Frank Maia, que é o carioca mais manezinho que eu conheço, faz a síntese perfeita que nenhum paulistano fez da eleição para prefeito…
Tag: provocações
mudanças no jornalismo: um evento, uma pesquisa
Participo hoje do Seminário “Mudanças no Mundo do Trabalho dos Jornalistas” na ECA/USP, a convite da professora Rosely Fígaro. A atividade é uma iniciativa do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) e está reunindo pesquisadores, profissionais e interessados para discutir transformações na área. Na semana passada, por exemplo, o convidado foi o jornalista Luciano Martins Costa, que tem larga experiência profissional e é um arguto analista da mídia com forte presença no Observatório da Imprensa. Na semana que vem, meu amigo Jacques Mick, professor do Departamento de Sociologia Política da UFSC, deve falar sobre a pesquisa que coordena para traçar um perfil do jornalista brasileiro.
Hoje, devo orientar minha fala para tratar da crise do jornalismo e da dimensão ética que perpassa esse cenário.
Acho muito importante a realização de eventos deste tipo, que juntam academia e mercado para debater soluções comuns para a atividade jornalística. O fosso que separa o setor produtivo da universidade interessa a quem, afinal?
Se você tem curiosidade sobre este assunto, pode acompanhar o debate de hoje à noite pelo IPTV-USP ao vivo. Basta clicar aqui.
Se quer participar da pesquisa que tenta recensear os jornalistas no Brasil, clique aqui.
crise financeira? saiba mais…
crise mundial, oriente médio e comunicação pública, por kucinski
(reproduzido do POSJOR)
O Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC promove a partir deste mês o ciclo “Leituras Contemporâneas com Bernardo Kucinski”, um conjunto de conferências para discutir alguns dos principais temas da atualidade.
Nos mesmos moldes das lectures norte-americanas, as conferências do Leituras Contemporâneas são abertas ao grande público, gratuitas e voltadas à discussão e reflexão. A primeira delas aborda “A crise financeira mundial” e acontece no próximo dia 16 de outubro, terça-feira, às 10 horas no Auditório Henrique da Silva Fontes no CCE-UFSC. O evento é dirigido a professores, pesquisadores e estudantes de diversas áreas e a interessados em geral.
Em novembro, no dia 14, as Leituras Contemporâneas enfocam o “Oriente Médio e a Crise de Narrativas”, e em dezembro, no dia 5, a “Comunicação Pública Democrática”, ambos às 10 horas no Auditório Elke Hering, na Biblioteca Universitária da UFSC.
O ciclo é uma realização do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (POSJOR), com apoio do Departamento de Jornalismo da UFSC e Observatório da Ética Jornalística (objETHOS).
Entrada gratuita, com direito a certificados. Inscrições no local.
Quem é Bernardo Kucinski: graduado em Física, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, livre-docente pela mesma universidade e pós-doutor pela University of London. Como jornalista, atuou no serviço brasileiro da BBC de Londres, e, ainda na capital inglesa, foi correspondente da Gazeta Mercantil e dos jornais Bondinho e OPINIÃO. De volta ao Brasil, foi correspondente do The Guardian, e editor dos cadernos especiais da revista Exame, além de trabalhar na Veja e outros veículos. Entre 2003 e 2006 foi assessor Especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Aposentou-se como titular da USP e é professor visitante junto ao POSJOR da UFSC. É autor de vários livros, entre eles “A ditadura da dívida: a crise do endividamento da América Latina”, “Jornalismo Econômico”, “Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da razão ética”. Em 2011, estreou na ficção com o romance “K”, finalista do Prêmio Jabuti.
assange promete mais uma…
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou que deve lançar no próximo mês o livro Cypherpunks: Freedom and the Future, em que manifesta – junto com Jacob Appelbaum, Jérémie Zimmermann e Andy Müller-Maguhn, entre outros ativistas da internet – suas preocupações sobre o controle e o futuro da internet.
Vem aí mais uma bomba do australiano de cabelos prateados…
as entrevistas de assange em português
O jornalista e blogueiro Dauro Veras, em parceria com a Agência Pública, está publicando em seu DVeras em Rede a série O Mundo Amanhã, de 12 entrevistas em vídeo realizadas pelo fundador do WikiLeaks, Julian Assange. A série traz entrevistas com grandes nomes da política, cultura e pensamento para o canal de televisão russo RT. Cada capítulo tem cerca de meia hora de duração e será publicado pela primeira vez no Brasil com legendas em português no blog do Dauro às 18h das quartas-feiras. Aliás, começou ontem com o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah.
onde fica a consciência do jornalismo?
(Já que falei da 11ª Semana do Jornalismo, reproduzo abaixo um texto que publiquei na Semana Revista, a pedido dos organizadores)
Idealismo e parcialidade ajudam a consolidar uma imagem equivocada do jornalismo. Embora ele seja uma atividade de massa, altamente exposta e cada vez mais presente na vida social, nem sempre se sabe como ele funciona, o que chega a ser uma contradição. Como são cercadas por veículos de informação, as pessoas acham que estão íntimas do jornalismo e se acomodam com os conceitos que dele têm. Por conveniência e letargia, jornalistas e veículos também não se mobilizam muito para desmanchar mitos insustentáveis como os da objetividade, imparcialidade e verdade única. Este círculo vicioso mantém visões românticas e glamourosas do jornalismo.
Como isso interfere na vida do cidadão comum, que não frequenta uma redação nem se preocupa com os valores-notícia? Essa visão idílica distorce também os julgamentos sobre os produtos e serviços jornalísticos, fazendo com que as pessoas passem a julgar as coberturas de uma forma que não tem correspondência com o cotidiano das ruas. Trocando em miúdos: as pessoas vêem o noticiário e se escandalizam com o enfoque das reportagens, julgando que alguém ali está querendo enganá-las. Claro que isso pode acontecer, mas nem sempre é manipulação descarada, distorção deliberada ou um grande plano conspiratório. Pode haver uma série de razões que expliquem a diferença entre a expectativa do público e a narrativa apresentada. Este descolamento entre o desejo da audiência e o produto jornalístico causa frustração num primeiro momento, depois indignação e uma quase incontornável repulsa na sequência.
Em coberturas de casos polêmicos, a zona de tensão se amplia porque tendências ideológicas afloram com mais força e os limites editoriais também se impõem mais. Veja-se o Caso Pinheirinho. Em janeiro deste ano, a Polícia Militar de São Paulo expulsou com violência 1,6 mil famílias de moradores da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. Os soldados cumpriam uma decisão judicial de reintegração de posse do terreno, que pertencia à massa falida do grupo Selecta, do investidor Naji Nahas. A área contava com 1,3 milhão de metros quadrados, e o litígio opunha a ordem da justiça e milhares de favelados que ocuparam um terreno de um especulador que devia milhões de reais em impostos à prefeitura. Como a maior parte dos veículos de comunicação cobriu o assunto? Basicamente apoiada na legitimidade da ação policial em “desocupar” a área, sem questionar se a ordem era justa ou razoável, ao determinar desalojar milhares de pessoas para pagar dívidas tributárias.
O cidadão comum pode se queixar do tratamento dado ao caso pela mídia, enxergando ali a preferência de um lado em detrimento de outro, e – pior! – questionando a ética dos repórteres. Isso é legítimo? Sim, se o cidadão esperar que o relato jornalístico reflita o que o repórter sente e acredita. Mas nem sempre é assim.
O jornalismo é uma atividade complexa e coletiva. O resultado final, aquele que chega ao público, é produto de diversas etapas de apuração, checagem, recorte, seleção, adequação de formato, tradução de linguagem, embalagem e difusão. Claro que isso envolve mais gente, e que a visão do repórter pode se perder no meio de tudo, seja porque não é a que melhor retrata o fato, ou porque se corrompe ao longo do processo. As omissões no Caso Pinheirinho – sobre os abusos de poder da Polícia Militar e as violações de direitos humanos na ação -, a prevalência de um ângulo e a escolha da ênfase em algum aspecto podem sim contrariar preceitos da ética jornalística, expressa em códigos escritos ou em regras tácitas da categoria. O repórter “se vendeu” à visão do veículo que trabalha e por isso fez um “mau serviço”? Pode ser, mas é difícil afirmar com segurança. Sabe por quê? Porque existem mais fatores que ajudam a determinar a situação.
Nem sempre é o proprietário do meio de comunicação quem determina o viés da matéria. Muitas vezes, são os chefetes de plantão que atuam em nome de um jornalismo que insiste em conservar as coisas como elas estão. Eles fazem o serviço sujo, antecipando-se à sanha de um superior que supostamente gostaria de controlar todas as peças no tabuleiro. Em outras ocasiões, há o despreparo de quem sai às ruas para a cobertura, tanto técnico quanto cultural e cognitivo. Isso mesmo! Há repórteres que não se mostram capazes de “ler” uma cena, de compreender uma disputa, de perceber absurdos nas circunstâncias. Existem ainda os episódios em que tanto se mexe na matéria que ela se deforma, distanciando-se muito do seu sentido original. Note-se quantos fatores podem definir o resultado final de uma pauta!
Nem sempre é a consciência do repórter que determina e conduz a narrativa da reportagem. Valores-notícia, critérios editoriais do veículo, escolhas momentâneas de editores e decisores, consensos de redação também estão em campo. Afinal, onde fica a consciência no jornalismo? Fica em muitos lugares, mas precisa se orientar por um horizonte único: o interesse e a necessidade do público. Sem essa referência, qualquer bússola se desorienta.
nada de crise nos jornais
Vamos continuar com a campanha para espantar abutres!
Foram divulgados novos dados que mostram que a propalada crise dos impressos não chegou às nossas praias. Como diz o Joelmir Beting, “o fim do mundo foi adiado mais uma vez”.
Veja o que diz a matéria do Comunique-se:
Os primeiros seis meses deste ano marcaram bons números para o impresso, que teve crescimento médio de 2,3%. A afirmação é do Instituto Verificador de Circulação (IVC), órgão responsável pela auditoria de jornais e revistas no país.
De acordo com os dados, o aumento é resultado das vendas, em especial dos jornais com preço de capa entre 1 e 2 reais, que avançou 2,8%. “O bom desempenho dos jornais com esse preço é um movimento bastante importante. Este grupo inclui os principais títulos de alguns mercados regionais. No ano passado, já era perceptível um fortalecimento que se intensificou neste primeiro semestre”, explicou o presidente executivo do IVC, Pedro Martins Silva.
Veículos com custo por exemplar acima de 2 reais tiveram alta de 2,3% e o grupo de jornais vendidos por até 99 centavos teve elevação de 1,8%. Neste período, a média diária de circulação brasileira foi de 4.543.755 exemplares, o que marca novo recorde histórico para a auditoria da entidade.
o fim de demóstenes
O Senado vota hoje pela manhã o pedido de cassação de Demóstenes Torres (sem partido – GO), e tudo parece fazer crer que ele será o segundo senador da história a ser defenestrado pelos seus pares…
A Polícia Federal gravou mais de 300 telefonemas entre Demóstenes e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Putz! Mais de 300! É bem mais do que falo com a minha mãe! Isso quer dizer duas coisas: 1. Demóstenes gosta mais de Cachoeira do que eu da minha mãe! 2. Eu também merecia uma CPI por isso…
essa capa merece um prêmio!!!
ninguém mais faz backup?
Fiquei muito surpreso com o que aconteceu com o Art Spiegelman ontem! O cartunista teve o seu notebook furtado momentos antes de palestrar num encontro de jornalismo cultural em São Paulo. Para quem não liga o nome à pessoa, Spiegelman é o único cara a ganhar um Pulitzer com uma obra em quadrinhos, o mítico Maus, onde representa de forma irônica o embate entre judeus e nazistas na forma de gatos e ratos. Pois o cidadão vem ao Brasil como atração e passam a mão nele!
Outro dia, outro cartunista também teve o mesmo destino. Levaram o notebook do Laerte, e na máquina havia um acervo de anos e anos de trabalhos gráficos. O azar se repetiu, pois o computador de Spiegelman também continha um tesouro visual armazenado. Perdido para sempre? Talvez…
Fiquei pensando: será que esses caras não fazem cópias de segurança de seus desenhos e ilustrações? Se a maré tá assim, meu amigo Frank Maia, que se cuide… Faz um backup aí, Frank!
viu a piada do dia? ah, você não pode perder…
Se você é sensível a fortes emoções, prepare-se para se escangalhar de rir com o editorial de hoje do jornal O Globo, defendendo a Veja… Pior que isso, comparando as ligações entre a revista e Carlinhos Cachoeira com o caso Watergate…
Vou te falar, viu? Isso é que é senso de humor!
desconecte-se! um pouco…
Não adianta negar! Você é um cara comum: tem perfis em algumas redes sociais, passa por sites e portais diariamente, participa de umas listas eletrônicas, tem mais de um endereço de e-mail e checa suas caixas postais com frequência. Vez ou outra deixa comentários em blogs, cutuca um amigo no Facebook, compartilha um arquivo de áudio, baixa o último episódio da sua série favorita, e retuíta uma mensagem engraçadinha que recebeu. Faz isso tudo ao mesmo tempo, no meio do ambiente do trabalho ou mesmo enquanto estuda para a prova de amanhã. Você não diz uma palavra, mas está em contato com dezenas de pessoas, “conversando” com elas simultaneamente. Não está fazendo uma, mas várias operações ao mesmo tempo, e isso te dá aquela sensação de onipresença, versatilidade e produtividade.
Não adianta negar! Se você fica mais de oito horas por dia plugado na web, sabe do que estou falando. Você faz isso também. “Todo o mundo faz!”, pode até argumentar. Isso não quer dizer que seja o certo, o normal, o natural, dirá o escritor William Powers, autor de “O BlackBerry de Hamlet”, um best-seller no ano passado nos Estados Unidos e lançado por aqui recentemente.
A tese central de Powers é que precisamos desconectar pelo menos um pouco. Jornalista aficionado por tecnologia e colunista da área em importantes veículos norte-americanos, ele teria razões de sobrar de dizer justamente o contrário. Já fez isso, mas alterou drasticamente seu comportamento e, neste livro, chama a atenção do leitor dos perigos da “ultraconexão”. Sim, Powers nada contra a corrente. Talvez sozinho…
A questão que ele coloca é que estamos muitíssimos mergulhados nas telas (do desktop, do notebook, do tablet, do smartphone…), que consumimos um tempo infinito administrando nossas vidas online e que isso tem repercussões negativas. Segundo Powers, é falsa, então, a sensação de que estamos mais produtivos, que o comportamento multi-tarefa é sinal de versatilidade e que somos tão populares e aceitos quanto nos mostram as redes sociais. O raciocínio é que, mediados pelas muitas telas, construímos e alimentamos relacionamentos breves, frágeis, superficiais; que nossa vida se apequena diante das telas (ao invés do contrário); que priorizamos a vida virtual compartilhada em detrimento de vivências interiores mais intensas e profundas.
Ainda está aí? Imagino que alguns leitores já torceram o nariz e abandonaram o post. Sim, você pode discordar totalmente de William Powers, mas não pode ignorar os argumentos ou os fatos que ele apresenta. De forma esperta, você pode até aproveitar para refletir sobre a sua situação particular à frente das telas, e – quem sabe? – mudar algum hábito (ou não). Você verá que ele tem razão em muitos aspectos…
Powers não pede nem espera que você se desconecte por completo. Nem ele fez isso! “O BlackBerry de Hamlet” não é desses livros que ditam-regras tão somente. O autor parte de sua experiência pessoal para pensar em voz alta sobre como as coisas podem não estar bem. A chave parece passar pela moderação, uso racional e equilíbrio.
Escrito com leveza e bom humor, o livro merece atenção em tempos de pensamento único e deslumbrado pela tecnologia. Sai da frente desta tela e se conecte no livro de Powers…
orgulho e preconceito
Duas notícias recentes expõem com clareza como, de alguma maneira, o brasileiro se posiciona com relação ao seu país e a sua própria condição de brasileiro. As notícias parecem não ter nenhuma relação entre si, mas têm sim. Uma delas é o anúncio de que serão devolvidas ao Canadá as 40 toneladas de lixo que foram encontradas em contêineres no Porto de Itajaí. A carga foi “importada” por uma empresa local, que mentiu nos documentos fiscais dizendo ser polietileno. O golpe não é novo, e já se descobriu que Espanha e Estados Unidos, por exemplo, mandam para cá o que não querem por lá. É mais barato para eles e mais vantajoso para algum abutre inescrupuloso daqui que lucra trazendo carga contaminável de outros países.
A segunda notícia é a reação do governo brasileiro diante das cobranças de alto executivo da Fifa diante do atraso das obras para a Copa do Mundo. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, não quer ver Jerôme Valcke nem pintado de ouro, e por isso mandou recado pela imprensa: quer outro interlocutor para tratar do assunto. Vocês se lembram: Valcke disse que o país merece um chute nos fundilhos para apressar as construções dos estádios e tal…
Em comum, as duas notícias trazem um país que não se acomoda na posição de ser lixeira do mundo civizilizado ou saco de pancadas de conglomerados econômicos. As atitudes das autoridades brasileiras sinalizam que o país não quer se submeter a um julgo que antes era tão comum. Quer dizer: já fomos mais vira-latas e já nos sentimos mais vira-latas antes. Agora, parece ser diferente. A autoestima está mais forte, e, para além das ocasiões ufanistas esportivas, vigora um certo orgulho de ser brasileiro. É bom!
Tem a ver com política – estamos falando de soberania também, né? -, tem a ver com psicologia de massas – orgulho e unidade -, mas tem a ver também com a nossa atitude de cada de se colocar na vida. Não basta apenas sinalizar que não gostamos do lugar a que nos imputam. É preciso se antecipar e escolher a posição que mais faz os nossos olhos brilharem.
novo piso dos professores é quase…

Esse Frank Maia faz coisa…
ditados famosos na academia
Você já deve ter visto isso. Se viu, pode rir novamente. Se é novo pra você, delicie-se.
(Peguei do Facebook da Ana Laux, que pegou de alguém que passou para alguém, etc. etc.)
uma saída para a ética jornalística
Em tempos de transformações tão profundas nos modos de se fazer jornalismo, nos relacionamentos entre jornalistas, meios e audiências, e nas próprias regras éticas, há quem sinalize saídas igualmente drásticas. É o caso do professor Anton Harber, que dirige o Programa de Estudos de Jornalismo e Mídia da Wits University, na África do Sul.
Para ele, a saída está na adoção de uma transparência radical como valor para a prática jornalística. É de se pensar…
The way the media works has changed, and the way journalists operate has changed, but the ethical and professional rules have stayed largely the same. The old rules were based on building trust between journalists and their audience, on a notion that there was a single truth to be relayed; now it needs to be built on encouraging informed scepticism, so that an active, participatory audience can assess credibility and authority and choose which of many versions and viewpoints to follow and believe.
To cope with this, journalists need to do more than enforce ethical codes more strongly, but there is a need to update the rules and practices and make them appropriate to this new world of instant, constant and fragmented news.
Fortunately, new media also gives us the tools to do this, and encourage fairness, balance and accuracy in journalism. The way forward lies in a commitment to a radical transparency – giving the audience the tools to understand how news is processed and selected, and the information that empowers them to assess its validity and credibility.
Leia na íntegra, no blog do autor.
zero: a versão dos editores
Rogério Christofoletti e Samuel Lima
Jornalismo se faz a partir de escolhas, como em qualquer atividade humana. Nas redações, escolhe-se uma foto para ilustrar uma reportagem, descartando-se as demais; decide-se por um enfoque numa matéria e não por outros; toma-se decisões a todo o momento, das mais simples – o uso de uma palavra, por exemplo – às mais complexas – a definição do que sai numa edição e o que fica de fora. Selecionar é, então, da essência do jornalismo, até porque é uma função dos meios de informação oferecer explicações de fatos, o que em última análise significa dar sentido às coisas, contornos para a realidade.
Embora tenha se tornado um mantra na área, a famosa epígrafe do New York Times – “All the News That’s Fit to Print” – mostra-se impraticável. Quem faz jornalismo sabe que nem todas as notícias cabem, que nem tudo o que acontece é publicável ou interessa ao público. De modo concreto, a frase do jornal mais influente do mundo é slogan. Logo, pertence muito mais ao mundo do marketing do que do jornalismo. Repetimos: jornalismo se faz a partir de escolhas. E essas decisões não são tomadas apenas com base nas vontades dos editores, nos seus desejos secretos, nas suas manias. Há critérios por trás dessas escolhas. Critérios que se consagraram ao longo de décadas e que permitiram que o jornalismo se tornasse o que é hoje: novidade, atualidade, singularidade, interesse público, relevância social, proximidade, impacto…
Fazemos esta digressão para entrar num debate enviesado, e que, por isso, precisa contar com um lado que foi até então ignorado.
Em agosto passado, assumimos o jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFSC, o Zero. A publicação está às vésperas de completar 30 anos, e decidimos fazer algumas reformas gráficas, editoriais e operacionais, entre elas a definição mais nítida do público a que serviríamos e a abertura para um diálogo mais horizontalizado com esses leitores por meio da crítica. Trocando em miúdos, o Zero se voltaria descaradamente para o público universitário – extrapolando o umbigo do próprio curso de Jornalismo e as fronteiras da UFSC – e teria um ombudsman, que passaria a apontar erros, falhas e acertos do jornal. Redistribuímos os conteúdos em novas editorias, afinamos o olhar para pautas que estivessem em maior sintonia com o nosso público e abrimos espaço na página 2 para um crítico especializado. Para a função, convidamos o professor Ricardo Barreto, que por quase 15 anos foi editor do Zero, conhecido também por sua verve, experiência e rigor.
Na edição de dezembro, o ombudsman critica o fato do Zero não publicar uma entrevista concedida pelo jornalista norte-americano Gay Talese a uma estudante da UFSC. O jornal teria “esnobado” o renomado escritor. Argumenta o ombudsman que sua função é “defender os interesses e direitos do leitor” para “receber informação atual, crível, ética e de qualidade”, e o jornal teria sonegado, escondido “material de vivo interesse para o nosso inegável público-alvo prioritário: estudantes e professores de Jornalismo assim como profissionais”. O ombudsman erra grosseiramente, já que esse não é o primeiro público do Zero. Com uma tiragem de 5 mil exemplares, pouco mais de 10% deles circulam entre os aspirantes à carreira, profissionais do mercado e cursos do tipo no país. A maioria, portanto, chega a universitários das mais diferentes carreiras, para quem pouco ou nada devem interessar os liames da profissão jornalística.
Na verdade, no episódio, é o ombudsman quem sonega a informação de que a entrevista em questão foi feita para uma disciplina dele e com a finalidade de ilustrar a leitura de um dos livros de Talese. A estudante-entrevistadora, de forma muito ousada e sagaz, ligou para a casa do jornalista e com ele conversou por alguns minutos, colhendo respostas para figurar num jornal-mural. Ao contrário do que diz o ombudsman, a entrevista não é “um diamante” e não traz “um inequívoco furo jornalístico”. Na verdade, a entrevista tem graves problemas de qualidade jornalística – que iremos apontar adiante, conforme se pode conferir na sua íntegra ou na versão publicada de forma reduzida no Cotidiano. Não há nenhuma revelação lá, embora seja louvável a audácia da estudante. Deveríamos publicar a entrevista apenas pelo fato de Gay Talese ser famoso ou célebre? Deveríamos publicar um material que interessaria apenas um décimo de nossos leitores?
De forma convicta, descartamos. Fomos racionais e sensatos, coerentes com a abrangência de nosso público e com um patamar de qualidade que estabelecemos para nossas edições. Não foi uma decisão “míope” ou “non sense”, assim como não guiamos nossas escolhas pela grife ou tietagem. A importância do entrevistado não garante a relevância ou qualidade da entrevista! E, nesse caso, a escolha das perguntas, focadas em única obra de Talese, sem sequer mencionar o new journalism, por exemplo, revela a precariedade do resultado final.
O ombudsman erra ainda quando afirma que “nosso primeiro objeto é o Jornalismo” e que “jornalistas, seguem sendo indispensáveis, especialmente na condição de entrevistados”. Não acreditamos que o jornalismo seja algo mais importante que outras tantas coisas; ele é uma forma de revelar, de registrar, de informar e de orientar o público. É um meio, uma oportunidade. E acreditamos que jornalistas são mais imprescindíveis na condição de perguntadores.
Mas o leitor pode se perguntar: se discordam do ombudsman, por que os editores do Zero publicaram a crítica que contestam? Porque acreditamos na função do crítico e num jornalismo mais democrático e horizontalizado. Por que os editores não responderam ao professor Barreto nas próprias páginas do jornal? Porque nos dispusemos a abrir um espaço para a crítica e não para a resposta às críticas. Se o fizéssemos agora, abriríamos um precedente indesejável. Mas o que motivou os editores a se contraporem agora? A reprodução da coluna do ombudsman em outros canais públicos, e a necessidade de desfazer mal entendidos.
Do ponto de vista da qualidade jornalística o material tem alguns problemas seriíssimos, de difícil solução, a saber:
1) A entrevista se resume a seis perguntas tão somente sobre o livro “O Reino e Poder” (escrito originalmente em 1969). Sabemos que a obra do autor e sua importância histórica e jornalística vão muito além, especialmente por sua participação no chamado novo jornalismo;
2) O pouco cuidado na elaboração de perguntas acabou contemplando clichês do tipo “quais suas preferências de leitura?” ou ainda “o que o senhor recomendaria a um estudante de jornalismo?”. Altamente relevante, não?
3) O mais grave ainda, do ponto de vista da edição (e condução da entrevista) é publicar uma resposta com 5.823 caracteres (de um total de 9.194). Ou seja, quase 60% do material se esgota aí;
Em suma, o texto final revela uma entrevista mal preparada e igualmente mal conduzida. Ela pode servir a um trabalho escolar, mas não para ser publicado num jornal como o Zero. Estamos, de fato, diante de um caso no qual o entrevistado se impõe como conteúdo e notícia. Jornalismo não combina com tietagem, na nossa modesta opinião.
O leitor pode ainda questionar: o Zero vai manter um ombudsman? Barreto continuará no posto? Sim, o jornal laboratório da UFSC quer continuar a experiência de abertura ao diálogo e ao exercício crítico, pois os olhares externos nos impulsionam a buscar o aperfeiçoamento. O professor Barreto só não segue na função se não quiser, se decidir nos esnobar…
kadafi, bin laden e sadam… por frank
ocupar wall street: uma sugestão
Se antes boa parte da mídia ignorava, agora já é impossível fechar os olhos para os muitos protestos em Nova York e outras muitas cidades pelo mundo. O movimento para “ocupar Wall Street” tem bandeiras variadas e uma indignação comum contra o sistema financeiro, banqueiros e governos.
Não é fácil colocar centenas de pessoas acampadas em locais públicos e mantê-las unidas e motivadas por tantos dias. Por isso, temendo o esvaziamento, eu sugiro um novo lance aos manifestantes. Em vez de ocuparem Wall Street, eles devem desocupar os bancos!
Isso mesmo! Incito os manifestantes a limpar suas contas nos bancos, a retirar toda a grana retida no sistema financeiro. Com isso, podem dar um recado concreto: sem nossa grana, o sistema não fica em pé. Imagine se todos fizerem isso… pode não ser, nem um arranhãozinho no monstro, mas e se a coisa se alastra globalmente?
Alguma Cassandra histérica poderá dizer: Mas você está promovendo a baderna, o caos, a quebra do sistema financeiro! Menos… menos… só estou sendo absolutamente pragmático e socando direto no fígado. Em forma de protesto, os manifestantes dariam uma banana aos banqueiros, exigindo juros mais baixos, lucros menos escandalosos, relações menos exploratórias. Pressionados pelos correntistas e pela opinião pública, os governos e os bancos teriam que rever as bases de um sistema menos perverso…
uso de mídia define gerações: será mesmo?
O Link, caderno de tecnologia de O Estado de S.Paulo, trouxe matéria sobre estudo da agência Adge/Magid Generational Strategies que apontaria uma ligação direta entre consumo de certas mídias por grupos etários em faixas de horário do dia. Quer dizer: o uso do meio ajuda a definir a sua geração. Típico caso de determinismo biotecnológico, fácil da gente “comprar” mas igualmente fácil de desbancar.
Veja a matéria aqui, o estudo aqui e um infográfico aqui.
Digo que a gente embarca nessa história com facilidade porque estudos deste tipo nos “ajudariam a explicar as mudanças pelas quais estamos passando nos últimos anos”, separando em gavetinhas as espécies de usuários e organizando a bagunça em que vivemos. Mas a coisa não é assim tão tranquila.
Se as gerações funcionam assim, como explicar os casos de velhinhos que estão nas redes sociais, que blogam, que se comunicam com seus netinhos pelo Skype, que postam suas fotos familiares no Flickr ou coisas do tipo? Como explicar que existem jovens usuários que não são necessariamente heavy users ou nerds de plantão, apesar de seus colegas serem? Eles são desvios da norma? São exceções à regra? Não se pode afirmar porque não há dados científicos que o coloquem dessa maneira…
Isto é, embora gostemos da piadinha que elogia as novas gerações por estas “virem software embarcado atualizado”, as formas de apropriação dos meios seguem regras que transcendem as biológicas: são culturais, sociais, contextuais, históricas. Quem dá bons argumentos nessa direção é o sagaz Clay Shirky, professor da Universidade de New York e autor de um livro inspiradíssimo: Cultura da Participação. Segundo Shirky, as gerações podem se diferenciar no uso dos meios não por aspectos inatos, ligados a sua genética ou coisa do tipo. Hiatos podem surgir entre elas por conta das oportunidades diferentes que elas têm de se apropriar de algo, de trazer isso para suas vidas e de transformar suas existências com essas novas chances.
O raciocínio de Shirky ajuda a explicar porque hoje milhões de pessoas – de todas as gerações – compartilham mais suas experiências nas novas mídias, articulam-se mais em torno de causas cívicas (ou não), buscam se organizar pela web e forçam a porta da participação nos meios convencionais. Temos atualmente mais oportunidades de fazer coisas que antes ficavam relegadas a grupos mais restritos. Temos capacidade de nos conectar mais rapidamente e mais facilmente a grupos de semelhantes, o que facilitaria trabalhar de forma coletiva. Não é, portanto, um fenômeno geracional; é histórico; é o momento. Segundo Shirky, temos os meios, os motivos intrínsecos para fazer isso e as oportunidades. Junte tudo, bata e coloque no forno. O resultado é o que o autor chama de “excedente cognitivo”.
Não disse que essa coisa do determinismo geracional era fácil de contrariar?
Não disse que as ideias do Shirky são interessantes?
frank maia de casa nova
O maior desenhista-chargista-flamenguista de Santa Catarina acaba de inaugurar um novo boteco: Xarjincasa.
Na real, Frank Maia já tinha o seu blog, mas fez um puxadinho aqui, pendurou uma rede ali, deu umas coloridas na parede de trás e botou uma placa nova no lugar.
Tem cômodos novos, outros marromeno, mas o Frank continua o mesmo: inteligente, antenado, com um traço poderoso, e acima de tudo: im-pa-gá-vel.
Vê só:

apesar do mimimi dos deputados, ele vai voltar…
Ao que tudo indica, o site mais polêmico de Santa Catarina deve voltar em breve. A Facisc emitiu nota anunciando que retomará o ranking dos parlamentares locais em seu Deputadômetro. A iniciativa causou irritação de suas excelências e a pressão fez com que a organização classista recuasse. Baixada a poeira e com um punhado de manifestações de apoio, o site deve ser atualizado em 30 dias.
Tomara que o site retorne rapidamente e que não volte atrás na sanha de observar os políticos catarinenses…
Veja a nota da Facisc
A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (FACISC) vai voltar a publicar o ranking dos deputados estaduais no site Deputadômetro (www.deputadometro.com.br). A decisão foi da diretoria da entidade após o recebimento de inúmeras manifestações de apoio e ponderações da sociedade, através de entidades empresariais e cidadãos. A FACISC também recebeu solicitações de entidades empresariais de outros estados para implantar a ferramenta nas suas assembleias legislativas.
Segundo o presidente da FACISC, Alaor Tissot, a intenção é rever alguns critérios, mas publicar novamente o ranking. “Nós vamos analisar outros itens sugeridos para ampliar a avaliação”, ressaltou. A Federação ressalta que o site faz uma análise quantitativa da atividade parlamentar dentro da Assembleia Legislativa através de dados oficiais disponibilizados
pela própria Alesc.Na próxima semana a Federação tem uma reunião agendada com o diretor executivo Cláudio Abramo do portal Transparência Brasil para troca de ideias. “Vamos buscar informações com a entidade a fim de promovermos as melhorias necessárias”.
Sobre a data do retorno a diretoria avalia que deve ser o mais rápido possível. “Temos que fazer as adequações e retornar com o ranking num prazo de 30 dias, que é o tempo necessário para coletar dados e adaptar a tecnologia”.
o direito a saber: um novo livro
A Unesco acaba de lançar um resultado da sua conferência mundial do dia da liberdade de imprensa, de 3 de maio de 2010: o livro Freedom of Information: The right to know (Liberdade de Informação: o direito a saber). A publicação trazas principais falas de autoridades sobre o tema no evento, além de relatos regionais que tratam das pressões sobre o trabalho dos jornalistas, o estado da liberdade de expressão nos países e seus suportes jurídicos e institucionais. Há textos da Australia, Papua Nova Guiné, Canadá, Nigéria, Nepal, Índia, Indonésia, África do Sul, Áustria, Ruanda, Somália, Ilhas Fiji e Chile.
Chama a atenção o capítulo “Transparência, accountability e a luta contra a corrupção: para além das leis de liberdade de informação”. Os deputados catarinenses que se queixaram do Deputadômetro e provocaram sua suspensão deveriam ler o documento, que tem 1,2 Megabites, 141 páginas em formato PDF e em inglês.
deputadômetro não durou um dia!
Foi só os deputados se queixarem um pouquinho que a Facisc voltou atrás e suspendeu o Deputadômetro. Lançado ontem, o site “para acompanhar o trabalho dos deputados estaduais de Santa Catarina” sofreu críticas dos parlamentares e teve seu ranking da atuação dos políticos suspenso. Entre no site e veja tudo parado e leia a nota oficial da Facisc.
Uma pena! Uma iniciativa que parecia arrojada, corajosa e interessante se revela um projeto medroso.
diferenças entre jogar futebol e jogar bola
Passe os olhos pelos jornais agora e vá direto às páginas de esportes. Sim, concentre-se nos textos que tratam do vexame da seleção brasileira na Copa América. (Se você estava na lua ou teve o bom senso de aproveitar o final de semana para descansar da TV e não viu nada, o Paraguai eliminou o Brasil da competição, sem gols. E a seleção perdeu quatro pênaltis na derradeira disputa…)
Volte aos textos e assista a um desfile patético de tentativas de explicação do inusitado, de frases mancas dos jogadores, de constrangimentos espalhados entre os colunistas e redatores. É isso mesmo. A vergonha é indisfarçável e contagiante. Só o tempo vai dissipá-la… Enquanto isso, não posso deixar de dizer que não engulo alguns lugares comuns que preenchem as páginas dos jornais, as músicas nos elevadores, as paredes dos prédios.
“Futebol é assim mesmo! É o único esporte onde nem sempre o melhor vence!”
“Jogaram muito melhor que o adversário. Só faltou o gol, foi um detalhe”
“Foi injusto. Jogaram melhor, mas deixamos escapar a vitória no final…”
Ora, bolas!
Qual é a razão do esporte? Numa palavra: vencer.
O futebol é esporte? É.
Qual a razão do futebol, então? Vencer.
Como é que se vence no futebol? Fazendo mais gols que o adversário.
Qual é o momento mais esperado do jogo? O do gol.
Então, gente, gol não é detalhe, não é um capricho de preciosistas. É a condição para se alcançar o objetivo desse esporte criado pelos bretões. Jogar melhor e não vencer viola as regras mais lógicas. Como é possível ser superior sem sobrepujar o oponente? Não existe, não funciona, não é. Trata-se de retórica, de discurso de resignação, de autopiedade. Muita gente embarca na história porque o raciocínio tem um toque místico, que desestabiliza a razão, a lógica, o senso.
Daí que também não existe injustiça nesse caso. Se não fez o gol que demarcaria ser mais que o rival, por que seria justo que o time fosse o vencedor? Apenas por belas jogadas? Apenas pela criatividade? É pouco. Claro que adoro ver futebol bem jogado, quem não gosta? Mas belos passes que não geram gols são, esses sim, detalhes que não desaguaram no que vai diferenciar uma equipe da outra. Não é só pragmatismo; é realismo. As regras são conhecidas por todos desde o apito inicial. Tem que fazer mais gols do que o outro. Senão não tem vitória. Está aí uma das diferenças entre jogar futebol – profissionalmente – e jogar bola – por prazer, sem compromissos maiores.
a imagem do dia…
Não, não foi a derrota da seleção brasileira para a paraguaia na Copa América. Mas tem a ver com futebol.
Vejam só o que o presidente dos Estados Unidos estava fazendo:

Isso mesmo! Barack Obama estava vendo a final da Copa do Mundo de futebol feminino!
Dois erros fatais: 1. Chamou a patroa e a criançada pra ver a partida e nem pediu para elas colocarem um chinelinho. Vai pegar friagem! 2. Dá uma olhadinha na mesa lá atrás. Viu?! Tá cheio de trabalho acumulado e ele matando o tempo ali. Ô, presidente, o povo americano tá aflito com a aprovação de um novo limite de endividamento público…
O pior de tudo é que a seleção do presidente (também) perdeu. A foto não mostra, mas Barack Obama também está descalço e sem meias. Pé frio que nem Mick Jagger.
para onde vão os leitores?
Depois do escândalo das escutas ilegais e do rastro de derrapadas éticas, o News of the World fechou as portas no domingo com uma primeira página oscilante. É um adeus ou um até logo? Mais importante que responder isso agora é tentar saber para onde vão os 7,5 milhões de leitores do dominical.
A questão é: quando um jornal deixa de circular, para onde correm seus “leais leitores”?
Alguém se habilita a responder?
the end of the world
É assim. Você é bilionário, tem um punhado de jornais como quem tem uma porção de bazares. Aí, você usa um deles pra fazer um pouco de serviço sujo, como escutas ilegais, chantagem, manipulação e distorção. Quando descobrem, você simplesmente se livra do problema, fechando o jornal, demitindo todo o mundo… Claro que com essa história, literalmente, Rupert Murdoch provoca o fim do World…
jornal nacional escorregou duas vezes no frio
A edição de ontem do Jornal Nacional cometeu dois deslizes ontem na reportagem sobre o frio no sul do país. Um deles foi logístico: escalou repórter do Rio Grande do Sul pra fazer a matéria. Com isso, apareceram imagens de Gramado, como se apenas lá tivéssemos temperaturas glaciais. Na narração da repórter, o público é informado que a temperatura mais baixa nem foi lá – foi em Santa Catarina – e no estado vizinho – Santa Catarina, again – seis cidades tiveram neve. O erro foi logístico pois havia matérias da RBS – filiada à Globo – sobre a geladeira aberta por aqui.
O segundo erro foi um lapso. A repórter acima citada, confundiu a cidade e rebatizou Urubici, a cidade mais fria do país. William Bonner apressou-se a corrigir…





