e cidadãos comuns criaram o Alles Blau, um blog que conectou a cidade ao mundo, noticiando o que acontecia por lá quando os veículos convencionais de informação convulsionavam. Em Itajaí, um homem articulado e com um poder incrível de aglutinação criou uma rede social na internet que tinha como objetivo não apenas difundir informações, mas mobilizar a sociedade local para criar um efetivo sistema de defesa civil. O idealizador desta iniciativa é Raciel Gonçalves Jr., que tem um largo histórico de trabalho voluntário e de atuação em órgãos do poder público. A rede social era a Arca de Noé, evidente metáfora para um ponto de salvação diante de um dilúvio como o que testemunhávamos.
Desde o início, Raciel foi incansável: motivador, incentivador, concentrado e agregador. Criou para si um avatar, O Capitão, que moderava a rede, que a expandia e que convidava a tantos para não só subir ao convés, mas para integrar também a cabine de comando. Foi um belo trabalho!
Acabo de saber que O Capitão se demitiu. Não por cansaço ou por frustração. Mas porque uma rede social precisa ser descentralizada, precisa ter muitos nós operantes e planejantes, e porque o Raciel está assumindo novos desafios. A Arca de Noé está sem comandante, mas não está à deriva. Há muita gente por lá ainda e a força e a capacidade de trabalho e engajamento deles não há de fazer a arca parar. Modestamente, estive no convés algumas vezes, mas minha volta a Florianópolis naturalmente me afastou de Itajaí. Eu ainda sigo a Arca de Noé, sigo amigos e colegas em seus blogs e sites, e ainda tenho raízes na cidade-peixeira. Não poderia deixar de registrar minha admiração pelo trabalho de Raciel – a quem sequer conheço pessoalmente! – e não poderia deixar de torcer pela Arca. Que ela encontre um mar calmo, bons ventos e muitos entardeceres maravilhosos!
Professor,
Sem palavras! Obrigado!
[ ]’s,
O Capitão
(A última assinatura sob este Avatar é sua.)
Realmente, meu colega de Univali, professor Rogério. Tenho as mesmas percepções sobre a Arca e sobre seu sempre eterno comandante que se retirou, fisicamente, mas que em espírito e colaboração continua firma. A Arca sem Raciel, por exemplo, seria apenas arca??? sei não….
abraços
profolga
Obrigado pela visita, professora… Volte mais vezes… abraço.
Prof. Olga,
Como dizia o poeta, roubando-lhe no sentimento original… “Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure.”
Note que no meu texto eu encerro afirmando que “sai o Capitão, fica o Raciel”. Também me apaixonei pela causa e principalmente pela oportunidade de também ali olhar com mais ênfase para a primazia do atendimento que devemos entregar às crianças e adolescentes em situação de emergência, podendo assim continuar trabalhando pela promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, foco principal das minhas atividades no 3º setor.
[ ]’s,
Raciel
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