com criança pode?

Só hoje assisti ao vídeo em que José Genoino “fala” ao CQC, transmitido na segunda passada, 25. E confesso: pensei três, quatro vezes se escreveria sobre isso. Na verdade, me fez mal o que vi. Fiquei incomodado. Não com o cerco que os personagens do programa fazem aos políticos em Brasília, nem com a pegação de pé habitual com Genoino. Duas coisas me chamaram a atenção no vídeo: a gana do CQC Mauricio Meireles para humilhar o deputado e a cilada que armou para que Genoino respondesse ao programa.

Eu poderia descrever, mas é melhor ver com os próprios olhos:

Viu? Pois é, não vou discutir se Genoino é corrupto ou não. Fato é que ele foi condenado pelo STF pelo escândalo do Mensalão. Outro fato que também não pode ser ignorado é a sua biografia na vida política nacional. Mas, como disse, não vou entrar nessa polêmica. Só vou me prender aos dois aspectos que me causaram mal estar ao ver o vídeo. E para isso vou lançar perguntas ao léu, que você – leitor – pode se atrever a responder ou não…

– é correto ensaiar uma criança para repetir perguntas capciosas para alguém?

– é certo que o seu pai filme uma conversa em ambiente privado – um gabinete – para tentar “flagrar” algum deslize do político?

– a criança em questão sabia o que estava fazendo? se não sabia, de quem é a responsabilidade por aquilo?

– o homem que a acompanhava era mesmo seu pai?

– durante meses, o CQC tentou arrancar declarações de Genoíno e sempre em ambientes públicos. É legítimo que se valha de uma troca de palavras em ambiente privado para fazer tanto alarde?

– o CQC precisava usar uma criança para ter esse efeito?

– a frase de Genoíno – de que o PSDB tinha “lábia” e por isso não saía o julgamento do Mensalão tucano – era alguma confissão de culpa ou algo que o incriminasse?

– o CQC é um programa jornalístico ou humorístico?

– se o CQC for um programa jornalístico, quem é o diretor responsável que deveria responder por eventual uso indevido de um menor no vídeo?

– se for um programa jornalístico, o CQC se baseia em que princípios jornalísticos? E quais princípios éticos?

– se for um programa humorístico, o CQC deve ter limites? Quais?

– pode-se discutir limites de programas humorísticos sem despencarmos para a velha discussão sobre censura?

– programas humorísticos transmitidos pela TV aberta também se enquadram no que dizem a Constituição Federal, a legislação sobre radiodifusão pública e o Estatuto da Criança e do Adolescente?

– a declaração de Genoíno traz algo de novo (jornalisticamente falando) ao caso do Mensalão ou a qualquer outro?

– pegadinha é um recurso jornalístico?

– pegação no pé é uma técnica jornalística?

– usar uma criança para armar uma arapuca com alguém (quem quer que seja!) é engraçado?

– onde está a graça em humilhar e ofender as pessoas, mesmo as condenadas na justiça?

– até onde pode-se ir na tv brasileira?

Sim, isso tudo me embrulhou o estômago…

2 comentários em “com criança pode?

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